Gabriel Boric tenta se diferenciar dos demais líderes latino-americanos em Bruxelas e exige postura mais firme contra a Rússia
O presidente chileno, Gabriel Boric, se desgarrou dos demais líderes latino-americanos durante a cúpula entre a União Europeia e os países da América Latina e do Caribe, em Bruxelas.
Em seu discurso perante os dirigentes, ele enfatizou a necessidade de reconhecer a agressão da Rússia contra a Ucrânia e alertou para a possibilidade de qualquer um deles enfrentar a mesma situação no futuro.
A título de comparação, Boric adotou um tom diferente de seus colegas latino-americanos Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Alberto Fernández (Argentina).
Lula, por exemplo, condenou a guerra na Ucrânia e ostentou a bandeira da paz na cúpula da Celac com a União Europeia.
No evento, Boric lamentou o bloqueio da declaração conjunta entre os 27 líderes europeus e os 33 líderes latino-americanos, causado pela recusa de alguns em reconhecer que a guerra é “contra” a Ucrânia e não “no” país europeu.
Essa questão tem mantido o consenso estagnado enquanto aguardam a cedência dos países reticentes, como Cuba, Venezuela e Nicarágua, para que as conclusões possam ser publicadas.
O presidente chileno ressaltou a importância de manifestar claramente o desrespeito da Rússia pelo direito internacional e enfatizou a necessidade de avançar com um acordo que fortaleça a relação entre os blocos europeu e latino-americano.
Além disso, Boric enfatizou a igualdade entre Europa e América Latina e Caribe, destacando a importância de dois princípios fundamentais: o respeito irrestrito aos direitos humanos como um avanço civilizatório, independentemente da orientação política do governo, e o respeito irrestrito ao direito internacional.
A postura de Boric em defesa da Ucrânia e condenação da Rússia contrasta com a visão mais neutra de alguns governos latino-americanos em relação ao conflito europeu.
Enquanto a União Europeia buscava uma redação mais incisiva sobre a guerra, alguns líderes latino-americanos argumentaram que a discussão deveria ser realizada em fóruns mais relevantes e não se tornar um campo de batalha inútil durante a cúpula.
Apesar das divergências e sua postura pró-Estados Unidos e Europa na cúpula, a vitória de Gabriel Boric nas eleições presidenciais do Chile – ocorrida há dois anos – na época despertaram elogios de líderes latino-americanos, como Luiz Inácio Lula da Silva, Alberto Fernández, Luis Arce, Pedro Castillo, Nicolás Maduro e Andrés Manuel López Obrador, que ressaltaram a importância da vitória de um candidato democrático e progressista na região.
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