Celso Sabino (União-PA), ministro do Turismo, comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta sexta-feira (19), que apresentará carta de demissão na próxima semana.
A decisão vem após ultimato do União Brasil, que determinou a entrega de cargos de todos os filiados em até 24 horas, sob risco de expulsão.
No encontro no Palácio da Alvorada, que durou cerca de 1h30, Sabino explicou que pretende cumprir compromissos antes da saída.
Lula embarca domingo para Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU, e só retorna na quinta-feira, quando o ministro formalizará sua saída.
A ordem da Executiva Nacional do União Brasil foi aprovada na quinta-feira (18) e antecipou o desembarque da legenda da Esplanada.
O partido, que mantém federação com o PP, passou a cobrar ruptura imediata com o governo petista.
A resolução prevê abertura de processos disciplinares contra filiados que descumprirem a ordem.
O movimento do União ocorre em meio ao desgaste de seu presidente, Antonio Rueda, acusado em reportagem do ICL e UOL de envolvimento em negócios de aviação ligados ao PCC.
A cúpula da legenda atribuiu ao Planalto influência no vazamento da denúncia, o que ampliou o atrito com o governo.
Deputado federal licenciado pelo Pará, Sabino vinha conduzindo a preparação da COP30, que será realizada em Belém em novembro.
Ele defendia permanecer no cargo como plataforma para se projetar candidato ao Senado em 2026, possivelmente em aliança com o governador Helder Barbalho (MDB).
Lula teria sinalizado apoio a esse projeto, em um estado onde venceu com 54% dos votos no segundo turno de 2022.
A saída de Sabino será a 13ª mudança no ministério desde a posse de Lula em janeiro de 2023.
Com essa queda, o União Brasil perde sua presença formal no primeiro escalão, embora dois ministros, Waldez Góes (Integração Nacional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações), apadrinhados por Davi Alcolumbre (União-AP), tendam a se manter no governo.
A ruptura do União Brasil simboliza o enfraquecimento da base governista no Congresso, que já contava com apoios frágeis no centro e na direita.
O Planalto agora tenta preservar sua articulação via líderes regionais como Alcolumbre, mas o movimento indica que partidos da federação caminham para a oposição e se alinham com governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), provável adversário de Lula em 2026.
A queda de Sabino mostra que a tentativa de Lula de governar com centro e direita se esgarça a passos largos.
O União Brasil, partido de aluguel, já aponta para 2026, enquanto o governo perde mais um ministro estratégico.
O saldo político é negativo para o Planalto, que terá de repactuar sua base em meio ao calendário da COP30 e às disputas da sucessão presidencial.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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