Racismo em posto de Curitiba choca e mobiliza sindicato

Mais um caso de racismo contra trabalhador em posto de combustível foi registrado em Curitiba, reacendendo o alerta sobre a violência racial que persiste no ambiente laboral. O crime ocorreu na noite de 5 de agosto, no Posto Mantra, bairro Mossunguê, quando um cliente se recusou a ser atendido por uma frentista negra, proferindo frases como: “Não quero ser atendido por você, se não fico doente” e “Não quero ser atendido por ela, por causa da cor dela”.

O episódio foi formalizado no Boletim de Ocorrência nº 997444/2025, lavrado no 9º Distrito Policial da Capital, e enquadra-se na Lei 7.716/89, que trata dos crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. Segundo o registro, o agressor chegou a delegar a outra funcionária a entrega do pedido, repetindo a ofensa e justificando que “era por causa da cor dela”. As câmeras do posto e de estabelecimentos próximos devem auxiliar na identificação do criminoso.

O Sindicato dos Frentistas (Sinpospetro) repudiou o ataque e informou ter acionado seu departamento jurídico para acompanhar o caso, prestando assistência jurídica e psicológica à trabalhadora. “Basta de racismo. Queremos trabalhar e ganhar o pão nosso de cada dia em paz”, afirmou o presidente Lairson Sena, que também requisitou formalmente as imagens de segurança.

Este não é um caso isolado. O Blog do Esmael já registrou episódios semelhantes em Curitiba e região metropolitana. Em 2023, um frentista de São José dos Pinhais denunciou um cliente que, ao se recusar a receber troco de suas mãos, disse que “não pegava nada de preto” (leia aqui). Em 2024, no bairro Rebouças, uma funcionária de loja de conveniência relatou ter sido chamada de “macaca” por um motorista que se irritou com o tempo de espera no caixa (leia aqui).

O histórico expõe um padrão de ofensas raciais que ultrapassa a esfera individual, exigindo respostas mais duras das autoridades e das empresas do setor. A luta contra a injúria racial no trabalho, como lembra o Sinpospetro, não é apenas por justiça a cada vítima, mas pelo direito de todos exercerem suas funções livres de preconceito e violência.

Aqui está o boletim de ocorrência policial: