Lula precisa chamar Cappelli para frear avanço extremista

Lula precisa chamar o Cappelli para segurar a virada política construída pelo laboratório de violência do Rio de Janeiro, que catapulta a extrema direita nas pesquisas divulgadas pela Paraná Pesquisas, Quaest e Datafolha [que está no forno, prestes a sair]. O alerta foi dado pelo Blog do Esmael há quase um mês, após a megaoperação que deixou 121 mortos. Sem intervenção federal, a extrema direita avançou.

O presidente Lula vinha surfando no tarifaço imposto por Donald Trump e, logo depois, no inédito aperto de mão com o líder americano na Malásia, movimentos que ampliaram seu capital político. Porém, a matança no Rio funcionou como freio de arrumação, recolocando a extrema direita no centro do debate e segurando o impulso governista.

Ricardo Cappelli é o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Jornalista e especialista em administração pública, Cappelli acumula 24 anos de experiência nos três níveis de governo. Em virtude dos ataques do dia 8 de janeiro de 2023, Cappelli foi nomeado interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal pelo presidente Lula. No mesmo ano, foi secretário executivo e ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

Dito isto, voltemos ao Rio.

O estado fluminense é um laboratório para assuntos de violência e, a partir dali, se consolidou Bolsonaro, pariu Wilson Witzel e Braga Netto. Também elevou o trôpego govenador Claudio Castro (PL) à condição de popstar, com direito à homenagem de sua necropolítica no Congresso Nacional. Um horror.

A necropolítica praticada no Rio funciona como uma metástase, um câncer institucional que, se não contido, se espalha rapidamente pelo país. O método da violência como política pública, legitimado pela disputa eleitoral e pela propaganda oficial, tende a contaminar outras administrações, criar atalhos autoritários e naturalizar a ideia de que matar é governar. É um modelo que, uma vez replicado, corrói a democracia por dentro e transforma o Estado em operador da morte como cálculo político.

A Constituição Federal, esse dispositivo liberal, pede que o presidente da República intervenha quando o governo do estado não dá conta do recado. E, com o saldo de 121, convenhamos, Castro perdeu o controle há muito tempo, apesar do sensacionalismo em cima de sua política da morte.

Se o governo federal nada fizer, além de naturalizar chacinas e genocídios, outros governos estaduais preferirão repetir matanças em seus estados, bandidos ou não, sem o devido processo legal, com execuções extrajudiciais. Se governador pode, por que o prefeito de uma cidade média, que tem a guarda municipal armada, também não poderia fazer uma limpa nas vésperas da eleição para melhorar o Ibope?

As execuções extrajudiciais parece que ajudam na popularidade da extrema direita, enquanto os governos progressistas experimentam baixa diante do funcionamento do laboratório de matança à céu aberto.

É nesse ponto que a crise do PL Antifacção, relatado pelo deputado Guilherme Derrite, precisa ser lida como parte de um projeto de poder, não como desorganização legislativa. As mudanças propostas esvaziam competências da Polícia Federal, transferem o enfrentamento ao crime organizado para esferas estaduais alinhadas à extrema direita e tumultuam investigações como a Operação Carbono Oculto.

O método é claro: reconfigurar o aparato institucional, enfraquecer a União, blindar aliados e criar a narrativa de que somente eles teriam coragem para enfrentar facções, enquanto na prática ampliam riscos, favorecem redes criminosas e pavimentam uma arquitetura política para 2026.

Como a discussão sobre segurança pública ficou aquartelada na extrema direita, eles estão ensaiando para criar a figura da Polícia Federal Independente, inspirada no Banco Central Independente, cuja autonomia garantiu o surgimento do maior juro real do mundo, que desgraça o desenvolvimento nacional, a geração de emprego bom, aumento do salário, consumo de bens e serviços, enfim, proporcionar felicidade para as famílias brasileiras. Com a PF Independente, não seria diferente. Quem ficaria feliz seria o crime organizado, os oligarcas da Faria Lima e setores da velha mídia corporativa.

É nesse contexto, de virada, que Lula deveria chamar o Cappelli. Ou, se preferir, resignadamente, pagar para ver o avanço da extrema direita a partir do laboratório do Rio.

Continue acompanhando os bastidores da política e do poder pelo Blog do Esmael.

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