Desembargador que proibiu homenagem a Michelle Bolsonaro participou de oitiva com Mauro Cid no Supremo

No dia 6 de setembro do ano passado, o então juiz auxiliar Marco Antonio Martin Vargas esteve envolvido em uma importante oitiva ao lado de Mauro Cid, marcando sua atuação no âmbito judicial. Marco Vargas, à época juiz auxiliar, atuava no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Vargas foi responsável por receber o pedido de delação de Cid no caso das joias.

Atualmente, Marco Vargas atua como desembargador da 10ª Câmara de Direito Público no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). O magistrado que esteve envolvido na delação de Mauro Cid tomou uma decisão que gerou repercussão: proibiu a realização de uma cerimônia de entrega do título de cidadã paulistana à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A decisão do desembargador Martin Vargas de vetar a homenagem a Michelle Bolsonaro gerou controvérsias, especialmente entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que veem impedimento do magistrado. Para muitos bolsonaristas, a ação do desembargador demonstrou uma predisposição para proibir o evento com a ex-primeira-dama.

O advogado Fabio Wajngarten, ex-ministro da Secretaria de Comunicação (SECOM) durante o governo de Jair Bolsonaro, questionou a decisão de Marco Vargas, levantando dúvidas sobre a autonomia da Câmara Municipal de São Paulo. Ele ponderou se o desembargador teria o poder de determinar quem os vereadores podem ou não homenagear.

“A Câmara Municipal não pode usar o Theatro Municipal? O pedido de utilização foi da Câmara de Vereadores de SP. Se a homenagem fosse para outra pessoa poderia? Será que é o desembargador que decide quem os Vereadores devem ou não homenagear? Até onde vamos?”, fustigou Wajgarten.

O desembargador Martin Vargas justificou sua decisão alegando que o uso do Theatro Municipal para homenagens políticas viola os princípios da Administração Pública, notadamente os da impessoalidade e moralidade. Segundo ele, esse tipo de evento fere os princípios éticos que regem a Administração Pública, não se alinhando com sua imparcialidade.

Economia

Com o evento originalmente marcado para o Theatro Municipal, a Prefeitura de São Paulo aprovou o uso do espaço para a cerimônia em homenagem a Michelle Bolsonaro. No entanto, após a decisão do desembargador Martin Vargas, o evento foi remarcado para a Câmara Municipal, sob pena de multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento.

A Câmara Municipal de São Paulo pretende recorrer da decisão, buscando reverter o impedimento à realização da cerimônia no Theatro Municipal. O embate jurídico evidencia a disputa de competências e interpretações legais entre os poderes Executivo e Judiciário.

O embate político em torno da homenagem a Michelle Bolsonaro também revela nuances eleitorais. O vereador Rinaldi Digilio (União), responsável pela solicitação da homenagem, justificou a escolha do Theatro Municipal como uma alternativa devido à dificuldade de realizar honrarias na Câmara em ano eleitoral. No entanto, o presidente da Câmara, vereador Milton Leite (União), alegou questões de capacidade de público como motivo para a mudança de local.

Michelle e Bolsonaro se beijam na Avenida Paulista. Foto: reprodução/YT
Michelle e Bolsonaro se beijam na Avenida Paulista. Foto: reprodução/YT

Diante das divergências interpretativas sobre a possibilidade de realizar homenagens em ano eleitoral, a Câmara Municipal de São Paulo esclareceu que as sessões solenes para entrega de honrarias são atos oficiais da Casa e não estão sujeitas às eleições. Isso evidencia a importância de esclarecer questões legais e competências institucionais para evitar conflitos de interpretação.

A concessão do título de cidadã paulistana a Michelle Bolsonaro suscita debates sobre seu mérito e contribuições para a cidade. Enquanto alguns defendem sua relevância social, destacando seu engajamento em causas como a inclusão de pessoas com deficiência, outros questionam sua indicação, levantando críticas sobre a natureza política da homenagem.

A decisão do desembargador Martin Vargas de proibir a homenagem a Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal de São Paulo evidencia a interseção entre questões jurídicas, políticas e eleitorais. O embate judicial e as disputas de competências entre os poderes Executivo e Judiciário ressaltam a importância do equilíbrio institucional e do respeito aos princípios democráticos. Enquanto isso, o debate público sobre o mérito da homenagem reflete diferentes visões sobre o papel da ex-primeira-dama na sociedade paulistana.

O Blog do Esmael traz em primeira mão que o tenente-coronel Mauro Cid é conhecido de longa data do desembargador, auxiliar de Moraes, que defenestrou o evento de Michelle Bolsonaro em SP.

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Uma resposta para “Desembargador que proibiu homenagem a Michelle Bolsonaro participou de oitiva com Mauro Cid no Supremo”

  1. Em resumo, foi descumprido uma ordem judicial, também foi usado recursos públicos para pagar o teatro onde a MICHEQUE foi “homenageada como cidadã de SP”, e o que se espera agora, que o vereador aloprado seja punido pelo descumprimento judicial e pelo uso indevido do erário público. Em relação ao título à homenageada, que a Câmara Municipal de SP tenha vergonha na cara, e anule está homenagem. Afinal ficar homenageando gente que deve muita explicações à sociedade brasileira, não é uma conduta correta da parte dos políticos.

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