O ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), surpreendeu aliados e frustrou os planos de uma chapa “G-G”, ao rejeitar a proposta de ser vice do secretário Guto Silva (PSD) na corrida pelo governo do Paraná em 2026. Em evento recente, diante de lideranças do partido e da base do governador Ratinho Júnior (PSD), Greca discursou em tom de pré-candidatura, afirmando que quer “cuidar do Paraná”.
“E eu quero cuidar do Paraná! Me deixem cuidar do Paraná! Curitiba saiba: o Rafael Greca quer ser candidato. Olha o mau olhado!”, declarou o ex-prefeito, em tom teatral, lembrando que “já ganhou uma eleição sem microfone” e citando Ratinho Júnior, Eduardo Pimentel, Beto Richa, Alexandre Curi e o próprio Guto Silva como parte do “time” que quer defender a continuidade do atual governo.
A fala caiu como uma ducha fria sobre os planos de Guto Silva, que tenta se viabilizar como candidato de consenso dentro do PSD. Até então, a ideia da cúpula era formar uma dupla equilibrada: Guto como cabeça de chapa, com Greca na vice, reunindo experiência administrativa e força eleitoral na capital numa dobradinha G-G [“G” de Guto + “G” de Greca].
No sábado (25), eles prestigiaram o prefeito Eduardo Pimentel na inauguração da segunda Fazenda Urbana de Curitiba, na Cidade Industrial, ampliando a estratégia da cidade em segurança alimentar, agricultura urbana e educação ambiental.
O evento contou com a presença de Guto Silva e Alexandre Curi, que também sonha com o Palácio Iguaçu. Ambos disputam, nos bastidores, a bênção de Ratinho Júnior, cujo aval será decisivo para definir o nome do grupo em 2026.
Greca, que concluiu seu segundo mandato como prefeito de Curitiba com aprovação expressiva, tenta manter-se politicamente ativo após um “gelo” do Palácio Iguaçu e correligionários de Ratinho Jùnior. Sua volta ao tabuleiro estadual é vista como um movimento que embaralha a sucessão dentro do PSD, hoje dividido entre Curi, Guto e setores que cogitam até uma candidatura do vice-governador Darci Piana para compor o arco governista.
O ex-prefeito vem reforçando o discurso de continuidade do modelo Ratinho, centrado em obras de infraestrutura, parcerias público-privadas e expansão industrial. “O que está bem feito não pode retroceder”, repetiu, em referência ao mote usado pelo governador desde 2022.
Com o gesto público, Greca se posiciona para negociar de igual para igual e deixa claro que não pretende ser coadjuvante. Nos bastidores, aliados afirmam que ele só toparia ser vice de Alexandre Curi.
Greca colocou pimenta na sucessão de Ratinho Júnior. O “sim” à candidatura própria e o “não” à vice de Guto Silva embaralham o xadrez do PSD, que agora terá de administrar três projetos em paralelo: o de Curi, o de Guto e o de Greca. O governador, como sempre, segue como o maestro dessa orquestra que só toca ao seu sinal.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




