O deputado estadual do Paraná Renato Freitas (PT), que apareceu em vídeos trocando socos e pontapés com um homem no centro de Curitiba, afirma que reagiu a uma agressão injusta e que foi alvo de uma provocação organizada. A assessoria do parlamentar divulgou as primeiras imagens da confusão, dizendo que o conteúdo revela o início da abordagem contra o deputado.
O material recoloca o caso em outro patamar político, às vésperas do Dia da Consciência Negra, e alimenta o debate sobre violência política contra lideranças negras e periféricas.
O vídeo mostra o deputado, um amigo e três homens vestidos de preto discutindo. Freitas pede várias vezes que um deles se afaste. O homem avança, o deputado o empurra e recebe um golpe no rosto. A briga se intensifica, o deputado tenta se defender e acaba atingido com um soco que quebrou seu nariz. Ele foi encaminhado para atendimento médico e afirmou que registrará Boletim de Ocorrência.
O homem que aparece nas imagens não teve identidade divulgada. Segundo apuração local, a polícia ainda não sabe seu paradeiro após a confusão.
A fala do deputado reforça esse relato. Ele disse que se defendeu, reconheceu que não “deu a outra face”, afirmou agir como qualquer cidadão e sustentou que reagiu “a uma injusta agressão”, em conformidade com a lei.
A repercussão nas redes cresceu com velocidade. A divulgação fragmentada dos vídeos pela manhã, em especial versões editadas que circularam em grupos de WhatsApp e chegaram às redações, criou uma narrativa inicial de que o deputado teria iniciado a agressão. A versão completa alterou o cenário.
Nos grupos de discussão, apoiadores e críticos trocaram avaliações duras. Integrantes de movimentos sociais afirmaram que se trata de “armação” planejada por extremistas, citando as camisetas pretas, a postura dos três homens e a edição profissional do primeiro vídeo divulgado. Outros participantes, mesmo simpatizantes do deputado, consideraram que ele caiu em provocação e pode enfrentar desgaste político diante da exposição pública.
Uma corrente destacou o caráter racial e político do episódio. “Deputado negro agredido na véspera do Dia da Consciência Negra”, escreveu um dos participantes, afirmando que comunidades periféricas verão o caso como resistência contra o assédio.
Outra parte do grupo advertiu que, mesmo diante da provocação, a reação física pode ser explorada por adversários para pressionar processos disciplinares na Assembleia Legislativa do Paraná.
A discussão também expôs diferentes percepções sobre o papel de uma liderança política diante da violência. Para alguns, Freitas agiu em legítima defesa física e moral. Para outros, deveria ter acionado a polícia para evitar cair na estratégia da extrema direita de transformar o caso em munição política.
O episódio segue sendo investigado. Enquanto isso, o caso se firma como mais uma batalha simbólica no ambiente polarizado de Curitiba, misturando violência, segundo notas do PCdoB e PT, racismo estrutural e disputa política direta contra uma das principais vozes progressistas da capital.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.





