O economista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, foi entrevistado no programa #RodaViva, apresentado por Vera Magalhães. Campos Neto, defensor da autonomia do BC, respondeu na noite de segunda-feira (13/02) a perguntas sobre a relação do banco com o governo federal e a possibilidade de mudanças nas metas de inflação. Abaixo, assista a íntegra.
Em entrevistas anteriores, o presidente do Banco Central já falou sobre a atuação do BC no mercado de câmbio e os riscos fiscais que mantêm a taxa de juros no Brasil tão alta.
Em síntese, Campos Neto defendeu ontem a taxa de juros de 13,75% em suposta busca pelo bem-estar-social.
“A nossa agenda toda do Banco Central é [pensando] no social. Então, a gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem-estar social. Mas a gente acredita que é muito difícil ter bem-estar social e inflação descontrolada porque a inflação é um imposto que afeta muito a classe média baixa”, disse ele.
A dócil e amável bancada de entrevistadores foi formada por Alex Ribeiro, repórter especial do Valor Econômico, Alexa Salomão, repórter da Folha de S.Paulo, Alvaro Gribel, colunista do jornal O Globo, Juliana Rosa, comentarista de economia do Grupo Bandeirantes, e Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S.Paulo.
Barões da mídia brasileira – a exemplo da Globo, Veja, Folha, estadão, et caterva – têm interesses cruzados com a especulação financeira. Se esses veículos não são propriedade ou holding de algum banco ou corretora, eles aplicam seus fabulosos e trilionários lucros nos títulos da dívida pública. Por isso o interesse dos jornalões em manter Campos Neto e as taxas de juros nas alturas, apesar do desemprego, da recessão, da fome e da miséria da população brasileira.
Na bancada de entrevistadores, portanto, não havia economista ou crítico ao modelo de gestão neoliberal voltado ao favorecimento de bancos e especuladores.
Aqui estão as principais falas de Campos Neto:
- “Prefiro ressaltar o meu trabalho”
- “Só fazemos intervenção no câmbio quando entendemos que tem alguma ruptura no mercado”
- “A gente está em um sistema polarizado, estamos todos aprendendo”
- “A gente acredita que é possível fazer fiscal junto com o bem estar social”
- “Você têm uma trajetória de gastos que é muito difícil de ser interrompida”
- “Não entendemos que a meta é um instrumento de política monetária”
- “Não se trata de um governo ou de outro, a gente quer descrever um processo de aumento de gastos”
- “O que o Banco Central pode fazer é servir de suporte para oferecer sugestões”
- “Não tem hoje quase nenhum país do mundo que esteja dentro da meta de inflação”
- “Não existe o fato de que nós acreditamos ser difícil cumprir a meta”
- “Difícil ter desaceleração da inflação sem ter um custo de crescimento”
- “Não existe ganho de credibilidade por simplesmente aumentar a meta”
- “Temos um mês de governo, precisa ter boa vontade”
- “Minha figura é irrelevante, personificar a minha figura não tem o menor sentido”
- “Minha função é explicar. O debate do juros é muito válido”
- “O caso Americanas afetou muito pouco o mercado de crédito”
- “A média do juro real do Brasil comparado com a América Latina está abaixo”
- “A gente que está no Banco Central às vezes não consegue perceber como conseguimos impactar a vida das pessoas na ponta”
- “Nada é uma mensagem política, é meramente técnico”
- “Não é alarmante. Não vai gerar um problema sistêmico”
- “Se de um lado você estimula e do outro você freia, é ineficiente”
- “Ao longo do tempo, a independência tende a gerar mais diversidade”
- “Se juntar nota fiscal eletrônica, remoção dessa lei e melhoria no rastreio, resolvemos grande parte do problema”
- “Tenho uma prioridade em relação ao quadro de funcionários”
- “Ter credibilidade, para o Banco Central, é a melhor forma de ajudar o governo”
- “Seria indelicado da minha parte opinar sobre o que o BNDES deveria fazer”
- “Não pretendo me lançar na política. Pode escrever e me cobrar depois”
- “Nossa agenda hoje no Banco Central é de competição”
- “Se eu saísse hoje do Banco Central, as decisões não mudariam muito”
- “Gostaria de explicar com detalhes a agenda social do Banco Central ao presidente”
Assistir a íntegra da entrevista de Campos Neto no Roda Viva:
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