Haley desiste e Trump caminha para reencontro com Biden nas eleições de 2024

Em uma reviravolta dramática nas primárias presidenciais republicanas, Nikki Haley encerrou sua campanha nesta quarta-feira, 6 de março, abrindo caminho para um confronto de titãs entre o ex-presidente Donald Trump e o atual presidente democrata Joe Biden nas eleições de novembro.

A decisão de Haley, ex-governadora da Carolina do Sul e embaixadora de Trump na ONU, ocorre após uma Super Terça-feira desastrosa, onde Trump conquistou vitórias convincentes em 14 dos 15 estados que realizavam votações.

“Chegou a hora de suspender minha campanha”, declarou Haley a seus apoiadores em Charleston. “Não tenho arrependimentos.”

Embora reconhecendo a provável indicação de Trump, Haley se absteve de endossá-lo. “Agora cabe a Donald Trump conquistar os votos daqueles em nosso partido e além que não o apoiaram”, disse ela. “Espero que ele faça isso.”

Enfatizando sua experiência em política externa na ONU, Haley destacou a importância de manter a liderança global dos Estados Unidos. Ao longo de sua campanha, ela defendeu o apoio americano à Ucrânia contra a agressão russa, uma posição contrária à de Trump.

“Se recuarmos ainda mais, haverá mais guerra, não menos”, afirmou ela.

Economia

Ainda nesta quarta-feira, Trump conquistou o apoio de Mitch McConnell, o líder republicano de longa data do Senado, visto por alguns linha-dura do partido como insuficientemente alinhado ao ex-presidente.

“Não deve ser surpresa que, como indicado, ele terá meu apoio”, disse McConnell, que está deixando o cargo de líder. No momento em que Haley reconhecia a derrota, ele a criticava antes de convidar seus apoiadores a se unirem a ele. “Nikki Haley foi DERROTADA ontem, de forma esmagadora”, escreveu Trump na plataforma de mídia social Truth Social.

Em contraste, Biden elogiou Haley por ousar “falar a verdade” sobre Trump e estendeu seu próprio convite aos seus apoiadores. “Donald Trump deixou claro que não quer os apoiadores de Nikki Haley. Quero deixar claro: há um lugar para eles na minha campanha”, disse Biden em um comunicado.

Também hoje, Trump reiterou sua disposição para debater com Biden em uma postagem no Truth Social. Os debates normalmente são realizados após as convenções de nomeação dos partidos em julho e agosto.

Em resposta, o porta-voz da campanha de Biden, Michael Tyler, disse: “Essa é uma conversa que teremos no momento apropriado deste ciclo.” Trump se recusou a participar de qualquer debate realizado durante a disputa pela indicação republicana.

Haley durou mais do que qualquer outro desafiante republicano de Trump, mas nunca representou uma ameaça séria ao ex-presidente, cujo domínio férreo sobre a base do partido permanece firme, apesar de múltiplas acusações criminais.

Uma disputa histórica e divisora

A revanche entre Trump, de 77 anos, e Biden, de 81 – a primeira repetição de uma disputa presidencial americana desde 1956 – é algo que poucos americanos desejam. As pesquisas de opinião mostram que tanto Biden quanto Trump têm baixos índices de aprovação entre os eleitores.

A eleição promete ser profundamente divisora em um país já marcado pela polarização política. Biden classificou Trump como um perigo existencial para os princípios democráticos, enquanto Trump buscou reavivar suas falsas alegações de vitória em 2020.

Haley, de 52 anos, atraiu o apoio de doadores ricos com a intenção de impedir Trump de conquistar a indicação presidencial republicana pela terceira vez consecutiva, principalmente após uma série de fortes desempenhos nos debates republicanos que Trump evitou.

No entanto, ela não conseguiu atrair um número suficiente de eleitores conservadores. Mas seu desempenho mais forte entre republicanos moderados e independentes destacou como o estilo político radical de Trump pode torná-lo vulnerável na eleição de 5 de novembro contra Biden.

Assim como em 2020, a corrida deve se resumir a um punhado de estados indecisos, graças ao sistema do Colégio Eleitoral “o vencedor leva tudo”, que determina a eleição presidencial. Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin devem ser disputados acirradamente em novembro.

As questões centrais da campanha já começaram a ganhar foco. Apesar do baixo desemprego, do mercado de ações aquecido e da inflação amenizando, eleitores mostram insatisfação com Biden na economia, apesar dos dados positivos do mercado de trabalho e da bolsa de valores.

Também deverão ganhar destaque na campanha eleitoral questões como imigração ilegal, ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio dos EUA e aborto.

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