Conflito em Curitiba: Empresa do lixão exige despejo de famílias na Ocupação Tiradentes II

A Solvi Essencis Ambiental S/A, anteriormente conhecida como Essencis Soluções Ambientais S/A, intensificou sua ofensiva contra as famílias da Ocupação Tiradentes II em Curitiba.

Este ato representa mais um capítulo na longa batalha entre os moradores e a empresa, culminando em uma situação que ameaça desalojar inúmeras famílias.

Na manhã desta quarta (27/12), segundo o movimento em defesa de moradia, advogados da empresa lançaram acusações graves contra os moradores da Tiradentes II, alegando que estes teriam causado o incêndio de 24 de dezembro de maneira criminosa.

O Blog do Esmael mostrou na véspera do Natal que o deputado Ney Leprevost (PSD) repercutiu esse incêndio ao denunciar que o aterro “está colocando as crianças da CIC em risco”.

“Quando é que as autoridades vão entender que os moradores da CIC não querem este lixão colocando suas crianças em risco?”, questionou Leprevost, olhando em direção à Prefeitura de Curitiba.

“Este aterro pertence a empresa francesa Essencis e, segundo pessoas que vivem nas proximidades, está ardendo em chamas durante este madrugada de 24 de dezembro”, registrou o parlamentar, que é pré-candidato a prefeito nas eleições de 2024.

Economia

Leprevost disse ao Blog do Esmael que precisa investigar quais são as autoridades estão fazendo “vista grossa” em relação a este aterro em um dos bairros mais populosos de Curitiba.

“Pedi investigação do MPF, da PF e do GAECO sobre possíveis crimes contra o meio ambiente e a saúde pública por parte desta empresa”, revelou Ney Leprevost.

No entanto, estas acusações da empresa surgem em um momento conveniente para a francesa Essencis, considerando que o Judiciário, em recesso, apenas consideraria uma liminar de despejo diante de “fatos novos” e da “urgência da medida” – dizem o líderes da ocupação.

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Citando um veículo de comunicação da capital, eles apontam um aspecto intrigante desta situação que seria a relutância da empresa em chamar os bombeiros para conter o incêndio.

Nesse contexto, os moradores do Tiradentes II questionam: se o incêndio fosse realmente um ato criminoso, não seria vital para a investigação a presença dos bombeiros?

Este comportamento da empresa levanta suspeitas sobre suas verdadeiras intenções e a legitimidade de suas acusações, rebatem.

Os moradores destacam que este não é o primeiro incidente envolvendo incêndios relacionados à empresa.

Eles afirma que um episódio semelhante ocorreu em 2011, apontando para um padrão de ocorrências que vai além de coincidências.

Além disso, os moradores da região têm enfrentado uma constante pressão e ameaças por parte da empresa, aumentando a tensão e a insegurança na comunidade.

Na petição apresentada pela Solvi Essencis Ambiental S/A, a empresa detalha os eventos da noite de 23 para 24 de dezembro, descrevendo invasões e incêndios supostamente intencionais em sua propriedade.

Eles reivindicam uma ação imediata de desocupação, citando a presença de materiais inflamáveis e o risco potencial para a segurança da região.

Este pedido de despejo, se atendido, resultará no deslocamento forçado de várias famílias, exacerbando uma situação já delicada.

A possibilidade de despejo das famílias da Ocupação Tiradentes II representa não apenas uma crise habitacional, mas também um desafio aos direitos humanos fundamentais.

Estas famílias, já marginalizadas e enfrentando condições adversas, estão agora à mercê de decisões corporativas e judiciais que podem alterar drasticamente suas vidas.

A resistência dos moradores, apoiada pelo Movimento Popular por Moradia, destaca a importância da solidariedade e da luta por justiça social.

Este conflito levanta questões críticas sobre os interesses corporativos em confronto com os direitos comunitários.

A insistência da empresa em despejar as famílias, apesar das evidências questionáveis e da falta de consideração pelo bem-estar social, reflete uma dinâmica de poder desequilibrada, onde os mais vulneráveis são frequentemente os mais prejudicados.

O drama na Ocupação Tiradentes II em Curitiba é uma denúncia explícita da falta de uma política de habitação popular na capital paranaense, onde são cada vez maiores o número de famílias inteiras morando nas ruas.

Em tempo: a Essêncis pertence ao Grupo Suez que por séculos controlou o canal de Suez no Egito, antes de resolver gerir o lixo em países do terceiro mundo.

Aqui você lê a íntegra do pedido de despejo feito pela Essencis.

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