Argentina x Croácia: começam as semifinais da Copa; tudo sobre o jogo de hoje

Argentina x Croácia: o pesadelo russo que deu impulso ao sonho argentino no Catar

A goleada da Croácia sobre a Argentina na segunda rodada da fase de grupos da Rússia-2018 é o marco que dá início à atual era da seleção albiceleste

  • A derrota para a Croácia na fase de grupos de 2018 deixou feridas na Argentina
  • Ela contribuiu para o início de um novo ciclo para Lionel Messi e companhia
  • Argentinos e croatas agora brigam por um lugar na final no Catar

Sem a Rússia-2018, não existe nem “Scalonismo” nem “Scaloneta”, apelido da atual seleção argentina comandada por Lionel Scaloni.

À época, assistente do técnico Jorge Sampaoli, o arquiteto da equipe que hoje alimenta os sonhos albicelestes no Catar-2022 foi testemunha direta do pesadelo vivido em Nijni Novgorod. A derrota daquela tarde de junho representou o ponto mais baixo do futebol argentino em muito tempo, um dos golpes mais incisivos e dolorosos a uma seleção mergulhada no caos.

Em retrospectiva, porém, a poucas horas de uma semifinal de Copa do Mundo contra o carrasco daquele dia, a tarde vivida na cidade ocidental da Rússia foi o marco que deu início à nova etapa do selecionado.

A campanha naquele Mundial foi o resultado de dias confusos. A dificuldade para encontrar um dirigente que substituísse o falecido Julio Grondona à frente da Federação Argentina, as trocas quase constantes de técnico – Gerardo Martino, Edgardo Bauza e Sampaoli se sucederam no comando da seleção – e a falta de renovação no elenco foram elementos de uma fórmula explosiva que estourou na Rússia.

Economia

A Argentina começou empatando com a Islândia, em uma estreia truncada, e sucumbiu em uma das atuações mais tristes de seu futebol. Os erros não forçados custaram caro para um conjunto arrasado pelos gols de Ante Rebic, Luka Modric e Ivan Rakitic. A Argentina ficou à beira da eliminação.

Juan Pablo Varsky, figura do jornalismo argentino que está cobrindo sua oitava Copa do Mundo, se senta em um café do centenário mercado de Souq Waqif, em Doha, e relembra aquele sonho ruim, que também viu de perto há quase 55 meses: “Comparo [aquela derrota], embora não pelo significado e pela eliminação, com o 6 a 1 sofrido diante da Tchecoslováquia na Suécia-1958, que foi um massacre em todos os aspectos do jogo. A Argentina chegou com o nosso estilo, com o futebol argentino que arrasava todo mundo. Foi uma demonstração de que não dava para jogar assim, da mesma sensação de que era preciso mudar”. Apesar de que Lionel Messi e Marcos Rojo realizaram um milagre contra a Nigéria para garantir a classificação, a queda diante dos croatas forçou um encontro de altíssima exigência com a França nas oitavas de final. A eliminação era inevitável, apesar do placar de 4 a 3 e da reação argentina no final, que maquiaram a diferença entre as duas seleções. Aquele desfecho e as lembranças de Nijni Novgorod foram as bases sobre as quais se construiu a equipe que hoje é semifinalista da Copa. “Tudo começou com um acidente, com uma catástrofe esportiva”, rememora Varsky.

Independentemente do desastre que representou o jogo com a Croácia e do colapso do conjunto de Sampaoli, o 3 a 0 deixou uma lição aprendida por Scaloni.

