Greve dos professores nas universidades estaduais é censurada na velha mídia paranaense; leia carta aberta aos deputados estaduais

No Paraná, há uma ordem de silêncio na velha mídia corporativa sobre três temas fundamentais: 1) greve dos professores nas universidades estauais; 2- privatização da Copel; e 3) privatização de escolas da educação básica. No entanto, neste texto vamos focar a questão nas instituições ensino superior.

Nesta semana, representantes dos Comandos de Greve da UEL, UENP e outras cinco universidades estaduais do Paraná estiveram em Curitiba, buscando apoio político dos deputados da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O objetivo é reivindicar a reposição integral das perdas salariais e mudanças no plano de carreira, demandas históricas que foram apresentadas à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI).

A importância do sistema de ensino superior público estadual para o desenvolvimento econômico e social do Paraná é indiscutível. As sete universidades, reconhecidas internacionalmente pela qualidade de ensino e pesquisa, abrangem mais de 102 mil pessoas entre estudantes, docentes e servidores. Essas instituições oferecem formação qualificada a mais de noventa mil estudantes, e mais de 90% dos profissionais formados por elas atuam no próprio estado, impulsionando a economia paranaense.

Além disso, as universidades estaduais do Paraná desempenham um papel fundamental na prestação de serviços essenciais à comunidade, por meio de hospitais universitários, clínicas odontológicas, colégios de aplicação, escritórios jurídicos e inúmeros projetos de extensão. Estudos revelam que os investimentos no ensino superior público têm retornos significativos para a economia regional e estadual, impulsionando o crescimento e atraindo investimentos.

No entanto, nos últimos anos, os docentes das universidades estaduais têm enfrentado uma política de desvalorização por parte do governo do estado, afetando suas condições de trabalho e qualidade de vida. A defasagem salarial é uma das principais consequências dessa situação, com os salários perdendo cerca de 42% do poder de compra desde 2016. Em comparação, outros poderes, como o Judiciário e o Legislativo, apresentam defasagem muito menor em seus salários.

Além do arrocho salarial, os docentes também sofrem com a sobrecarga de trabalho, decorrente de mudanças estruturais nas universidades, burocracia e exigências crescentes na carreira. Essa desvalorização compromete não apenas o desempenho profissional, mas também a saúde dos professores, que frequentemente se veem realizando trabalho além da carga horária regular e sacrificando seu tempo de descanso.

Economia

Diante desse cenário, a greve dos professores busca chamar a atenção para a necessidade urgente de reposição integral das perdas salariais e mudanças no plano de carreira. A carta aberta enviada aos deputados da Alep destaca a importância da valorização dos docentes para o bom desempenho das universidades públicas paranaenses, ressaltando que mais de 62% dos professores possuem doutorado, sendo os mais qualificados do ensino superior do estado.

Os professores estão empenhados em defender as universidades públicas do Paraná, reconhecendo que essa luta contribui para o progresso, a justiça social e o crescimento econômico do estado. Eles pedem o apoio dos deputados para que suas reivindicações sejam atendidas, visando a valorização da carreira docente e o fortalecimento do ensino, pesquisa e extensão nas universidades estaduais.

A greve dos professores das universidades estaduais do Paraná é um movimento legítimo e necessário para garantir a qualidade do ensino superior público no estado. É preciso reconhecer a importância desses profissionais e atender suas demandas por valorização salarial e mudanças no plano de carreira. Acesse o Blog do Esmael para ler a carta aberta aos deputados e saber mais sobre essa mobilização em defesa do ensino público de excelência.

COMANDO SINDICAL DOCENTE (CSD)

CARTA ABERTA DOS DOCENTES DAS UNIVERSIDADES AOS DEPUTADOS E DEPUTADAS DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO PARANÁ

Prezado/a Deputado/a,

Como é de conhecimento de todo/as, um dos diferenciais do estado do Paraná – inclusive, um dos principais motivos pelo seu desenvolvimento econômico e social – é a existência de um sistema de ensino superior público estadual amplo e consolidado, com universidades que deram e dão relevante contribuição científica e humanista ao estado e ao país. Inclusive, algumas delas são geralmente citadas pela consultoria britânica Times Higher Education (THE) entre as melhores instituições de ensino superior do mundo.

Distribuídas pelas principais regiões do Estado, as sete universidades constituem uma comunidade com mais de 102 mil pessoas entre estudantes, docentes e servidores. Nelas, mais de noventa mil estudantes têm a oportunidade de formação qualificada, sendo que mais de 90% da mão-de-obra formada pelas universidades estaduais reside e atua no Paraná, contribuindo diretamente para expansão econômica do estado.

As universidades paranaenses também se destacam na prestação de serviços essenciais às suas comunidades, com seus hospitais universitários e veterinários, clínicas odontológicas, colégios de aplicação, escritórios jurídicos, além de centenas de projetos de extensão. Não bastasse isso, estudos demonstram que os recursos investidos no ensino superior público retornam multiplicados para a economia regional e estadual, pois as universidades movimentam a economia e, com as pesquisas em seus cursos de pós-graduação, são polos atratores de investimento de agências de fomento à pesquisa, e até mesmo de recursos internacionais.

