Por um 1º de Maio classista pelo Fora Bolsonaro e em defesa da vida: por vacina, comida e trabalho

Por Milton Alves*

O 1º de maio de 2021, Dia Internacional dos Trabalhadores, vai acontecer em meio ao genocídio de quase 400 mil brasileiros mortos pela Covid-19, a maioria da classe trabalhadora, resultado de uma política negacionista e criminosa do governo Bolsonaro.

O cenário é agravado por um desemprego recorde, a precarização de cerca de 60 milhões de trabalhadores e pela volta da fome, que ronda os lares de milhões de famílias trabalhadoras.

Diante de um quadro sanitário e social de tamanha gravidade e de uma crise política que se aprofunda, o momento exige uma resposta firme da direção sindical em defesa da vida e dos direitos da classe trabalhadora, com a realização de um 1º de maio pelo “Fora Bolsonaro” e da exigência por medidas imediatas de contenção do genocídio e da crise humanitária nos grandes centros do país: Com vacinação em massa, testagem nos locais de trabalho, estabilidade no emprego, auxílio emergencial de R$ 600 [enquanto perdurar a pandemia], congelamento de preços dos produtos da cesta básica, passe livre no transporte público e a distribuição direta de comida pelos governos aos desempregados e sem tetos.

Além disso, a CUT e demais centrais também devem reivindicar dos governos federal, estaduais e prefeituras mais investimentos na compra de vacinas, insumos hospitalares, aberturas de mais leitos de UTI e linhas de créditos para os micros e pequenos negócios.

Na rua, sem os patrões e os políticos neoliberais da ‘frente ampla’ da Faria Lima

Os dirigentes das centrais sindicais — CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB — decidiram novamente repetir a convocação de um ato pelas redes sociais, virtual. E o mais grave: Com a participação de políticos golpistas e neoliberais como o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB), o governador João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), o deputado Rodrigo Maia (DEM) e Renan Calheiros (MDB). Um grave erro político, que apenas confunde e desmobiliza a resistência dos trabalhadores.

Economia

Uma conduta da burocracia sindical que revela aos olhos dos trabalhadores o quanto a direção das centrais sindicais estão distantes das reais demandas da classe. Nada justifica a participação no palanque virtual dos responsáveis pelo golpe antidemocrático contra a ex-presidente Dilma Rousseff, que completou cinco anos nesta semana, e dos apoiadores no Congresso das reformas neoliberais e regressivas de Bolsonaro e Paulo Guedes.

Ativistas sindicais de base, movimentos pela moradia e militantes petistas paulistanos estão impulsionando a convocação de um ato público de 1º de Maio nas escadarias do Teatro Municipal, região central de São Paulo.

Coletivos e militantes do PT em diversos estados organizam panfletagens e pequenas concentrações em corredores fabris, estações de trens e terminais de ônibus, demandando o fim do governo Bolsonaro e marcando a tradição combativa da data internacional de luta e solidariedade da classe trabalhadora.

A resistência dos trabalhadores sempre teve um ponto alto de afirmação no 1º de maio: Em 1968, durante a ditadura, os trabalhadores colocaram para correr da Praça da Sé o governador Abreu Sodré e os pelegos, que tentavam festejar a data. Em 1979, no estádio da Vila Euclides (São Bernardo) foi realizado um ato com participação de milhares de trabalhadores, de forte conotação política, empurrando o governo do general Figueiredo para as cordas. Em momentos duros da resistência no fim dos anos 60, os estádios proletários do São Cristóvão (zona fabril do Rio) e da Vila Maria Zélia (Belenzinho-SP) foram palcos das palavras de ordem de combate dos trabalhadores contra a ditadura e a exploração capitalista.

*Milton Alves é ativista político e social. Autor dos livros ‘A Política Além da Notícia e a Guerra Declarada Contra Lula e o PT’ (2019), ‘A Saída é pela Esquerda’ (2020) e de ‘Lava Jato, uma conspiração contra o Brasil’ (2021) – todos pela Kotter Editorial. Escreve semanalmente em diversas mídias progressistas e de esquerda.