O economista britânico John Maynard Keynes era realista ao dizer que “a longo prazo todos nós estaremos mortos“. É disso que tratam as novas regras fiscais anunciadas nesta quinta-feira (30/3) pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad. Se coisa boa fosse, com certeza, teria nesse lançamento a participação presencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Haddad, há uma promessa de redução de juros no futuro com o cumprimento das metas de resultado primário, sem criar novos impostos ou aumentar as alíquotas atuais, a partir da revisão geral dos incentivos fiscais. Na ditadura, Delfim Netto também prometeu “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo”. O bolo cresceu, mas ele nunca foi dividido com os trabalhadores brasileiros.
Voltemos às regras fiscais de Haddad. A confirmação dessa política de austeridade pode levar a um austericídio, uma vez que afeta diretamente a população, inclusive levando à morte [literal] em alguns casos.
Enquanto o ministro da Fazenda fazia a exposição sobre a “âncora fiscal”, prometendo redução de juros para o futuro, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmava em entrevista ao Valor Econômico que “se fosse cumprir a meta de inflação em 2023, teria que ter juro de 26,5%” e alegou que a instituição está buscando “um processo de suavização” no cumprimento da meta.
O ex-governador do Paraná, Roberto Requião (PT), espécie de “grilo falante” lulista na economia criticou as propostas de Haddad. “Nada de novo. A continuidade da política fiscalista de [Paulo] Guedes. A meu ver o austericídio. A política fiscal jogada com violência. O Brasil precisa de uma arrancada. De certa forma é uma justificativa dos juros altos. Conversa mole”, disse ele. “A política de Haddad agrada a todos, menos ao povo”, completou ele em um podcast.
Também a bombordo do governo, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), voltou a pedir a demissão do presidente e dos diretores do Banco Central por insuficiência no exercício dos respectivos mandatos. Ela alega que eles não conseguiram “assegurar a estabilidade de preços” nem conter a inflação que “estoura a meta” pelo terceiro ano consecutivo.
Aqui você ouve o podcast de Requião:
Aqui você vê Gleisi Hoffmann pedindo a demissão do presidente do BC:
Aqui está a coletiva de imprensa (30/3):
Aqui você pode ler a íntegra da apresentação do arcabouço fiscal:
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Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.