Espionagem política com sexo, drogas e rock’n roll no Centro Cívico de Curitiba

No Paraná, parece que o grampo foi suprapartidário – segundo deputados de oposição e situação

“Jesus, me abana!”, desabafou um deputado governista na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), diante dos rumores de que houve espionagem política com cenas de sexo, drogas e rock’n roll no Centro Cívico, em Curitiba, e demais localidades do Paraná.

Políticos de A a Zinco, ou seja, de todos os partidos, tanto de oposição quanto de situação, temem ter sido grampeados ilegalmente nos últimos anos para fins políticos e eleitorais.

“Quem foi grampeado pelo governo Ratinho Junior?”, questionou hoje (24/10) da tribuna o deputado Requião Filho (PT), líder da Oposição na ALEP.

Segundo o líder oposicionista, o governo Ratinho Jr. contratou o programa FirstMile, da empresa israelense Cognyte, mesmo software que, segundo investigações da Polícia Federal, teria sido utilizado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Bolsonaro (PL) para espionar ilegalmente políticos, membros do Judiciário, jornalistas e adversários.

De acordo com informações da PF, o software FirstMile teria capacidade de monitorar a geolocalização de até 10 mil celulares por um período de um ano.

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“Queremos saber se houve uso político desta ferramenta no Paraná”, exigiu o líder da Oposição, deputado Requião Filho.

O parlamentar explicou que o programa foi contratado pelo governo Ratinho Jr. em dezembro de 2019, a princípio para uso da Secretaria de Segurança Pública (Sesp).

Porém, segundo Requião Filho, em 2021, há indícios de que teria sido criada uma Diretoria de Inteligência, dentro da Controladoria Geral do Estado, órgão que assessora diretamente o governador, e que teria passado a ter acesso à ferramenta.

“Não questionamos aqui o uso de tecnologia para grampear, rastrear, acessar dados, com autorização judicial pela Polícia, que faz seu trabalho e se utiliza da tecnologia para fazer um trabalho inteligente e eficaz”, disse ele.

“Coloco em questionamento a criação de uma central de inteligência dentro da Controladoria do Estado, com capacidade de grampear pessoas sem autorização judicial”, alertou Requião Filho.

O deputado oposicionista afirmou que deverá apresentar nos próximos dias questionamentos oficiais ao governo sobre o caso, via Lei de Acesso à Informação ou Pedido de Informações na Assembleia Legislativa.

“Considerando os indícios, queremos saber: quem, quando, como, e por que foi monitorado ou grampeado aqui no Paraná? Teriam sido grampeados deputados de oposição? Juízes, promotores, atores políticos que discordaram em algum momento do governo? Quando, na mão da Polícia, uma ferramenta desta é utilizada para grampear investigados. Quando, na mão do gabinete do governador, na Controladoria Geral do Estado, ela pode ter sido usada para fins políticos, como há indícios que foi usada para fins políticos no governo Bolsonaro. Queremos uma investigação séria sobre isso”.

Vice-líder da Oposição e presidente do PT Paraná, o deputado Arilson Chiorato reforçou os questionamentos.

“Temos fatos nacionais que indicam uso de um sistema espião com finalidade política. Uma ferramenta da segurança pública foi usada para a política bolsonarista de espionagem. Queremos informações de quem contratou, quem operou, como foi pago, e quem teve acesso. Se tiver envolvido atores políticos, autoridades do judiciário, jornalistas, temos que tomar providências. Não podemos permitir que as fórmulas negativas do bolsonarismo sejam praticadas no Paraná”, afirmou Chiorato.

No Centro Cívico, informalmente, há uma bolsa de apostas sobre quem foi e quem não foi grampeado ilegalmente.

Para alguns parlamentares mais críticos ao Palácio Iguaçu, mesmo os da base governista, a suposta central de grampos justificaria o gelo que eles levaram nos últimos tempos.

“Caiu a ficha”, declarou ao Blog do Esmael um governista, que pediu para não ser identificado.

Eles desconfiam que pode haver mais do que “sexo, drogas e  Rock’n roll” nessas supostas espionagens.

“Jesus, me abana!”, repetiu o deputado governista, enquanto suava frio.

O Blog do Esmael acompanhará de perto o desenvolvimento dessa macabra história.