“Naquele jogo, a Croácia nos mostrou a importância dos meias”, recorda o jornalista argentino. “Hoje a Argentina tem um meio-campo forte, que conseguiu até mesmo superar o corte de [Giovani] Lo Celso. Eles tinham Rakitic, Modric, Brozovic e Kovacic, foi uma farra. Acaba sendo simbólico que, quatro anos e meio depois, Croácia e Argentina voltem a se encontrar. Os croatas continuam sendo os mestres do meio-campo, mas a Argentina já não tem meias que trotavam de um lado para o outro, posicionais, como [Javier] Mascherano, [Éver] Banega e até o próprio Enzo Pérez naquele momento”. Diante da negativa de vários técnicos de renome, Lionel Scaloni assumiu como interino para comandar a seleção que havia supervisado como assistente de Sampaoli. Depois de um começo em que tudo parecia provisório, o novo presidente da Federação Argentina, Claudio Tapia, decidiu confiar nele para realizar a necessária renovação, que se transformou em uma metamorfose específica e filosófica em um dos setores da formação da equipe: “A evolução da Seleção, da qual aponto Scaloni como grande responsável, é ter procurado meio-campistas que cobrem o espaço de uma área à outra, os ‘box-to-box’, que estão presentes nas transições de ataque a defesa e de defesa a ataque. Hoje a Argentina tem um meio-campo forte, e até o [Leandro] Paredes é um volante de perfil diferenciado”.

Em um futebol cada vez mais definido pelas características dos meias, a Argentina modernizou seu estilo com a presença de atletas multitarefas como Rodrigo de Paul, Alexis Mac Allister, Enzo Fernández, Exequiel Palacios e Paredes. Todos têm perfis semelhantes e dinâmicos, com diferentes pontos fortes e fracos, mas podem perfeitamente realizar papéis e funções variadas tanto no ataque quanto na defesa. Quatro anos e meio depois do fracasso em território russo, com um Messi entronizado como líder, a Argentina tentará escrever um dos capítulos mais gloriosos de sua história como consequência de uma era que começou como acidente até se transformar na combinação perfeita.

Na eterna reprise que é o futebol, a Croácia aparece mais uma vez no horizonte argentino, agora em Lusail, mas de novo com Scaloni e Messi como protagonistas. Varsky, que comentará a semifinal na TV de seu país, conclui sua análise: “Vai ser lindo, porque não existe ‘Scalonismo’, não existe seleção argentina pós-Rússia com os integrantes que Scaloni acrescentou ao meio-campo sem a Croácia em 2018”.

Aos 35 anos, Messi lidera a seleção argentina como nunca antes

Referência técnica, o craque argentino tem chamado a atenção pela forma como lidera os seus colegas em campo também

  • Em sua quinta Copa do Mundo, Lionel Messi se tornou um verdadeiro líder para a Argentina
  • Além dos seus quatro gols, ele tem mostrado muita bravura em campo
  • “A gente sabe o que ele significa para o povo argentino”, disse Julián Álvarez

A Argentina ficou em choque. A atual campeã da América do Sul, então invicta havia 36 partidas, perdia para a Arábia Saudita em sua estreia na Copa do Mundo, abalando o sonho do tricampeonato mundial.

O estádio Lusail foi testemunha de uma das maiores proezas e uma das maiores zebras da história. O que se viu foi um festival saudita graças aos milhares de fãs que cruzaram a fronteira em uma viagem ensurdecedora. Atordoados e sem acreditar no que viam, os torcedores argentinos ficaram emudecidos. O silêncio era o retrato também na zona mista, onde a tensão era sentida no ar pela incerteza de quem seriam os encarregados de explicar o tropeço inesperado. Em um mundo de extremos como o do futebol, 90 minutos podem ser o suficiente para separar o sonho do fracasso. Mas logo os jogadores argentinos começaram a percorrer o corredor onde ficava a imprensa.

Poucos pararam para dar entrevista — até de forma compreensível, considerando-se o doloroso resultado —, mas um nome atendeu a absolutamente todos os jornalistas presentes: Lionel Messi. O capitão foi parando de um em um, respondendo a todas as perguntas. Em meio a tantos questionamentos, explicações e reflexões, ele procurou tranquilizar o povo argentino:

“Que a torcida confie, porque vamos nos levantar.”

