O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou, nesta quarta-feira (30), o procurador federal Gilberto Waller Júnior para a presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão ocorre no olho do furacão político-midiático que envolve acusações de fraudes bilionárias e a tentativa da Globo de emplacar uma CPI do INSS no Congresso.
A nomeação será publicada em edição extra do Diário Oficial da União. Segundo Lula, é hora de virar a página e responsabilizar as entidades que lesaram aposentados e pensionistas.
“O esquema acabou. Agora é hora de devolver o dinheiro ao povo”, afirmou o presidente em rede nacional.
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Globo pressiona por CPI, mas Lula sustenta Carlos Lupi
Enquanto o Palácio do Planalto nomeia Waller para blindar o INSS, a velha TV Globo tenta ressuscitar o modus operandi da Lava Jato, pedindo cabeças — e mirando diretamente no ministro Carlos Lupi (PDT). A emissora não esconde sua sede por uma nova comissão parlamentar de inquérito.
Mas o que está por trás desse clamor pela moralidade?
A guerra não é contra a corrupção — é pelo palanque de 2026
A moral da história não é sobre ética pública. É sobre controle de pauta, palanque e poder de barganha. Em 2024, a Globo recebeu R$ 126 milhões em publicidade federal, a maior fatia entre todos os veículos de comunicação. Com Lula, a Globo faz oposição — remunerada.
“CPI do INSS nas mãos do PL é só palanque eleitoral”, disparou o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).
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Esquema começou em 2019, no governo Bolsonaro
Segundo a CGU e a Polícia Federal, os descontos indevidos em benefícios começaram ainda em 2019, na gestão de Rogério Marinho, então secretário da Previdência no governo Bolsonaro. Marinho, aliás, foi o padrinho político do ex-presidente do INSS.
A Globo quer CPI? Então que explique seu silêncio de 2019 a 2022 — período em que o esquema no INSS começou, segundo CGU e PF.
Gilberto Waller assume com currículo robusto
Waller é procurador federal desde 1998, já foi corregedor do INSS, ouvidor-geral da União e corregedor-geral da CGU. Atualmente, atuava como corregedor na Procuradoria-Geral Federal, braço da Advocacia-Geral da União (AGU). Sua escolha indica que o governo aposta em técnicos de confiança para blindar o instituto da instrumentalização política.
A dança de Lupi: segura agora, mas sem blindagem eterna
Nos bastidores, Lula segura Lupi — por enquanto. Mas já cobrou explicações públicas e ação firme. O governo quer virar a página do escândalo sem cair na armadilha midiática. Se surgir prova concreta contra o ministro, a queda será inevitável. Se não surgir, Globo e oposição ficarão no grito — e no prejuízo político.
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Tudo que você precisa saber sobre a fraude do INSS
A Globo está pedindo uma CPI contra Carlos Lupi?
Indiretamente, sim. A emissora pressiona pela CPI do INSS, mesmo sem acusar Lupi formalmente de crime.
O que Lula fez sobre o escândalo do INSS?
Determinou investigações via PF e CGU e nomeou novo presidente com perfil técnico para moralizar o órgão.
A oposição conseguirá abrir a CPI?
Dificilmente. Há 12 pedidos na fila e só cinco podem funcionar ao mesmo tempo. A decisão é do presidente da Câmara.
Quando começou a fraude no INSS?
A ministra Gleisi Hoffmann afirmou que o esquema de fraudes no INSS começou quando Rogério Marinho era secretário nacional de Previdência no governo Bolsonaro.
A Globo é imparcial nessa história?
Não parece. Mesmo sendo líder em verbas publicitárias do governo, pressiona politicamente o Planalto.
O governo que banca é o mesmo que apanha
O caso do INSS escancara um velho paradoxo brasileiro: o governo Lula financia quem pede sua cabeça em horário nobre. A Globo, que deveria esclarecer, opta por construir narrativas seletivas para manter poder de barganha — especialmente num ano pré-eleitoral.
Lula, por ora, escapa da cama de gato. Mas se seguir esse roteiro até 2026, corre o risco de reviver a queda de Dilma: confiar demais em quem lucra com sua queda.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.