Justiça determina que a deputada Flordelis use tornozeleira eletrônica

A Justiça do Rio de Janeiro determinou que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) seja monitorada por tornozeleira eletrônica e fique em recolhimento domiciliar das 23h às 6h. A decisão é da juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói.

A parlamentar, sete filhos e uma neta figuram como réus na morte do pastor Anderson do Carmo, marido da parlamentar, assassinado quando chegava casa, no bairro de Piratininga, em Niterói, em junho de 2019. Flordelis é acusada de ser mandante do crime, mas não foi presa por ter imunidade parlamentar.

Na decisão, a juíza Nearis Arce escreveu que a aplicação das medidas cautelares são necessárias após a testemunha Regiane Ramos Cupti Rabello narrar em juízo e ao Ministério Público atentado com artefato explosivo ocorrido na residência da testemunha.

“A referida testemunha já havia noticiado no curso do processo que a ré Flordelis vinha buscando interferir na busca da verdade real, inclusive intimidando o réu Lucas, seu filho afetivo. Recentemente, compareceu a testemunha ao cartório deste Juízo, bastante nervosa e temerosa, noticiando fatos gravíssimos, até mesmo o lançamento de um artefato explosivo em seu quintal, quando, então, fora encaminhada ao Ministério Público, onde narrou detalhadamente perante o promotor de Justiça seu grande temor, em especial em relação aos réus Flordelis e Adriano”, segundo escreveu a juíza.

A magistrada encaminhou na sexta-feira (19) o ofício à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) para a instalação do aparelho de monitoração com urgência a ré Flordelis.

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Covid-19: Espanha confina cerca de 1 milhão em bairros pobres na região de Madri

Diante da explosão de casos de Covid-19, a capital espanhola impôs restrições de entrada e saída a oito bairros, principalmente os mais pobres e que concentram boa parte da imigração. Os 858 mil pessoas, ou 13% da população da capital, que vivem em regiões desfavorecidas da zona sul, não poderão, a partir de segunda-feira (21), deixar seus bairros a não ser por motivos essenciais como trabalhar, ir ao médico ou levar filhos à escola. O descumprimento das regras de restrição sanitária será punido com multas de pelo menos € 600 (cerca de R$ 3.800).

As áreas afetadas pelas novas medidas de segurança localizam-se principalmente no sul da capital espanhola e na região da Grande Madri, onde a precariedade é maior do que em outras localidades e onde há graves problemas de superlotação, o que multiplica as possibilidades de contágio.

A falta de recursos econômicos faz com que muitas famílias, compostas principalmente por migrantes, sejam obrigadas a compartilhar pequenos espaços nesses bairros populares, onde a renda per capita também é muito inferior à média nacional, com abundância de trabalhadores manuais, que usam principalmente os transportes público.

Parques e jardins fechados

“A entrada e saída nessas áreas são restritas, exceto para questões básicas necessárias, como assistência médica, trabalhista, legal, obrigações educacionais, o cuidado de idosos, ou qualquer questão de força maior. É permitida a circulação dentro destes perímetros, mas as reuniões privadas terão de ser reduzidas a seis pessoas e a atividade em parques e jardins está suspensa até novo aviso ”, anunciou a prefeita de Madri, Isabel Díaz Ayuso.

“Devemos evitar o confinamento, devemos evitar um desastre econômico “, disse Ayuso em uma coletiva de imprensa. “Não achamos que seja hora de impor restrições a todos os cidadãos, mas sim aplicar medições em áreas que identificamos como de risco”, afirmou.

A série de novas restrições chega também em um momento em que o governo de Madri, do Partido Popular [de direita], e sua chefe, Isabel Díaz Ayuso, recebem fortes críticas da oposição e dos sindicatos por seus constantes erros na gestão da crise, incluindo a falta de investimento no setor de saúde, que pode transbordar se a pandemia continuar a crescer.

Imigrantes estigmatizados

Moradores dos bairros mais pobres de Madri se sentem abandonados e estigmatizados e temem que estas novas restrições lhes roubem uma fonte de renda valiosa. Ayuso foi criticada nesta semana por dizer que “o estilo de vida do imigrante” foi parcialmente responsável pelo forte aumento nos casos de contaminação nessas regiões.

Vallecas, um dos bairros afetados pelas medidas, no sul da capital, concentra um alto índice de pobreza e imigração e tem uma das maiores taxas de infecção de Madri, seis vezes mais que o bairro nobre de Chamberi, no norte. O sistema de saúde de Vallecas está “paralisado”, reclamou uma aposentada, Mari Paz Gonzalez. “Estamos abandonados. Eles nos deixaram nas mãos de Deus”.

“Assim que você cruza a ponte, as coisas mudam, desde que você mude de bairro”, acrescentou outra aposentada, Carmen Ibarra, nas ruas de Vallecas.

A Espanha, um dos países da Europa mais enlutados pela pandemia de coronavírus, registrou quase 30.500 mortes devido à Covid-19.

*Por RFI