Emenda de “Leitão Vesgo” facilitou a compra da vacina indiana Covaxin, diz CPI da Covid

A CPI da Covid diz ter em mãos um telegrama em que o embaixador na Índia afirma que presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, contava com emenda do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), conhecido nos bastidores da política como “Leitão Vesgo”.

Barros, o “Leitão Vesgo”, foi ministro da Saúde no governo de Michel Temer. O político paranaense ganhou o apelido porque, segundo a lenda, ele mama numa teta de olho noutra teta.

Além de sua emenda facilitar a compra da Covaxin, Ricardo Barros ainda se envolveu na articulação da compra da vacina russa Sputnik V pelo governo do Paraná.

Segundo telegrama em poder da comissão de investigação no Senado, o embaixador do Brasil em Nova Delhi, André Corrêa do Lago, disse que o presidente da Precisa Medicamentos comentara que a autorização de uso emergencial da Covaxin poderia ser obtida em breve no Brasil “em razão de nova redação da Medida Provisória 1.026/21”.

A “nova redação” era a emenda do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, à MP. A Covaxin foi a vacina mais cara adquirida pela Saúde, e seu contrato está na mira da CPI e do Ministério Público Federal.

A MP, de 6 de janeiro de 2021, dispensa licitação e previa regras mais flexíveis para a aquisição de insumos e serviços necessários à imunização. Após a Medida Provisória ser aprovada pelo Congresso Nacional, foi transformada em norma jurídica (Lei nº 14.124 de 10/03/2021).

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Telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado, em poder da CPI da Covid, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha o preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose).

Em dezembro, outro comunicado diplomático dizia que o produto fabricado na Índia “custaria menos do que uma garrafa de água”. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época) — a mais cara das seis vacinas compradas até agora.

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