A alta de 1% na taxa Selic gerou uma dívida de R$ 38 bilhões, o que equivale a quase três vezes o custo do programa Bolsa Família. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, em janeiro de 2023, o benefício foi pago a 21,9 milhões de famílias, com um custo total de R$ 13,38 bilhões.
Além disso, os R$ 38 bilhões são suficientes para cobrir quatro vezes o orçamento do Minha Casa, Minha Vida e até mesmo o orçamento mínimo para o Sistema Único de Saúde (SUS). Desde que Roberto Campos Neto foi eleito presidente do Banco Central, a taxa de juros aumentou 11,75%. O impacto na dívida líquida do setor público, segundo o economista Márcio Pochmann, foi de R$ 446,5 bilhões.
O aumento da taxa de juros é considerado ineficaz contra a inflação e bloqueia o investimento. De acordo com o economista André Lara Rezende, ao retirar dinheiro dos investimentos sociais e da expansão da capacidade produtiva do país, o Banco Central privilegia o rentismo, ou seja, os super ricos que detêm títulos da dívida pública. Com juros mais altos, aumentam os lucros dessas pessoas, prejudicando a população mais vulnerável que carece de investimentos sociais.
Em síntese, a alta da taxa Selic tem um impacto significativo na economia e prejudica a população mais vulnerável, enquanto favorece o rentismo. É preciso haver uma discussão mais ampla sobre os juros praticados no país e suas consequências na vida das pessoas.
No entanto, esse lado da moeda a Globo não mostra. Nem os demais jornalões da velha mídia corporativa. Incrivelmente, os veículos de comunicação no Brasil são a longa manus dos banqueiros e especuladores, contra os interesses da nação.
Na terça-feira, dia 14/2, bancários do Rio de Janeiro irão fazer um protesto contra a falsa autonomia do Banco Central e os juros pornográficos contrários à economia popular. Mas essa manifestação a Globo também não vai mostrar e se mostrar, com certeza, irá deturpar a justa reivindicação.
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.