A pesquisa do Datafolha alerta que o povo quer menos Haddad, mais Lula no governo

Causou estupefação a bombordo a aparição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Jornal Nacional, da TV Globo, durante intermináveis cinco minutos na noite de sexta-feira (31/3). O moço virou o novo queridinho da emissora carioca, após o anúncio do “arcabouço fiscal” que beneficiará mais uma vez bancos e especuladores numa espécie de relançamento da doutrina segundo a qual é preciso fazer crescer o bolo para depois reparti-lo.

Dito isso, a pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º/4) é um alerta de que o povo brasileiro quer menos Haddad e mais Luiz Inácio Lula da Silva no governo. Segundo o levantamento publicado pelo jornal Folha de S.Paulo, Lula tem aprovação de 38% e reprovação de 29%, índice semelhante com o do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo momento de seu antigo governo, em 2019, repetindo assim o que foi o pior desempenho desde a redemocratização de 1985 entre presidentes em primeiro mandato.

O retrato pintado pelo Datafolha mostra a fragilidade política do governo Lula, que ainda não começou a mexer na estrutura para de fato beneficiar o eleitor que o elegeu nas apertadíssimas eleições de 2022.
Haddad e o núcleo político do governo – Alexandre Padilha (Articulação Política) e Rui Costa (Casa Civil) -estão longe de ser consenso entre petistas e partidos de esquerda que ajudaram eleger Lula contra o mercado financeiro e a velha mídia corporativa e golpista.

Logo, parece no sense Haddad surgir na TV Globo para empenhar a mais nobre energia e orçamento justamente nessa mídia golpista e nos sanguessugas que especulam contra o desenvolvimento, o progresso, o emprego e a renda – contra a vida, a civilização e o futuro da nação.

Mas o que alimenta a esperança é que há vida além dessa direita no governo Lula. A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), por exemplo, tem sido voz dissonante desse estado de coisas lastimável, desumano e perverso. Ela tem pedido a exoneração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, em entrevistas, defendeu a elevação da taxa de juros para o patamar de 26% [hoje esse índice é de 13,75%], o que pode ampliar o quadro de recessão econômica no País.

O alerta que Gleisi e o Datafolha dão ao presidente Lula é de que querem derrubá-lo. O quadro atual pode ser mais frágil do que no tempo de Dilma Rousseff, quando ainda havia mobilização popular consistente contra o golpe perpetrado pelos mesmos atores que agora bajulam Haddad, Padilha e Costa com cinco minutos de fama no Jornal Nacional da TV Globo.

Economia

Em tempo: não se trata de um movimento contra a figura de Haddad, mas uma oposição explícita às políticas econômicas continuístas do ideário fiscalista e neoliberal.

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