EUA mostram que pequenas cidades estão pagando o preço da crise da água, enquanto empresas lucram com a privatização

A crise da água em Jackson, Mississipi, em 2021, deixou mais de 150 mil pessoas sem água potável, revelando um cenário desolador de torneiras secas e água barrenta. Uma investigação do jornal The New York Times desvendou as complexidades desse desastre, destacando como grandes corporações lucraram enquanto pequenas cidades pagaram o preço.

Essa discussão nos Estados Unidos suscita preocupações com a privatização da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) e outras tantas empresa públicas de água e esgoto no Brasil.

No Paraná, a Sanepar iniciou um processo de privatização em parte de sua rede de coleta de esgoto, seguindo mudanças no Marco do Saneamento Básico em 2023. Essa decisão levanta questões sobre os impactos na eficiência do serviço e nas tarifas, uma vez que privatizações podem gerar preocupações sobre a exclusão de alguns setores da população e aumento de custos.

Dito isso, no inverno de 2021, a população de Jackson enfrentou a falta de água, com torneiras secas e água imprópria para o consumo. A Siemens, uma gigante corporação alemã, entrou em cena em 2010, prometendo modernizar os medidores de água e revitalizar o sistema. No entanto, a promessa ousada se transformou em um desastre financeiro.

Siemens, conhecida por suas construções de usinas e trens de alta velocidade, falhou em entregar. Medidores defeituosos resultaram em contas de água imprecisas e impossíveis de serem cobradas. Após devolver os R$450 milhões pagos pelo projeto, a Siemens deixou Jackson com prejuízos superiores a R$2,3 bilhões, contribuindo para a federalização do sistema de água em dezembro de 2022.

Governador Tarcísio de Freitas, sob protestos, privatizou a água em São Paulo.

Além dos danos em Jackson, a crise reverberou em pequenas cidades vizinhas. A dívida acumulada e os recursos perdidos impactaram negativamente as comunidades locais, evidenciando como decisões corporativas podem repercutir em níveis alarmantes.

Economia

Líderes locais e estaduais apontaram culpados tradicionais, desde vazamentos negligenciados até a falta de pagamento dos clientes. As autoridades municipais responsabilizaram a Siemens por promessas não cumpridas, enquanto os líderes estaduais, em sua maioria brancos e republicanos, foram acusados de privar a cidade, majoritariamente negra e democrata, de recursos essenciais.

Enquanto Jackson se esforça para se recuperar, é crucial aprender com os erros passados. A gestão de projetos envolvendo empresas privadas deve ser mais cuidadosa, priorizando a transparência e a garantia de resultados tangíveis. Este episódio ressalta a importância de regulamentações eficazes e supervisão rigorosa para evitar que promessas ousadas se transformem em pesadelos financeiros.

A crise da água em Jackson, Mississipi, serve como um alerta sobre os perigos quando grandes corporações não cumprem suas promessas. O Blog do Esmael destaca a necessidade de uma abordagem mais crítica na implementação de projetos vitais para as comunidades, garantindo que o interesse público esteja sempre à frente do lucro corporativo.

Analisando casos globais, diversos países reconsideraram a privatização de serviços de água. Entre 2000 e 2015, 235 casos de remunicipalização foram identificados em 37 países, abrangendo sistemas de água. Exemplos incluem os Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, onde cidades reestatizaram serviços de abastecimento e tratamento de água.

Portanto, o governante que voltar atrás de uma privatização mal-sucedida é menos feio e menos grave do que deixar consumidores com as torneiras secas [alô, Ratinho Júnior, governador do Paraná! Alô, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo!]. Horrível mesmo é agir em conluio com empresas privadas que buscam o lucro a qualquer custo – com tarifas abusivas e proibitivas.

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