Deslizamentos de terra e enchentes deixam 58 mortos em São Sebastião, Brasil, e governo busca soluções para famílias desabrigadas

O corpo de uma mulher foi encontrado no povoado Sahy, em São Sebastião, neste sábado (25/3), com o auxílio de um rastreador de sinal de celular. A descoberta elevou para 58 o número de mortos, sendo 57 em São Sebastião e um em Ubatuba, devido aos deslizamentos causados ​​pelas fortes chuvas.

A vítima ainda não foi identificada e as buscas continuam por sete pessoas desaparecidas.

O corpo de bombeiros do estado localizou o corpo após escavar quatro metros de profundidade, sendo este o terceiro corpo encontrado com o uso do aparelho.

A missão de busca e resgate de sobreviventes entrou em seu sétimo dia, com a maioria das vítimas encontradas no bairro Sahy.

O governo da cidade alertou para o risco de chuvas fortes e possíveis desastres, como deslizamentos de terra, inundações e desabamentos de edifícios nos próximos dias.

O corpo de bombeiros também está trabalhando para convencer os moradores em áreas de alto risco a evacuar suas casas. Segundo o último relatório, há 2.251 deslocados e 1.815 desabrigados, com a cidade fornecendo 19 abrigos.

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Houve permissão da Prefeitura

Já as mortes na Vila Sahy ocorreram no limite da área onde o município permitiu a ocupação, segundo informações de moradores, familiares das vítimas e equipes de resgate. A área é irregular porque está em uma zona de proteção ambiental, e a cidade “congelou a área” em 2009.

Foi estabelecido um perímetro, e dentro dele ninguém poderia ampliar as casas existentes, e fora dele ninguém poderia construir. Apesar disso, a expansão da área continuou e, de 2021 a 2023, fiscais da própria cidade identificaram casas dentro e fora da área congelada.

A tragédia ocorreu na madrugada de domingo, durante o Carnaval, e uma forte tempestade caía há várias horas. A Defesa Civil registra a maioria dos óbitos concentrados na Vila Sahy, área habitada por funcionários de casas de veraneio, hotéis e pousadas na praia de Barra do Sahy, do outro lado da rodovia Rio-Santos.

Ao menos 15 vítimas na área que margeia a linha congelada, e as imagens indicam que os deslizamentos e algumas das mortes ocorreram em uma área desfavorável à urbanização.

Na véspera da tragédia, apesar de estarem cientes do risco, as autoridades não alertaram adequadamente a população sobre a dimensão do perigo.

Alckmin visita São Sebastião

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) visitou hoje São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, para avaliar os estragos causados pelo recente temporal e discutir soluções para as famílias desabrigadas. Durante uma reunião na cidade, Alckmin mencionou que o governo federal está considerando a possibilidade de utilizar as moradias construídas pelo governo estadual em Bertioga para abrigar temporariamente as famílias desabrigadas de São Sebastião. Ele enfatizou que a habitação é uma das prioridades e que o governo federal irá ajudar com financiamento para a construção de moradias.

Alckmin explicou que existem cerca de 1.500 apartamentos prontos em Bertioga, que originalmente se destinam à Caixa Econômica Federal. Ele ressaltou que o terreno é do governo estadual e o Estado entrou com recursos da Casa Paulista para a construção das unidades. Ele disse que irá conversar com o prefeito de Bertioga e com a Caixa Econômica Federal para conceder parte dessas moradias às famílias de São Sebastião.

Alckmin também informou que o governo do estado de São Paulo publicou um decreto neste sábado para desapropriar um terreno privado em Lindeiro, ao lado da Vila Sahy, em São Sebastião. A região foi uma das mais atingidas pelo temporal do final de semana passado, que deixou ao menos 54 mortos. O governo estadual quer regularizar a área interna do terreno em Zona de Interesse Social e o governo federal irá auxiliar com recursos para a construção de moradias.

O vice-presidente visitou o navio-aeródromo multipropósito Atlântico, que está ancorado no cais de São Sebastião, e participou de uma reunião de trabalho organizada pelo prefeito Felipe Augusto, juntamente com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Em seguida, Alckmin realizou um sobrevoo das áreas afetadas pelo temporal, acompanhado do prefeito e outras autoridades.

Prefeitura de São Sebastião sabia do risco

A prefeitura de São Sebastião já tinha conhecimento, desde 2014, sobre os riscos de deslizamentos de encosta na Vila Sahy e havia recomendado a remoção dos moradores da área. O Projeto de Regularização Fundiária Sustentável elaborado pela prefeitura na época já reconhecia a necessidade de remoção das moradias e seus ocupantes que se encontravam em áreas de risco físico alto.

O Instituto Geológico, em 1996, também havia alertado sobre os riscos de deslizamento de terra e inundações na área.

As chuvas do último final de semana, as maiores já registradas em 24 horas na história do país, provocaram deslizamentos na área, matando pelo menos 34 pessoas e soterrando cerca de 50 casas.

Em nove anos, nada foi feito para remediar a situação e a comunidade continuou a crescer, com a construção de mais imóveis irregulares. A prefeitura ainda não se pronunciou sobre o assunto.

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