Congresso transforma análise dos vetos de Lula em teste de força para 2026

Blog do Esmael, direto de Brasília – O Congresso Nacional se prepara para transformar a análise dos 63 vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quinta (27), naquilo que parlamentares já chamam de “sessão de recontagem de garrafas”. Nada ali será apenas técnico. Cada voto, cada ausência e cada articulação antecipará o mapa real de apoios para a eleição de 2026, nacional e regional.

Direto de Brasília, o Blog do Esmael percorre gabinetes onde a temperatura política subiu nas últimas horas. Líderes admitem que a sessão será o primeiro grande teste do pós-turbulência institucional, com o governo buscando medir a fidelidade de sua base e a oposição calibrando seu grau de resistência após a prisão de Jair Bolsonaro (PL) e a reorganização da direita.

A leitura no Planalto é clara. Com o calendário eleitoral avançando e ministros já em disputa por palanques estaduais, Lula precisa identificar quem entrega voto nas matérias estratégicas e quem faz corpo mole para valorizar o passe. Os vetos sobre licenciamento ambiental e temas orçamentários são considerados cruciais para essa radiografia.

Do ponto de vista prático, o governo Lula trata como encerrado o ano político, restando apenas a análise dos vetos e a sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, que pode ser empurrada para depois. O Planalto ainda não enviou ao Senado a mensagem formal da indicação, embora o nome já esteja publicado no Diário Oficial da União. Isso significa que Messias seguirá aguardando para ocupar a cadeira aberta com a saída de Luís Roberto Barroso do STF.

No corredor oposto, PL, Republicanos e União Brasil tratam a sessão como um aquecimento. A oposição quer provar que não perdeu musculatura e que ainda pode criar dificuldades regimentais e políticas ao governo. Um senador ouvido pelo Blog resumiu a estratégia: “Antes de 2026, todo veto derrubado é um recado”.

A ausência dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), na cerimônia de sanção da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil também repercutiu forte entre parlamentares. O gesto foi lido como sinal de distanciamento calculado do Planalto às vésperas da análise dos vetos, numa tentativa de marcar posição e elevar o preço das negociações. Nos bastidores, aliados lembravam que ambos comandam pautas sensíveis e sabem que qualquer movimento nesta semana será interpretado como recado político direto ao governo.

Também chamam atenção os movimentos do chamado bloco independente. MDB, PSD e parte do Centrão negociam como quem sabe que cada gesto vale espaço nos palanques regionais. Governadores devem atuar à distância, pressionando suas bancadas para marcar posição antes que as alianças estaduais sejam fechadas.

A quinta-feira, portanto, tende a ser menos sobre os vetos e mais sobre o que eles revelam. Quem votar com o governo reforça caminhos para acordos em 2026. Quem divergir sinaliza rupturas, ambições próprias ou alinhamentos ainda subterrâneos. Como admite um líder governista, “o veto mostra o tamanho de cada um”.

É por isso que parlamentares experientes tratam a sessão como um divisor de águas. O Congresso não estará apenas votando. Estará contando garrafas, pesando apoios e testando a resistência das pontes que Lula tentará atravessar no ano eleitoral.

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