Esta é a quinta Copa do Mundo de Lionel Messi e a oitava de Juan Pablo Varsky, uma das maiores referências do jornalismo esportivo da América Latina. O correspondente vê a campanha argentina no Catar como a primeira com um contexto efetivamente favorável para que o camisa 10 assuma a liderança da seleção.

“É uma troca natural”, aponta. “Em todos os elencos anteriores, o Messi tinha nomes de mais peso do que ele. Em 2006, foi o Román (Riquelme). Em 2010, o Heinze; e ainda tinha o (Javier) Mascherano e o Diego (Maradona), que era o técnico. Em 2014, ainda que o Leo fosse o capitão, o líder era o Mascherano. Em 2018, não tinha líderes, era uma equipe em decomposição e era impossível ser líder no meio do caos. Em 2019, com a Copa América no Brasil, ele foi líder quando chegou a sua vez. O Leo estava pronto e preparado.”

A Scaloneta, apelido dado à seleção argentina que conquistou a Copa América no Maracanã, quebrando uma seca de 28 anos sem títulos, foi construída em torno do craque, mas com uma perspectiva absolutamente diferente das campanhas anteriores.

“Existe uma colaboração imensa dos companheiros”, explica Varsky em um café do centenário mercado Souq Waqif, no coração de Doha. “A mensagem deles foi: você é o nosso líder, não o nosso ídolo. Se eu tiver que te dar um esporro, vou dar. Se eu tiver que ganhar de você no truco, vou ganhar. Eles derrubaram uma imagem que os da idade dele não conseguiram, por motivos óbvios. Antes dizíamos que se passavam a bola para ele, os outros só ficavam olhando. Agora não tem disso. O Leo pega na bola, os outros vão morder.”

Messi sempre foi um líder no contexto do jogo, mas agora exerce a função também fora das quatro linhas. A versão do jogador que temos visto no Catar é a mais rebelde, a mais “maradoniana”, ainda que para Varsky a essência do craque tenha sido sempre a mesma.

“O Leo sempre foi assim, mas antes não tinha a obrigação de ser, porque não era o líder”, avalia o jornalista. “Uma vez, o Leo mandou uma mensagem de texto para o Guardiola, em um jogo em que o Ibrahimovic marcou dois gols, e o Leo estava no banco de trás. O Pep recebeu o aviso no telefone: ‘Mister, se não vai contar comigo é só dizer que eu vou embora’. Guardiola olhou para o assistente, disse que tinham um problema, e o Ibrahimovic foi sacado. E isso aconteceu há 11 anos. Ele é agressivo, e digo no melhor sentido. É um esporte de alto rendimento, tem que ser competitivo, brigar pelas coisas. Além disso, esta equipe se transformou em uma comunidade. Mexeu com um, mexeu com todos.”

Messi é do tipo que consegue demonstrar seu calor humano até em um streaming no Twitch. Convidado por Sergio Agüero para uma participação em seu canal, o craque protagonizou uma emocionante conversa com o ex-companheiro de tantas concentrações.

Agüero: Está me ouvindo? Onde vocês estão? No quarto?

Messi: Estamos no nosso quarto?

Agüero: Nosso? Messi: Claro…

Agüero: Mas você nunca me convidou pra dormir…

Messi: Mentiroso, eu te disse, sim. Kün Agüero, que precisou pendurar as chuteiras por um problema no coração, era companheiro de quarto de Messi desde que os dois iniciaram a caminhada na seleção. Sem ele, o Pulga decidiu ficar sozinho na concentração. A liderança também pode aparecer nos detalhes, até mesmo em um streaming de uma hora.

Naturalmente, as cenas de jogo também explicam o papel do camisa 10. Na melhor Copa do Mundo de sua carreira, ele assumiu a função de herói e foi ao socorro da equipe em momentos decisivos mais de uma vez. Em meio ao drama, sua personalidade e caráter revitalizaram o ânimo do povo argentino.

