O Paraná enfrenta queda no nível de confiabilidade do serviço elétrico desde que a Copel foi transformada em empresa de capital disperso em agosto de 2023. Parlamentares da oposição na ALEP questionam quantas equipes de religamento existiam antes da privatização e quantas existem hoje, e alertam para possível fragilização das operações de resposta em sinistros ou eventos climáticos extremos.
Em 24 de novembro de 2022 a ALEP aprovou, por 36 votos a 13, o projeto que autorizava o Estado a reduzir sua participação na Copel para até 15% do capital social total e 10% dos votos. O processo culminou no leilão de ações em 14 de agosto de 2023, quando o governo arrecadou cerca de R$ 5,1 bilhões. Após a mudança de controle, a oposição, hoje liderada pelo deputado Arilson Chiorato (PT), tem denunciado que a qualidade da distribuição piorou.
Relatórios do sindicato dos engenheiros do Paraná apontam que o número de interrupções emergenciais subiu de cerca de 27.355 em setembro de 2022 para 31 mil em 2023, com aumento expressivo no tempo médio de atendimento: de 137 minutos para 230 minutos entre setembro/2022 e setembro/2023.
Em outubro passado o Blog do Esmael já havia tratado de apagões que afetaram mais de 1 milhão de consumidores e que foram vinculados à fragilidade da estrutura da Copel após privatização.
Os deputados de oposição na ALEP alegam que o número de equipes de religamento e manutenção da rede está menor do que antes da privatização, o que explicaria a demora no restabelecimento após tempestades ou sinistros climáticos.
Os parlamentares oposicionistas querem que a Copel informe com precisão o número de equipes existentes “antes da privatização” e o número atual “depois da privatização“.

Exemplo recente: em 3 de novembro de 2025 a Copel informou que trabalha com cerca de 2.500 profissionais de obras e manutenção para religamento de 16.800 unidades consumidoras após temporais.
Mas não há cotejo oficial com dados anteriores à privatização em escala estadual.
A oposição exige que a empresa ou o regulador (Agência Nacional de Energia Elétrica) divulguem comparativo detalhado para avaliar o impacto da mudança de controle.
Consumidores e setores produtivos reclamam repetidamente de energia oscilando ou sendo cortada por longos períodos. Produtores rurais relatam prejuízos com equipamentos danificados ou produção interrompida.
Em audiência pública na ALEP, o líder da oposição afirmou:
“O que ficou claro é que não foi só o clima responsável pela falta de luz. A ausência de manutenção, de investimento em infraestrutura e em profissionais qualificados após a privatização… contribuiu para a demora.”
Por sua vez, a Copel alega que muitos desligamentos são provocados por intempéries (ciclones, ventos fortes) e que mantém equipes mobilizadas, mas admite que a escala de eventos climáticos no Paraná tem sido elevada.
Há fatores que dificultam a transparência:
- A Copel, como companhia privada, não é mais plenamente obrigada a divulgar separadamente todas as métricas de equipes de campo antes–depois.
- O regulador Aneel publica indicadores de interrupções e tempos médios de atendimento, mas não necessariamente número de equipes ativas na operação.
- A própria oposição afirma que a documentação internamente da Copel (efetivo, terceirizadas, equipes de religamento) está fragmentada ou em “decantação” após a privatização.
A falta de clareza sobre o número de equipes de religamento antes e depois da privatização da Copel impede avaliação precisa, mas os indicadores de interrupção de energia, reclamações de usuários e denúncias da oposição compõem um quadro preocupante.
A crítica de que “privatiza que piora”, expressão usada por parlamentares, ganha corpo diante dos dados. A população paranaense exige que, se o controle agora for privado, o serviço não apenas mantenha o nível anterior, mas o supere.

A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) afirmou que a Copel, após a privatização, demonstra incapacidade operacional diante das fortes chuvas que atingiram 25 municípios e afetaram mais de 8 mil pessoas no estado.
Segundo a parlamentar, pequenos agricultores enfrentam sucessivas interrupções no fornecimento de energia e longas horas de espera pelo religamento. “A Copel privatizada mostra sua ineficiência. A empresa não dá conta de atender às emergências no Paraná”, disse ela, que acompanha o drama de produtores rurais prejudicados pelas quedas de luz.
Um consumidor da Copel relatou o impacto direto das falhas no interior: “Estou há quatro dias sem energia e sem água, porque meu poço artesiano parou. Tenho propriedade rural e, além disso, um poste com cabos de alta tensão caiu em frente à minha casa, dentro de uma área alagada. Até agora, ignoram a situação e o risco.”
É urgente que a Copel e o Estado do Paraná publiquem um relatório comparativo detalhado de estrutura-operacional, investimento e quadro de equipes. Sem isso, o risco é que a tarifa paga pelo consumidor continue aumentando e o serviço fique mais frágil.
Intervenção legislativa, auditoria independente e controle social devem seguir como vias obrigatórias.
Se você encontrou relatos ou documentos que indicam efetivo antes/depois da privatização, envie ao Blog do Esmael para ampliarmos o monitoramento.


Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






