Escândalo: Copel é privatizada na calada da noite; protesto nesta quarta no TCE-PR

Na calada desta noite de terça-feira, 8 de agosto de 2023, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) pode ter dado seu último suspiro após 70 anos como empresa pública.

A Copel teve sua privatização concluída em uma operação que movimentou R$ 5,2 bilhões, marcando um novo capítulo na história da empresa estatal que até então era controlada pelo governo do Paraná.

A transação de reserva foi definida pelo preço de R$ 8,25 por ação, refletindo um ágio de 5% em relação ao preço de referência estabelecido anteriormente.

Os compradores têm até sexta-feira, dia 11/8 para depositarem o dinheiro da compra.

A Frente Parlamentar em Defesa da Copel denunciou que o processo estava eivado de irregularidades insanáveis, que provocariam prejuízos de até R$ 6 bilhões ao Tesouro Nacional.

Independente da sorrateira venda, o movimento contrário à privatização realizará uma manifestação às 14h em frente ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR).

Economia

Líderes do PT paranaense, a exemplo do ex-governador Roberto Requião, esperavam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interviesse e revogasse um decreto que facilitou a venda da Copel. No entanto, a ajuda não veio.

“Setores do governo do Paraná esperam que Lula venha anunciar a venda da copel em parceria com o Ratinho [Júnior], tal qual fez com o pedágio”, disse Requião.

“A próxima privatização será o mar, o Canal da Galheta”, previu o ex-governador do Paraná.

“Não foi para isto que fiz o L!”, completou Requião.

Esta privatização atraiu o interesse de investidores estrangeiros e foi conduzida, segundo oponentes da venda da estatal, por suspeitíssimas instituições financeiras como o BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Morgan Stanley e UBS BB.

A operação contou com dois aspectos significativos, segundo os privatistas: uma parcela primária, envolvendo a emissão de novas ações da Copel, e uma parcela secundária, representando a venda de ações detidas pelo Estado do Paraná.

A oferta-base, inicialmente prevista em R$ 4,3 bilhões, considerando o preço de referência de R$ 7,85 por ação, foi ampliada em 15% caso o greenshoe fosse exercido, atingindo um total de R$ 4,95 bilhões.

Deste montante, R$ 1,9 bilhão serão direcionados para a Copel, fortalecendo o caixa da companhia para enfrentar investimentos já contratados e desafios futuros – ou seja, o próprio comprador terá esse reforço [desconto].

Os investidores demonstraram grande interesse pela “galinha morta”, com a oferta inicialmente 100% coberta por indicações preliminares de investidores locais e internacionais.

Essa demanda robusta permitiu a venda de todas as ações do lote suplementar, o que significou que o governo do Paraná embolsou R$ 3,16 bilhões e a Copel obteve R$ 2,04 bilhões, respectivamente.

A empresa planeja usar esses recursos para pagar o bônus de outorga relacionado à renovação das concessões das hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto de Caxias.

Ainda não se sabe se o Itaú ficará com parte desse dinheiro, a título de dívida do caso Banestado e acordo homologado pelo STF em abril.

A privatização da Copel também resultará em uma reconfiguração significativa do cenário acionário.

O Estado do Paraná, que antes detinha 69,7% do capital ordinário da empresa e 31% do total, agora possuirá cerca de 27% do capital com direito a voto e 15,6% do capital total.

Com o governo deixando o controle, a Copel se tornará uma full corporation. Outros acionistas, como o BNDES com 24% do capital, também verão sua participação diluída após a operação.

A privatização da Copel ainda não é um ponto pacífico no cenário do setor elétrico brasileiro, que vê resistência na desestatização ao passo que aumenta o risco de apagão em um futuro próximo.

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