“Sabemos o que ele significa para os argentinos”, destacou o atacante Julián Álvarez. “Para nós, ele é nosso capitão, um grande jogador, e é um orgulho tê-lo nesta equipe.”

Messi foi a resposta na dramática final antecipada diante do México, a solução contra uma Austrália que buscava o empate nas oitavas de final e a rebeldia depois do empate com a Holanda nas quartas.

Messi preenche absolutamente todos os requisitos indispensáveis de um líder. Ele reconhece a importância de cada um dos integrantes do elenco, o que fica evidente no ritual que antecede cada partida, quando cumprimenta um por um todos os companheiros no campo de jogo. O capitão da seleção é um símbolo de seu país, mas também do grupo que encabeça cada vez que vão a campo para o aquecimento. E ninguém fica de fora, todo o mundo sempre recebe o devido reconhecimento pelas vitórias. Depois da partida contra a Holanda, enquanto os companheiros comemoravam, o craque tirou um tempo para abraçar cada integrante da comissão técnica. Ele é ainda o condutor da orquestra nas comemorações, quando ajuda a festejar, mas também colocando limites quando necessário, como quando evitou que alguns jogadores fossem tirar sarro dos brasileiros após o título da Copa América. Como se estivesse em um teatro, Messi comemora cada vitória grudado na plateia. Com a faixa de capitão no braço, canta a popular “Muchachos” e acaba homenageando a si próprio com a mesma inocência daqueles que estão pendurados na arquibancada em busca de um sonho. Sonho no qual ele seguiu apostando mesmo depois do viés contra a Arábia Saudita, quando muitos deixaram de acreditar.

Josko Gvardiol: quem é o zagueiro de 20 anos sensação da Croácia

Ao ajudar sua seleção a chegar à semifinal, o defensor canhoto chamou a atenção de vez para o seu potencial

  • A Croácia enfrenta a Argentina pela semifinal no Estádio Lusail
  • Com apenas 20 anos, Gvardiol se tornou um pilar da defesa de Dalic
  • Veja a análise do perfil do jogador sensação dos croatas

Ainda muito jovem, com apenas 20 anos, Josko Gvardiol está deixando todo mundo impressionado nesta Copa do Mundo FIFA, no Catar. Zagueiro ágil, potente e sempre alerta, o canhoto ajudou os companheiros a levar a Croácia até a semifinal contra a Argentina.

Quem é Josko Gvardiol?

Nascido em Zagreb em 23 de janeiro de 2002, Gvardiol é um zagueiro abençoado com uma habilidade excepcional em todos os fundamentos de um defensor moderno. Fruto da linha de produção de talentos que é a base do Dínamo de Zagreb, estreou na equipe adulta do clube aos 17 anos.

Onde ele joga?

Em setembro de 2020, Gvardiol foi contratado pelo Leipzig, que se antecipou aos grandes clubes europeus para contar com os serviços do jogador por 16 milhões de euros mais extras, rapidamente emprestando-o de volta à equipe croata. Na temporada seguinte, ele voltou ao Leipzig e imediatamente se firmou no time. Mas não foi somente no Campeonato Alemão que ele chamou a atenção; foi logo considerado por toda a Europa como um dos principais nomes para ficar de olho. Sua reputação melhorou ainda mais com a decisão do técnico Zlatko Dalic de confiar nele para integrar a seleção croata que disputaria a Eurocopa. Com ainda só 20 anos, Gvardiol já tem 17 jogos pelo selecionado nacional e está destinado a escrever seu nome nos livros de história da Croácia. O zagueiro está realizando uma Copa excepcional e é um sério candidato ao Prêmio de Melhor Jogador Jovem da FIFA, entregue ao atleta jovem que mais se destaca no Mundial.

Quanto vale seu futebol?