No entanto, embora investimentos em infraestrutura sejam fundamentais para possibilitar o desenvolvimento do tripé, ensino, pesquisa e extensão nas universidades públicas, eles tornam-se ineficientes quando não acompanhados pela valorização da comunidade acadêmica, na qual o corpo docente tem um papel vital para seu bom desempenho. Boas universidades não se sustentam sem docentes valorizado/as. Destacamos que nas universidades públicas paranaenses estão os professores mais qualificados do ensino superior do Paraná, mais de 62% do atual quadro de docentes tem doutorado.

Nos últimos anos, porém, a política de desvalorização dos servidores públicos promovida pelo governo do estado tem afetado duramente as condições de trabalho e vida do/as docentes. Dentre os aspectos dessa desvalorização, o arrocho salarial é o mais pronunciado. Neste mês da data-base (maio), os salários já perderam em torno de 42% do seu poder de compra. Tal condição resulta em efeitos objetivos e subjetivos devastadores sobre esses trabalhadores, uma vez que afetam negativamente no seu desempenho profissional, colocando em risco a permanência de muitos profissionais experientes e qualificados nas universidades estaduais paranaenses.

Adicionalmente, provocam efeitos deletérios sobre a saúde dos docentes, que sentem a sobrecarga de trabalho imposta por intensas mudanças de estrutura das universidades, atrelada a imensa burocracia e ampliação das exigências na carreira, resultando em trabalhos que são realizados além da carga horária regular e muitas vezes nas horas de descanso.

Sobre essa desvalorização, há tanto exemplos absolutos quanto comparativos. Em termos absolutos, com ínfimas reposições em 2020 (2%) e 2022 (3%), os salários dos docentes e agentes universitários acumulam 42% de defasagem desde 2016. Em termos de comparação, no mesmo período, a defasagem do Judiciário, MP e TCE é de 4,18%; do Legislativo, 8,17%.

Reprodução: Carta Aberta dos Docentes.

Acrescente ainda a desvalorização da própria carreira, pois os nossos docentes estão entre os poucos servidores do estado que não contam com auxílios alimentação, moradia ou transporte. Nem sequer foi paga a dívida de 3,39%, referente à data-base de 2017. Além disso, é inadmissível que após estes sete anos o governo do estado apresente um índice de apenas 5.79% para nossa reposição e fora do mês da data-base (adiando de maio para agosto).

Gostaríamos, então, de contar com o seu apoio em prol de nossa reivindicação pela reposição integral das perdas salariais e, também, por mudanças no nosso plano de carreira conforme as nossas reivindicações históricas já devidamente informadas à SETI.

Por fim, é urgente retomarmos a defesa coletiva das Universidades Publicas do Paraná, sabendo que esta bandeira contribuirá para o progresso, a justiça social e o crescimento econômico do estado. E, para isso, os docentes são os sujeitos por meio dos quais ocorre a materialização do ensino, pesquisa e extensão nas universidades do estado.

Pela reposição salarial integral! Pela valorização da carreira docente!

Atenciosamente,

Comando Sindical Docente Adunicentro

– Sindicato dos Docentes da Unicentro

– Seção Sindical do Andes-SN Adunioeste

– Sindicato dos Docentes da Unioeste

– Seção Sindical do Andes-SN Sesduem

– Seção Sindical dos Docentes da UEM Sindiprol/Aduel

– Seção Sindical dos Docentes da UEL e da UENP Sinduepg

– Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa Sindunespar

– Seção Sindical dos Docentes da Universidade Estadual do Paraná

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2 Respostas para “Greve dos professores nas universidades estaduais é censurada na velha mídia paranaense; leia carta aberta aos deputados estaduais”

  1. Estão corretíssimos os docentes das Universidades Estaduais, o Govêrno do Ratinho, é um govêrno que está gastando muito na mídia, e o governador é muito mentiroso, pois é apoiado pelos Bolsonaristas, e está gastando muito dinheiro com viagens ao exterior, ele diz que está vendendo ao exrerior, eu acho que, para vender para outros países, é óbra do governo federal. Seu govêrno, a maior taxa de icms do Brasil, Copel, a maior tarifa do Brasil, a Sanepar, ídem.órgaos públicos do PR., as maiores taxas do Brasil, o Ipva, a a maior taxa do Brasil. Onde está indo todo êsse dinheiro?, Detran e órgaos públicos, as maiores taxas do Brasi. Se eu continuar, vou escrefver centenas de páginas. ARI MAINARDES.

  2. O (des)governo do Rato quer desmontar a educação pública. Então patrocina o estrangulamento das universidades e escolas… Infelizmente, o (des)governador é um “operário da EAD – educação à distância”? O desmonte da educação feito pelo Rato só serve aos empresários que ganham lucros polpudos vendendo tecnologias da educação ao próprio governo: tecnologias que tenta substituir o papel fundamental dos professores para a educação pública, gratuita e de qualidade…

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