Aldeia indígena é atacada com tiros e rojões no Oeste do Paraná | Milícias agrárias

As comunidades Ava Guarani, habitantes milenares da região Oeste do Paraná, enfrentam uma escalada de violência e opressão sem precedentes, que despertaram um movimento de solidariedade [abaixo, leia nota do PSOL] e de denúncia de milícias agrárias.

A Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, situada no município de Guaíra, tornou-se o epicentro de conflitos fundiários que culminaram no sábado (24/12) em ataques brutais e desumanos contra estas comunidades pacíficas.

Na véspera do Natal, episódios chocantes de violência eclodiram – segundo registro do site da Comissão Guarani Yvyrupa.

Abaixo, você assiste um vídeo sobre esse criminoso ataque à sorrelfa.

Grupos de indivíduos não indígenas, armados e violentos, invadiram as aldeias Y’hovy e Yvyju Avary.

Os ataques incluíram disparos de armas de fogo, uso de foguetes e rojões, além do incêndio criminoso de barracos, pertences e mesmo de animais de estimação da comunidade.

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Esses atos bárbaros não apenas causaram danos materiais, mas também espalharam o terror e a insegurança entre os Ava Guarani, levando-os a fugir e se esconder nas matas adjacentes.

Na aldeia Y’hovy, o cerco e as hostilidades se estenderam por horas, com a situação se agravando após o anoitecer.

Informações falsas e discursos de ódio circulavam em Guaíra, exacerbando a tensão e a animosidade contra os indígenas.

A intervenção da Polícia Federal conseguiu dispersar temporariamente os agressores, mas a ameaça de um retorno iminente manteve a comunidade em estado de alerta e medo.

Em Yvyju Avary, a violência se manifestou de maneira ainda mais brutal.

A comunidade foi surpreendida por um ataque direto, resultando na destruição total de seus lares e pertences.

Os indígenas, incluindo crianças e idosos, foram forçados a fugir para a mata, enquanto assistiam aos seus pertences serem incendiados e seus animais torturados e mortos.

Diante desses atos desumanos, as comunidades Ava Guarani apelam por justiça e proteção.

[Texto continua após o vídeo…]

Milícias agrárias atacam indígenas das comunidades Ava Guarani, na região Oeste do PR.

A Comissão Guarani Yvyrupa (CGY) enviou ofícios a órgãos competentes, incluindo a Funai, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU), exigindo uma resposta rápida e efetiva.

A CGY também lançou uma campanha para arrecadar doações para ajudar na reposição dos pertences perdidos e no fornecimento de alimentos para as famílias afetadas.

As comunidades Ava Guarani enfrentam um clima de hostilidade e preconceito constante nas cidades de Guaíra e Terra Roxa.

Frequentemente acusados de serem “invasores” em seu próprio território, os indígenas são vítimas de narrativas que buscam criminalizá-los e justificar a violência a que são submetidos.

A situação no Oeste do Paraná vai além de um simples conflito fundiário.

Representa uma crise humanitária, onde os Ava Guarani enfrentam não apenas a violência física, mas também a negação de seus direitos básicos, a contaminação de suas terras e um regime de segregação que os marginaliza e os expõe a riscos constantes.

Os Ava Guarani clamam por apoio não apenas no Brasil, mas também da comunidade internacional.

É vital que a atenção seja voltada para essa crise, para que medidas sejam tomadas para garantir a proteção dessas comunidades, a preservação de seus direitos e a punição dos responsáveis por tais atos bárbaros.

O município de Guaíra, a 642 km de Curitiba, tem cerca de 33 mil habitantes, na região Oeste, fica na fronteira com o Paraguai.

Já o município de Terra Roxa, também citada nesta matéria, na mesma região, fica a 640 km da capital, e tem cerca de 17 mil habitantes.

PSOL divulga nota sobre a violência contra os indígenas no Oeste do Paraná

Este é Laerson Matias, presidente do PSOL no Paraná.

Solidariedade e Repúdio aos Ataques Contra o Povo Ava Guarani em Guaíra – PR

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) do Paraná expressa sua profunda solidariedade ao povo Ava Guarani diante dos recentes e repugnantes ataques ocorridos em Guaíra, PR. Repudiamos veementemente a violência perpetrada contra as comunidades indígenas, manifestada através de tiros, rojões e incêndios que resultaram na queima de pertences essenciais.

Estes atos, que atentam contra a integridade física e os direitos territoriais dos Ava Guarani, revelam uma escalada alarmante de intolerância e desrespeito por parte de alguns setores da sociedade. O PSOL-PR se solidariza com as vítimas dessas agressões injustificáveis e reforça seu compromisso inabalável na defesa dos direitos humanos e da diversidade cultural.

Neste momento crítico, instamos as autoridades, incluindo a FUNAI, o Ministério de Direitos Humanos e a Polícia Federal, a agirem prontamente na proteção das comunidades indígenas, na apuração rigorosa dos fatos e na identificação e responsabilização dos agressores. A justiça deve prevalecer para assegurar que episódios de violência como esses não fiquem impunes.

Acreditamos na importância de promover a solidariedade coletiva e, por isso, convocamos a sociedade a se unir à campanha de arrecadação lançada pelos Ava Guarani para apoiar na reconstrução das comunidades afetadas. Contribuições de qualquer valor são cruciais neste momento.

Assinamos este comunicado reiterando nosso compromisso com a luta pelos direitos humanos, pela preservação das culturas originárias e pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Exigimos justiça e segurança para o povo Ava Guarani.

Pelo PSOL-PR,

Laerson Vidal Matias
Presidente

3 Respostas para “Aldeia indígena é atacada com tiros e rojões no Oeste do Paraná | Milícias agrárias”

  1. Nossa, o mínimo que se espera é que representantes de agências internacionais de proteção aos direitos humanos sejam comunicados e acompanhem a apuração das responsabilidades do Estado, durante as investigações, e que aos final publique-se o desagravo aos povos originários, a lista dos fascistas criminosos, o total do prejuízo a ser ressarcido pelos criminosos, bem como o valor das multas, essas sim com valores exemplares e que serão usadas para melhorar a infraestrutura de atendimento a essas comunidades.

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