Fake news de Bolsonaro usava indevidamente até CPF de velhinhos, revela Folha

Reportagem da Folha, deste domingo, revela que o submundo das fake news que ajudaram a eleger Jair Bolsonaro (PSL) usou até CPF de velhinhos para disparar mensagens via o aplicativo WhatsApp.

Segundo uma fonte do jornal paulistano, autora de uma ação trabalhista, as empresas que prestavam serviço à campanha do capitão reformado do Exército cadastravam chip de celulares para efetuar disparos de fake news utilizando nomes, CPFs e data de nascimento de pessoas que ignoravam que seus dados estavam sendo usados.

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A Folha conta que recebeu de Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da Yacoms, empresa especializada em marketing digital, uma lista com 10 mil nomes de velhinhos usados na fraude eleitoral (pessoas nascidas entre 1932 e 1953), qual seja, pessoas com idade entre 65 e 86 anos, que eram transformadas em “robôs” nos disparados de fake news contra o PT e o candidato Fernando Haddad.

Quando um cidadão comum compra um chip de telefone, as operadoras de teles exigem um CPF válido por força da lei. No caso das empresas de fake news, elas fraudaram esta regra durante a campanha eleitoral para beneficiar Bolsonaro e outras candidaturas a governador e deputado, de acordo com a reportagem da Folha.

A Anatel (Agência Nacional de Telefonia) afirma que, se comprovada a fraude, os autores cometeram crime de falsa identidade previsto no art. 307 do Código Penal Brasileiro:

Economia

“Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.”

A excelente reportagem da Folha foi produzida a quatro mãos, isto é, por Patrícia Campos Mello — a mesma que explodiu o caixa dois na campanha de Jair Bolsonaro — e Artur Rodrigues.