Vladimir Zelensky e Vladimir Putin, líderes da Ucrânia e da Rússia, respectivamente, concordaram em se reunir para negociações de paz em Istambul, na Turquia, no próximo dia 15 de maio. O anúncio ocorre em meio a uma série de pressões internacionais e após meses de confronto direto no Leste Europeu.
O presidente ucraniano Vladimir Zelensky afirmou, em suas redes sociais, que espera um cessar-fogo total e duradouro a partir de 12 de maio, condição que considera indispensável para o avanço das negociações. “Estamos aguardando um cessar-fogo total e duradouro amanhã para fornecer a base necessária para a diplomacia”, declarou Zelensky em seu canal no Telegram.
A exigência de um cessar-fogo faz eco às demandas de líderes europeus, que pediram uma interrupção incondicional dos combates por 30 dias. Entre os que apoiam a posição ucraniana estão o presidente da França, Emmanuel Macron, o chanceler alemão Friedrich Merz, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk e o premier britânico Keir Starmer.
Do outro lado, o presidente russo Vladimir Putin aceitou a proposta de negociações, mas sem concordar com o cessar-fogo de 30 dias exigido pela Ucrânia e seus aliados. Em comunicado oficial, Putin declarou que a Rússia está pronta para negociações diretas e sérias com Kiev, mas sem pré-condições.
“Nossa proposta está sobre a mesa. A decisão agora cabe às autoridades ucranianas e aos seus curadores, que parecem estar guiados por ambições políticas pessoais, não pelos interesses de seus povos”, afirmou Putin, em um tom desafiador.
Putin também agradeceu aos esforços diplomáticos de países como China, Brasil, Estados Unidos e as nações africanas e do Oriente Médio, que atuaram como mediadores no processo.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desempenhou um papel importante para o avanço do diálogo. Após a proposta de Putin, Trump pressionou Zelensky a aceitar imediatamente as negociações.
“Um dia potencialmente grandioso para a Rússia e a Ucrânia!”, escreveu em sua rede Truth Social. No entanto, logo em seguida, Trump demonstrou desconfiança, afirmando que a Ucrânia deveria aceitar o encontro para “determinar se um acordo é possível ou não”.
Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, as negociações entre Ucrânia e Rússia têm sido marcadas por avanços e retrocessos. Em março de 2022, delegações de ambos os países se encontraram em Istambul, mas as conversas foram interrompidas após acusações mútuas de violações de acordos.
Ao longo dos últimos três anos, a guerra deixou dezenas de milhares de mortos e provocou uma crise humanitária sem precedentes na Europa. As sanções ocidentais contra a Rússia aumentaram, enquanto Moscou aprofundou suas alianças com China, Irã e outros países asiáticos.
A reunião entre Zelensky e Putin em Istambul é vista como a tentativa mais próxima de um acordo desde o início da invasão russa. No entanto, analistas alertam que o encontro pode ser apenas mais um capítulo na prolongada disputa diplomática entre os dois países.
Zelensky chega à mesa com o apoio de líderes europeus e uma exigência clara de cessar-fogo, enquanto Putin mantém a posição de que qualquer negociação deve ocorrer sem imposições prévias. Resta saber se a mediação da Turquia e a pressão dos Estados Unidos serão suficientes para transformar as palavras em ações concretas.
O encontro entre Zelensky e Putin em Istambul será um teste para a capacidade diplomática dos dois líderes. De um lado, a Ucrânia busca garantias de segurança e paz duradoura. Do outro, a Rússia tenta manter sua influência sobre o Leste Europeu.
O Blog do Esmael continuará acompanhando os desdobramentos dessa negociação e trará análises aprofundadas sobre o impacto para a geopolítica global.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.