É difícil dizer o valor de Gvardiol neste momento. Suas atuações pelo Leipzig nesta temporada e pela Croácia na Copa do Mundo certamente inflacionaram seu passe, e talvez tirá-lo do time alemão custe mais de 100 milhões de euros. Já existe interesse de grandes clubes, como Chelsea, Bayern de Munique e Real Madrid, mas o fim desta Copa do Mundo poderia desatar uma séria guerra de propostas. Quem sabe a quanto chegará seu passe se ele ganhar o Prêmio de Melhor Jogador Jovem da FIFA e a Croácia erguer o troféu da Copa do Mundo?

O que eles disseram

“Tudo é mais fácil nesta seleção quando Modric, Brozovic e Kovacic estão no meio-campo. Não dá para pensar em nada negativo nem para ter medo de ninguém. Espero que esta não seja a última Copa do Luka, mas, principalmente, espero que consigamos alcançar os nossos objetivos neste torneio”, disse Gvardiol no Catar, mostrando grande maturidade para alguém tão jovem. “O Gvardiol é um jogador incrível. Dá tudo nos treinos e quer aprender. Tenho certeza de que realmente vai se tornar um ótimo zagueiro”, disse seu companheiro de seleção, o lateral Josip Juranovic.

Bruno Petkovic, de estrela cadente na Itália a herói nacional na Croácia

Decepção na Série A, atacante marcou o gol que acabaria recolocando a Croácia na semifinal da Copa do Mundo.

  • Bruno Petkovic manteve o sonho da Croácia vivo com o gol de empate com o Brasil aos 12 minutos do segundo tempo da prorrogação 
  • Ele passou mais de seis anos na Itália, mas não marcou nenhum gol na primeira divisão
  • Agora, Petkovic sonha em fazer história contra a Argentina 

Se 42 jogos na primeira divisão italiana não foram suficientes para que o atacante croata Bruno Petkovic anotasse um gol, bastaram quatro partidas no Catar para que ele marcasse o mais importante de sua vida. 

Quem é Bruno Petkovic?

Quem poderá dizer se, durante a comemoração enlouquecida que se seguiu ao gol que ele marcou no fim da prorrogação do encontro pelas quartas de final da Copa do Mundo contra o Brasil, Petkovic pensou em sua longa e difícil experiência na Itália, onde jogou por sete clubes em seis temporadas? Do Catania ao Bologna, com escalas por todo o país, o atacante croata viveu um período nada brilhante no futebol italiano. 

À exceção de uma curta passagem pelo Trapani, sob a orientação do experiente técnico Serse Cosmi, que o comparou a Zlatan Ibrahimovic, Petkovic viu como a primeira parte de sua carreira parecia uma sucessão de oportunidades perdidas. O gol que permitiu que a Croácia igualasse o marcador contra a Seleção Brasileira pode representar um divisor de águas para o atacante, que já não acredita em se impor limites – a começar pelo próximo jogo, contra a Argentina, em que uma vaga na final da Copa estará em jogo. 

Primeiro, porém, vamos retroceder um pouco na carreira dele. 

nício no Catania e a experiência com os empréstimos

Petkovic chegou à Itália com 18 anos, em 2012, contratado pelo Catania. Depois de começar nas categorias de base do clube, estreou profissionalmente no último jogo do Campeonato Italiano de 2012-13. No ano seguinte, se firmou na equipe principal, mas só disputou quatro partidas – e apenas uma como titular. A temporada 2013-14 acabou com o rebaixamento do clube siciliano para a segunda divisão, e chegou o momento de Petkovic buscar novos ares. 

Dando adeus à Sicília, ele foi por empréstimo para o Varese, mas disputou apenas oito jogos em seis meses. Em janeiro de 2015, chegou ao Reggiana, de novo emprestado, e na terceira divisão italiana encontrou seu espaço entre os titulares e conseguiu marcar alguns gols. Isso foi suficiente para que voltasse para a Série B no ano seguinte para defender o Virtus Entella, apesar de essa também ter sido uma experiência infeliz: depois de meia temporada, Petkovic fez as malas de novo. 