Sobre a “Divisão de Inteligência Governamental”

A Divisão de Inteligência Governamental (DIG) é uma unidade da Casa Militar do Governo do Paraná, responsável pela coleta, análise e disseminação de informações estratégicas para o governo estadual.

A DIG atua em duas frentes principais:

  • Inteligência de segurança pública: a DIG fornece informações para as forças de segurança do estado, auxiliando-as na prevenção e repressão ao crime.
  • Inteligência governamental: a DIG fornece informações para o governo estadual, auxiliando-o na tomada de decisões estratégicas.

A DIG é composta por agentes de inteligência com formação e experiência na área.

A unidade utiliza uma variedade de fontes de informação, incluindo:

  • Informação aberta: notícias, relatórios, artigos, etc.
  • Informação sigilosa: obtida por meio de investigações e operações de inteligência.

A DIG é um órgão essencial para a segurança pública e a governança do Paraná.

A unidade fornece informações que ajudam a proteger o estado de ameaças e a tomar decisões que beneficiam a população.

Algumas das atividades específicas da DIG incluem:

  • Coletar informações sobre ameaças internas e externas ao estado.
  • Analisar informações para identificar riscos e oportunidades.
  • Disseminar informações para os tomadores de decisão governamentais.
  • Atuar em parceria com as forças de segurança para prevenir e reprimir o crime.

A DIG é uma unidade sigilosa, e suas atividades são regulamentadas por lei.

A unidade não pode divulgar informações que possam comprometer a segurança do estado ou de seus cidadãos.

Conforme estabelece o Art. 19 do Regulamento da Casa Militar, aprovado pelo Decreto n. 2.680/2019, cabe à Divisão de Inteligência Governamental – DIG:

I – o planejamento, execução e controle das atividades de inteligência e contra – inteligência da Casa Militar;

II – o controle da documentação sigilosa distribuída à Casa Militar;

III – a apreciação da concessão de acesso aos sistemas informatizados controlados;

IV – a coordenação dos processos de classificação de grau de sigilo nos termos da legislação;

V – o assessoramento ao Chefe da Casa Militar na tomada de decisões, quanto à efetividade de ações estratégicas, tático – operacionais e de proteção do conhecimento;

VI – o planejamento, coordenação, execução dos serviços atinentes às realizações e prospecções na atividade de inteligência;

VII – o desenvolvimento de atividades de inteligência e segurança das informações voltadas para os setores estratégico, tático e de apoio à segurança institucional do Poder Executivo do Estado do Paraná;

VIII – a produção de conhecimento visando resguardar a segurança física e imagem institucional do Governador, Vice – Governador do Estado e de seus respectivos familiares, além de outros de interesse do Chefe do Poder Executivo;

IX – a realização da apreciação prévia de servidores estaduais, militares, civis ou comissionados, que estejam em vias de ser transferidos para a Casa Militar, indicando ou contra indicando;

X – a realização de diligências preliminares à abertura de processo administrativo, em atendimento a determinação do Chefe da Casa Militar;

XI – a integração de sistemas e subsistemas de inteligência nos diversos âmbitos e esferas de poder, e em outras estruturas análogas, mediante articulação do Chefe da Casa Militar, objetivando à produção de conhecimentos, nos âmbitos municipal, estadual e federal;

XII – o subsídio aos processos de licitação, contratos e convênios, ligados à responsabilidade da unidade, com a prestação de informações e emissão de atos necessário;

XIII – o desempenho de outras atividades correlatas.

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2 Respostas para “Espionagem política com sexo, drogas e rock’n roll no Centro Cívico de Curitiba”

  1. Infelizmente a CPI da Segurança o ano passado solicitada pelo Sidepol (Sindicato dos Delegados do PR), só
    teve 17 assinatiras, com mais uma , a Comissão Parlamentar de Inquérito traria a tona as mazelas da segurança. Inesplicavelmente 2 deputados retiraram suas assinatiras, sendo assim nada foi investigado.
    Mas nada como o tempo para coisas erradas aparecerem na gestão.
    Observo ainda, até deputados da base assinaram, em razão dos fundados argumentos do requerimento pedindo a CPI da Segurança.
    Delegado Simião
    Ex-Presidente de Sidepol.

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