Olha aí a capa da Veja: Sergio Moro o novo “caçador de marajás” nas eleições de 2022

O experiente jornalista Xico Sá não titubeou ao comparar a capa da revista Veja, desta semana, em que Sergio Moro é a estrela: “Dos mesmos criadores de “O caçador de marajás” – como o Collor foi promovido pela revista em 1989”.

A reportagem de capa da publicação da Abril é uma incrível prova de que o saco do chefe é o corrimão para a glória, senão vejamos: o controlador de Veja é o BTG Pactual, leia-se André Esteves, que já viu o Sol nascer quadrado em uma das fase da força-tarefa. Ele estava atrapalhando as investigações da Lava Jato, alegaram em novembro de 2015 os procuradores. O inquérito policial foi trancado no mês passado por determinação do ministro do STF Gilmar Mendes.

Possivelmente ainda sofrendo a Síndrome de Estocolmo, em que o sequestrado sente empatia pelo sequestrador, a revista de Esteves [que ele nega de pés juntos que não é o dono] afirma na reportagem de capa que a entrada de Moro na corrida eleitoral testa limites entre Justiça e política.

“Com a filiação do ex-juiz ao Podemos, futuro partido de Deltan Dallagnol, as estrelas da maior operação de combate à corrupção da história trocam os tribunais pelos palanques”, cravou na manchete.

Embora cite a ilegal prisão de Lula, a Veja não lembrou que o ex-juiz Moro foi condenado pelo STF e considerado suspeito. Um juiz ladrão, dizem juristas renomados do Brasil e do mundo. No entanto, a reportagem reconhece que a Lava Jato elegeu Jair Bolsonaro.

Há uma “babação no ovo” de Moro, sobre sua promessa de gerar emprego e combater a inflação, na filiação ao Podemos, mas a revista Veja não teve coragem de apontar a Lava Jato e o então juiz como responsáveis pelos prejuízos que beiram US$ 172,2 bilhões ao país e por desempregar ao menos 4,4 milhões de trabalhadores, segundo estudo do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

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Em contrapartida, a Lava Jato jura que recuperou R$ 4 bilhões em sete ano de existência, entre 2017 e 2021.

A reportagem longa, porém superficial, afirma que houve um “propósito político” da operação Lava Jato com a entrada de ex-procuradores e do ex-juiz na disputa eleitoral.

“Quando membros do Judiciário ou do Ministério Público constroem sua reputação em torno de julgamentos de casos com grande relevância política, a imagem que se passa é a de que toda atuação tinha um propósito político”, diz à Veja o especialista em direito eleitoral Luiz Eduardo Peccinin. “As candidaturas de Moro e Deltan apenas reforçam essa percepção”, completa.

Resumo da ópera: a velha mídia corporativa tenta fazer do suspeito ex-juiz Sergio Moro um novo caçador de marajás; quá!