Trapani e as comparações com Ibrahimovic

Em fevereiro de 2016, o atacante voltou para a Sicília, desta vez para vestir a camisa do Trapani. Sob o comando de Cosmi, o conjunto era um dos mais fortes da segundona italiana, lutando para subir. Apesar disso, precisava de um centroavante, e o croata não decepcionou, balançando a rede sete vezes no segundo turno e se transformando em um dos destaques da repescagem, na qual o Trapani caiu no último obstáculo, diante do Pescara. 

Suas boas atuações convenceram o clube a contratá-lo de forma permanente, enquanto ele recebia elogios efusivos do técnico: “Ele me lembra o Ibrahimovic”, disse Cosmi. “Tem uma qualidade incrível. Tenho certeza de que será um craque de primeira, um astro”. O apreço do técnico pelo atacante nunca desapareceu: na noite da última sexta-feira, justo depois de seu gol contra o Brasil, o ex-técnico de Petkovic fez uma publicação no Instagram para lembrar ao mundo onde tudo começou para o jogador e quem acreditou nele desde o início. 

Decepção na Serie A

Depois de um bom começo na temporada 2016-17, Petkovic voltou a chamar a atenção dos clubes da Série A. O retorno à primeira divisão acabou acontecendo em janeiro de 2017, quando o Bologna bateu à porta do Trapani oferecendo mais de 1 milhão de euros pela transferência. Porém, a passagem pelo clube rubro-azul não saiu como o esperado, e o croata fez 22 partidas sem marcar um único gol. 

Assim, em janeiro de 2018 ele foi emprestado mais uma vez, desta vez para o Verona, clube que precisava desesperadamente de um artilheiro para sair da zona de rebaixamento. Infelizmente, as coisas não se encaixaram para Petkovic no clube auri-azul: ele não balançou a rede em nenhuma das 16 partidas que fez e o Verona acabou caindo. 

A volta para casa e o início na seleção

Depois de 18 meses desmoralizantes na Série A, com seu total de gols marcados continuando teimosamente em zero, chegou o momento de Petkovic dar adeus à Itália e voltar para a Croácia depois de seis anos longe de casa. Em meados de 2018, ele foi por empréstimo para o Dínamo Zagreb e se deu bem logo de início. Seu bom desempenho convenceu o clube a assinar com ele de forma definitiva após seis meses e, principalmente, acarretou uma convocação para a seleção nacional pelo técnico Zlatko Dalic. Sua estreia com a camisa da Croácia chegou em março de 2019, contra o Azerbaijão, e seu primeiro gol em junho, contra a Tunísia. 

Ele foi convocado para a equipe que iria ao Catar-2022 em novembro e fez sua primeira apresentação no segundo jogo da fase de grupos, contra o Canadá. Nas quartas de final, contra o Brasil, marcou aos 12 minutos do segundo tempo da prorrogação o gol de empate que levou o jogo para os pênaltis, vencidos pela Croácia… E aqui estamos. 

“Sem dúvida o gol contra o Brasil foi o mais importante da minha carreira. É uma coisa que vai ficar comigo para sempre, que vou contar para os meus filhos. Também é parte da história do país”, disse o próprio Petkovic. “A cada dia que passa, entendo um pouco mais o que significa um gol, para mim e para o povo croata. Acho que nosso espírito de luta tem muito a ver com o que precisamos viver na nossa história”, disse o atacante antes do compromisso com a Argentina. 

O céu é o limite

A história de Petkovic é suficiente para fazer qualquer um questionar o valor dos prognósticos baseados na estatística e nos números. Por isso, hoje é razoável que Petkovic e toda a Croácia esperem pelo impossível – começando pelo próximo jogo, em que o prêmio é nada mais, nada menos do que um encontro com o destino. 

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