Carlos Lupi cai após fraudes bilionárias no INSS; Wolney Queiroz assume

Carlos Lupi pediu demissão nesta sexta (2) da cadeira de ministro da Previdência Social. A decisão foi selada numa reunião com o presidente Lula (PT), que aceitou a saída do pedetista após o desgaste público causado pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.

O estopim? Um rombo bilionário nos benefícios do INSS — um esquema velho conhecido que voltou a assombrar Brasília, expondo a fragilidade da máquina pública e o silêncio cúmplice de quem deveria zelar por ela.

Fraude de R$ 6,3 bilhões e omissão de Lupi

O Blog do Esmael já vinha alertando: a bomba estava armada dentro da Previdência. E explodiu.

Segundo investigações da PF e da CGU, entidades descontavam ilegalmente mensalidades associativas de aposentados. Tudo sem autorização. As assinaturas eram forjadas, os cadastros adulterados e os valores arrancados direto dos benefícios — entre R$ 45 e R$ 77 por mês, na mão grande.

Só entre 2019 e 2024, o prejuízo estimado aos segurados chega a R$ 6,3 bilhões.

O caso veio à tona com uma série de reportagens do portal Metrópoles, que revelou os bastidores das fraudes e os empresários por trás das entidades. Muitos deles, como o “Careca do INSS”, aparecem em registros como sócios de mais de 20 empresas num mesmo endereço em Taguatinga (DF).

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Operação Sem Desconto: Ferrari, joias e omissão

Na operação da PF, agentes encontraram de tudo: dinheiro vivo, joias, carros de luxo — incluindo uma Ferrari. Um agente foi flagrado com US$ 200 mil em espécie.

Mas o que realmente derrubou Lupi foi a sua omissão política. Ele havia indicado o presidente afastado do INSS, Alessandro Stefanutto, e resistiu até o último minuto em demiti-lo. Pior: Lupi sabia das fraudes desde 2023 e nada fez.

A gota d’água foi o elogio público ao indicado, mesmo após Lula ordenar a exoneração. A fala de Lupi gerou irritação no Planalto e selou sua queda.

PDT pressionou e Lula cedeu

Nos bastidores, a queda de Lupi já era dada como certa desde o início da semana. O próprio PDT, preocupado com o desgaste, aconselhou o ministro a se antecipar à fritura.

O presidente Lula, por sua vez, apostou na contenção do estrago, escolhendo o número 2 da pasta, Wolney Queiroz, para assumir interinamente o comando do ministério.

A gestão de Lupi, aliás, já vinha sendo criticada há tempos pela ineficiência em resolver filas de perícias e problemas estruturais no INSS.

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Mais do que uma demissão, um sinal de alerta

A queda de Lupi não é só um episódio administrativo, é um reflexo do quanto a máquina estatal segue capturada por interesses obscuros, atravessando gestões — de Bolsonaro a Lula.

A fraude, iniciada ainda no governo anterior, se manteve sob a vista grossa de um ministro que, por inação, acabou se tornando cúmplice.

A demissão não apaga os danos, mas abre uma oportunidade para reformar de verdade o sistema, com transparência, controle social e proteção aos aposentados.

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Entenda o escândalo do INSS

O que levou à demissão de Carlos Lupi?

Lupi caiu após omitir-se diante de um esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos nos benefícios do INSS. Ele indicou o presidente do órgão e não tomou providências ao ser alertado em 2023.

O que é a Operação Sem Desconto?

Deflagrada pela PF e CGU, a operação investiga entidades que fraudaram a filiação de aposentados para aplicar descontos ilegais em seus benefícios. O prejuízo pode passar de R$ 6,3 bilhões.

Quem assume o Ministério da Previdência?

Wolney Queiroz, secretário-executivo da pasta, foi nomeado interinamente. A escolha definitiva caberá ao presidente Lula.

Quem assume o Ministério da Previdência?

Wolney Queiroz é um quadro político do PDT nacional. Ele foi deputado federal pelo estado de Pernambuco.

O esquema começou no governo Lula?

Não. A fraude teve origem no governo Bolsonaro, mas prosseguiu no atual governo, com conivência ou omissão da cúpula da Previdência.

O que será feito para ressarcir os lesados?

Segundo Lula, a Advocacia-Geral da União (AGU) irá processar as entidades responsáveis pelas cobranças ilegais para garantir a devolução do dinheiro aos aposentados.

A lição que fica

A saída de Carlos Lupi da Previdência expõe mais do que um desgaste político. Mostra, com todas as letras, o desafio de governar com estruturas corroídas por décadas de privatizações disfarçadas e interesses cruzados entre velhas elites e supostas associações “representativas”.

A raiz do problema não está apenas nas fraudes. Está na terceirização da política pública, na captura dos direitos sociais por entidades fantasmas e na fragilidade da regulação estatal frente a um mercado predador.

Se quiser avançar, o governo Lula precisa reestatizar a dignidade, colocar o povo no centro da política previdenciária e garantir que o INSS volte a ser um instrumento de cidadania — não um balcão de negócios.

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Aqui está a íntegra do pedido de demissão de Carlos Lupi

Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade.

Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula.

Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador.

Continuarei acompanhando de perto e colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente.

Deixo meu agradecimento aos mais de 20 mil servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social, profissionais que aprendi a admirar ainda mais nestes pouco mais de dois anos à frente da Pasta. Homens e mulheres que sustentam, com dedicação, o maior programa social das Américas.

CARLOS LUPI

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