Greve de motoristas de ônibus de São Paulo é marcada para sexta-feira (1º/12)

Disputa pelo comando do SindMotoristas é principal motivo da paralisação

Os motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo entram em greve na sexta-feira (1º/12), em protesto ao cancelamento do resultado da eleição para a presidência do SindMotoristas, o sindicato da categoria.

A chapa de Edvaldo Santiago, que venceu o pleito com cerca de 70% dos votos, afirma que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) cancelou duas audiências no processo que trata da suspensão das eleições.

Santiago é filiado ao PCdoB paulistano.

A expectativa é que a Justiça considere o resultado do pleito como legítimo nesta quinta-feira (30/11), para que a greve seja cancelada.

A disputa pelo comando do SindMotoristas é marcada por polêmicas.

Economia

Uma das questões em debate é o método de votação.

Três das quatro chapas que concorriam à presidência queriam que as eleições fossem feitas com urnas eletrônicas, fornecidas pela Justiça Eleitoral, para evitar fraudes.

Já a chapa de Edvaldo Santiago preferiu cédulas de papel, como está no estatuto da entidade.

A suspensão do resultado da eleição atendeu a pedido de uma das chapas da disputa, o Grupo Oposição e Luta — contrário à atual direção.

A greve de sexta-feira afetará cerca de 4,5 milhões de passageiros que utilizam o transporte público coletivo na capital paulista.

A disputa pela presidência do SindMotoristas envolve dois nomes principais: Edvaldo Santiago e Valdevan Noventa.

Santiago é ligado a Cristiano Porangaba, o Crizinho, que presidia o sindicato até o início do mês.

Noventa, por sua vez, é o atual presidente da entidade.

Noventa venceu a última eleição, ocorrida em 2018, que previa mandato até o fim de 2023.

Naquele mesmo ano, o sindicalista, que já tinha vencido a disputa em 2013, marcada por um tiroteio, foi eleito deputado federal pelo estado de Sergipe, onde nasceu.

O sindicalista Noventa é filiado ao Partido Liberal (PL), mesma legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Dessa forma, a partir de 2019, ele passou a acumular tanto a presidência do sindicato dos motoristas de ônibus paulista como o cargo de deputado federal por Sergipe.

Em 2020, porém, uma série de irregularidades na prestação de contas de sua campanha levou a Justiça Eleitoral a cassar o mandato de deputado.

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a anular a cassação, mas a segunda turma do STF reverteu a decisão, que foi efetivada em abril do ano passado.

Quatro meses depois, em agosto de 2022, Valdevan Noventa foi alvo de investigação de crimes tributários, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) apontou uma série de indícios de que o grupo dele desviou dinheiro do sindicato por meio de contratos de prestação de serviço com empresas de fachada.

Ele sempre negou as acusações.

Naquela ocasião, a 2ª Vara de Crimes Tributários da capital determinou o afastamento de Noventa da presidência do sindicato, abrindo caminho para que Crizinho assumisse o comando da entidade.

Entretanto, as investigações contra Noventa, que corriam em dois inquéritos em São Paulo, foram enviadas à 27ª Zona Eleitoral de Aracaju, por suspeita de que ele tenha usado os recursos para financiar sua campanha por meio de caixa 2.

Segundo a Justiça do Trabalho de São Paulo, o juiz eleitoral revogou as medidas cautelares impostas ao ex-deputado, assegurando a recondução de Noventa ao cargo de presidente do Sindimotoristas.

A greve de sexta-feira pode causar transtornos significativos para a população de São Paulo, mas ela é fundamental para assegurar a vontade das urnas.

O transporte público coletivo é essencial para o deslocamento de milhões de pessoas na cidade, e sua interrupção pode afetar o trabalho, a educação e o lazer.

No entanto, está na mão da justiça do trabalho reconhecer o resultado da eleição do Sindimotoristas e encerrar o movimento paredista.

A greve pode prejudicar a economia da cidade, já que o comércio e os serviços dependem do transporte público para o deslocamento de seus funcionários e clientes.

É importante ressaltar que a greve é um direito dos trabalhadores, mas também é importante que ela seja realizada de forma pacífica e com respeito à população.

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