por Jose Roberto Borghetti*
As metas do milênio estabelecidas pela ONU estão sendo cumpridas pelos Gestores Públicos? Políticas públicas e administrações, Federal, Estadual e Municipal, hipoteticamente responsáveis pelo bem comum parecem se omitir ou não querem colocar o dedo na ferida.
A mídia nos convoca a fazer a nossa parte pela conservação da água do planeta. O foco está de certa forma errado, disseminando que basta você fechar a torneira enquanto escova os dentes ou tomar banhos rápidos e tudo se resolve. Ou seja, se a água do planeta está acabando a culpa é inteiramente sua, que pensa apenas na torneira que não tem nenhuma compaixão pela água que escorre pelo ralo.
O problema é que as mesmas companhias de águas e esgotos que realizam estas campanhas são exatamente as responsáveis por jogar fora cerca de 40% da água que captam, antes mesmo de fazê-la chegar à sua casa. Pior, destinam ainda água potável de boa qualidade para resfriamento de caldeiras, limpeza de pátios dentre outros absurdos.
Claro que o bom senso ao usar a água em cada residência contribui de alguma forma, mas para classificar os verdadeiros culpados! a regra é bem mais complexa que isso, pois o poder público, as indústrias, o comércio, a agricultura, tem parcela significativa no rol de culpados!.
Um exemplo prático é o que acontece no rio Iguaçu, um orgulho não apenas dos paranaenses, mas dos brasileiros. Se as Cataratas do Iguaçu, considerada uma das 7 maravilhas que encantam turistas do mundo inteiro, por outro lado, a região onde nasce esse importante rio brasileiro está muito longe de provocar as mesmas impressões. Poluição e impactos ambientais brigam por espaço no rio Iguaçu ao longo dos seus mais de 1.300 km de extensão, que nasce pequeno e da confluência do rio Atuba com o rio Iraí e acaba morrendo! em meio ao lixo, em Curitiba considerada Capital Ecologia e Cidade Modelo a poucos quilômetros dali.
A população não pode aceitar passivamente os graves problemas do lixo/agua! que torna o Rio Iguaçu, neste trecho, um dos mais poluídos do Brasil. A cobrança da sociedade junto aos gestores públicos é um exercício de cidadania e seus questionamentos são extremamente necessários para as atuais e as futuras gerações; ou você espera que seus filhos e netos ainda sofram com enchentes e doenças relacionadas com a má gestão de águas?
No trecho final, o Rio desagua nas Cataratas do Iguaçu. Nesta hora que a natureza mostra seu poder reafirmando a vitória de um rio que não se deixa morrer pelas mãos da ignorância dos gestores públicos, pela falta de educação, pela ganância e pela falta de preocupação com o nosso próprio futuro.
*Jose Roberto Borghetti é consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação (FAO).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.