O governador Ratinho Júnior (PSD) movimentou o tabuleiro político ao citar o presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi (PSD), como “grande liderança” e “amigo que tenho na política”.
O gesto, feito em evento público nesta sexta-feira (19), coloca o deputado no centro do debate sobre a sucessão ao Palácio Iguaçu em 2026.
Essa foi a segunda vez em uma semana que o governador declina o nome do presidente da ALEP, mas, novamente, deixou de citar o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), que hoje costeia o alambrado da centro-esquerda.
Ratinho afirmou que o grupo vive um “bom problema”, com nomes competitivos para a disputa estadual.
“Ainda está cedo, mas nós estamos dialogando com os pré-candidatos para construir uma boa chapa”, disse.
O governador completou que, “onde tem paz, tem prosperidade”, em referência ao esforço de manter unidade interna no PSD.
O movimento político ocorreu durante o lançamento das obras de ampliação do Contorno Sul de Curitiba e da duplicação da PR-423, entre Araucária e Campo Largo, na Região Metropolitana.
As intervenções integram o contrato da concessionária Via Araucária e fazem parte do novo programa de concessões rodoviárias, que ainda envolvem o governo do estado e o Novo PAC do governo federal.
Ratinho aproveitou a vitrine da infraestrutura para reforçar a imagem de gestor e, ao mesmo tempo, sinalizar sobre a sucessão.
Enquanto articula a disputa no Paraná, Ratinho Júnior também observa o cenário nacional.
A implosão da pré-candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), alvejado pelo clã Bolsonaro após articular uma anistia que mantém Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2060, abriu espaço para novas costuras.
Equidistante dessa crise, Ratinho surge como alternativa em 2026.
Para disputar o Planalto, contudo, o governador terá de migrar de legenda, saindo do PSD para o PL de Valdemar Costa Neto.
O movimento não é improvável: com Tarcísio fora da corrida presidencial e candidato à reeleição em São Paulo, Ratinho aparece como opção bolsonarista para enfrentar Lula (PT).
Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, pés largos, tem palanques regionais com petistas e é contumaz no Planalto.
No Paraná, Alexandre Curi tem ganho protagonismo.
Frequentador assíduo de Brasília, o deputado é visto como articulador habilidoso.
Nos últimos meses, Ratinho tem multiplicado aparições públicas ao lado do presidente da ALEP, em gesto que indica transferência de prestígio e possível preferência dentro do grupo.
O governador equilibra dois jogos simultâneos: pavimentar a sucessão estadual e abrir caminho rumo ao Planalto.
Ao citar Curi em um palanque de obras, Ratinho reforça a estratégia de usar a infraestrutura como vitrine administrativa e a política como ensaio de futuro.
O xadrez está apenas começando.
Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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