Bahia "vence" São Paulo no quesito mortes violentas em confrontos com a PM

Bahia “vence” São Paulo no quesito mortes violentas em confrontos com a PM

A violência na Bahia: um olhar profundo sobre os confrontos com a Polícia Militar em setembro

A Bahia, um dos estados mais emblemáticos do Brasil, tem sido cenário de uma triste realidade que continua a assombrar sua população: os confrontos com a Polícia Militar.

Setembro deste ano, em particular, foi marcado por um número alarmante de mortes em decorrência desses eventos, lançando luz sobre um problema que persiste e exige uma análise mais profunda.

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No mês de setembro, ao menos 46 vidas foram ceifadas em confrontos com a Polícia Militar da Bahia.

Destas, 45 foram alegadamente de indivíduos envolvidos em atividades criminosas, enquanto uma vítima era um policial federal.

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A grande maioria dessas tragédias ocorreu durante operações nos bairros periféricos da capital, Salvador.

No Guarujá, litoral de São Paulo, a título de comparação, letalidade de ação da PM chegou a 27 mortes, cuja operação deflagrada após assassinato de policial foi a mais violenta desde o massacre do Carandiru, em 1992.

Dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam uma tendência perturbadora: as mortes resultantes de intervenção de agentes do Estado mais do que quadruplicaram desde 2015.

Naquele ano, a taxa de ocorrências desse tipo era de 2,3 para cada 100 mil habitantes. No ano passado, essa cifra alarmante chegou a 10,4.

Em 2022, a Bahia liderou o ranking nacional de mortes violentas, com quase 7 mil assassinatos, representando 50 casos a cada 100 mil habitantes, de acordo com o mesmo Fórum.

Destes, 1.464 foram resultado de confrontos policiais, uma média de 122 por mês.

O Estado da Bahia também foi líder no triste cenário de mortes decorrentes de intervenções policiais no ano passado, seja por agentes em serviço ou fora dele.

Esses números aumentaram de 1.335 em 2021 para 1.464 mortes em 2022, de acordo com os registros disponíveis. Infelizmente, não temos acesso a dados referentes a 2023.

A Secretaria de Segurança Pública da Bahia emitiu uma nota informando que, de janeiro a agosto deste ano, houve uma redução de 4,3% nas intervenções policiais com resultado de morte em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Entretanto, os números absolutos não foram divulgados, deixando espaço para questionamentos sobre a eficácia dessas medidas.

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, em meio aos registros de confrontos em setembro, apontou a guerra entre facções como a principal causa da violência no estado.

Essa declaração levanta questões sobre as raízes do conflito e a eficácia das medidas para conter a escalada de violência.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, já havia procurado o governo da Bahia, liderado por Jerônimo Rodrigues (PT), para obter esclarecimentos sobre os eventos que resultaram na morte de 30 pessoas em apenas uma semana de agosto, após diversos confrontos com policiais militares.

Salvador, a capital, foi palco de pelo menos 10 dessas mortes.

O ministro anunciou que a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos conduzirá investigações minuciosas sobre esses casos, ouvindo tanto as autoridades quanto os residentes da região afetada.

Essa abordagem também foi adotada para apurar as mortes ocorridas em uma operação da PM de São Paulo na cidade do Guarujá, no litoral paulista.

Em sua declaração, o ministro enfatizou que “intervenções policiais que resultam em números expressivos de mortes não são compatíveis com um país que se pretende democrático e em consonância com os Direitos Humanos”.

Recapitulando os confrontos de setembro

  • No dia 6 de setembro, sete homens perderam a vida em uma operação policial em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia.
  • No mesmo dia, um homem, o último foragido suspeito de cometer uma chacina que vitimou 10 pessoas em Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador, foi morto em um tiroteio em Dias D’Ávila, também na RMS.
  • Entre os dias 3 e 7 de setembro, 11 suspeitos de integrar facções criminosas foram mortos em tiroteios com a Polícia Militar nos bairros de Alto das Pombas e Calabar, vizinhos entre si. Durante esses dias de operações, mais de 15 moradores desses bairros foram feitos reféns por suspeitos.
  • No dia 10 de setembro, duas pessoas foram mortas no Engenho Velho da Federação, um bairro próximo a Alto das Pombas e Calabar.
  • No dia 15 de setembro, quatro suspeitos e um policial federal foram mortos no bairro de Valéria durante uma operação conjunta da Polícia Civil e Polícia Federal.
  • Entre os dias 16 e 21 de setembro, 10 suspeitos envolvidos na ação que resultou na morte do policial federal foram mortos em Salvador e cidades da região metropolitana.
  • No dia 22 de setembro, cinco suspeitos de integrarem facções criminosas foram mortos em Águas Claras, bairro de Salvador, e um foi morto em Feira de Santana, a 100 km da capital baiana.
  • No dia 23 de setembro, cinco suspeitos foram mortos após dois confrontos com policiais militares na cidade de Crisópolis, a cerca de 212 km de Salvador.

Flávio Dino se manifesta sobre a violência na Bahia

O cenário de segurança pública na Bahia tem sido, sem sombra de dúvidas, um dos maiores desafios que o Brasil enfrenta atualmente.

A afirmação categórica partiu do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em um comunicado emitido no domingo, dia 24 de setembro.

A Bahia, conhecida por suas paisagens deslumbrantes e rica cultura, enfrenta uma crise profunda no que diz respeito à segurança pública.

O aumento da violência, o crescimento das organizações criminosas e o acesso generalizado a armas de fogo são apenas alguns dos elementos que compõem esse cenário desafiador.

Em particular, a morte de um policial federal em 15 de setembro acendeu o sinal de alerta.

Essa tragédia desencadeou uma operação policial que, até o momento, resultou em pelo menos nove mortes, em confrontos apresentados como inevitáveis.

A operação, denominada Fauda, foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) da Polícia Federal (PF) e da Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Seu objetivo era combater uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, armas, homicídios e roubos.

A violência não se restringe apenas às operações policiais.

Em agosto, a líder quilombola e ialorixá Mãe Bernadete, de 72 anos, foi assassinada no Quilombo Pitanga dos Palmares, na região metropolitana de Salvador.

Além das investigações conduzidas pelas autoridades locais, a Polícia Federal também abriu um inquérito sobre o caso, o que evidencia a gravidade da situação.

O Ministro Flávio Dino, em seu pronunciamento, destacou o compromisso do governo federal em colaborar com o governo estadual para enfrentar esses desafios.

O diálogo com o governador Jerônimo Rodrigues e o secretário de segurança Marcelo Werner é parte fundamental dessa estratégia.

Dentre as medidas adotadas pelo governo federal, destaca-se o reforço na presença da Polícia Federal na Bahia.

Essa iniciativa visa apoiar as ações de segurança pública, com foco na pacificação da região.

É crucial reconhecer que, infelizmente, as organizações criminosas fortaleceram-se nos últimos anos, ampliando seu acesso a armas em todo o país.

Flávio Dino apontou que essa realidade é resultado de políticas equivocadas do passado.

No momento, a prioridade do governo federal é apoiar a solução dos casos de homicídio na Bahia.

Isso significa concentrar esforços em investigações de alta qualidade e ações eficazes para conter a escalada da violência, diz o ministro e as autoridades policiais baianas.

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