Estadão critica Secom em meio a anúncio do BNDES no portal

O jornal O Estado de S. Paulo publicou uma reportagem crítica ao ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, enquanto exibia, na mesma página, um vistoso anúncio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), presidido por Aloizio Mercadante. A coincidência ilustra o jogo duplo da grande imprensa: atacar o governo Lula em manchetes e, ao mesmo tempo, lucrar com a publicidade oficial de estatais federais.

A reportagem do Estadão mirava Sidônio, responsável pela comunicação do governo, mas o portal ostentava um banner do BNDES com o slogan “Quando o Brasil cresce, todos crescem”. O detalhe chamou atenção justamente por expor o paradoxo entre o discurso editorial e a receita publicitária que sustenta parte da velha mídia.

Nos bastidores, o caso reacendeu o debate sobre coerência e seletividade de parte da imprensa. Mercadante, dirigente histórico do PT e expoente da ala paulista do partido, expõe as contradições dentro do próprio Palácio do Planalto, sobretudo com a ala mais desenvolvimentista formada por baianos e paranaenses.

A verdade é que Estadão, Globo, Folha, Veja e congêneres não dependem exclusivamente da publicidade oficial, mas continuam abocanhando a maior fatia das verbas federais. São empresas com interesses cruzados — seja no mercado financeiro, seja em setores estratégicos da economia — que reproduzem a agenda dos oligarcas da Faria Lima.

O episódio também revela o caráter democrático do governo Lula, que, mesmo sob ataques diários desses conglomerados, mantém contratos de publicidade em veículos historicamente hostis. O Palácio do Planalto segue destinando recursos também aos que torcem abertamente pelo virtual candidato da elite econômica, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), provável nome da direita em 2026.

Lula, ao contrário de seus antecessores liberais e autoritários, preserva um modelo republicano de comunicação, sem retaliações, mesmo diante do bombardeio político-midiático. Ainda assim, a Secom enfrenta o desafio de romper a concentração estrutural da verba pública nas mãos da velha imprensa e fortalecer veículos realmente independentes e regionais.

O caso do Estadão é emblemático: critica o governo de que se beneficia, posa de fiscal da moralidade e ignora o próprio espelho.

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