Uma reportagem da Globo desta semana sobre o aumento da riqueza na elite do agronegócio brasileiro desencadeou debates acalorados sobre as implicações econômicas e sociais desse fenômeno. No centro desse turbilhão estão jatinhos, grifes, e casas de luxo pagas à vista, símbolos do crescente poder econômico da elite agropecuária.
Segundo um estudo de Sérgio Gobetti, publicado no Observatório de Política Fiscal da FGV, a renda do 0,01% mais rico em estados com forte presença agropecuária, como Mato Grosso do Sul, saltou 131% acima da inflação entre 2017 e 2022. Essa onda de riqueza está impulsionando mercados de luxo nestas regiões, com um aumento notável em empreendimentos imobiliários de alto padrão e na aviação executiva.
Essa pujança do agronegócio é, em grande medida, alimentada por financiamentos com recursos públicos. Bancos como o Banco do Brasil, que detém 60% do mercado de crédito rural, e o BNDES, são fundamentais neste processo. Em 2023, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 240 bilhões para financiar a safra, com o BNDES contribuindo com R$ 38,4 bilhões.
Adicionalmente, em julho do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou o Plano Safra 2023/2024, alocando R$ 364,22 bilhões para o financiamento da agricultura e pecuária empresarial. Esse crédito apoia tanto grandes produtores quanto aqueles enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
Além disso, nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), houve uma verdadeira farra que favoreceu o agro por meio de lobby da bancada ruralista no Congresso Nacional.
O setor do agronegócio conseguiu, por exemplo, renegociar de dívidas que custaram aos cofres públicos R$ 17,1 bilhões e obtive descontos de até 95% para liquidação à vista de dívidas vencidas, desconto nas taxas de juros e prazo de até 100 meses para renegociação a prazo das dívidas vencidas, facilidades para acesso a crédito e financiamento de dívidas não previdenciárias, desoneração nas contribuições relativas à seguridade social e em taxas de cartório, etc.
A título de comparação, uma média ou pequena empresa brasileira não encontra tantas facilidades como o agro.
Os dados revelam uma realidade preocupante: a disparidade de renda. A renda dos mais ricos em estados como Mato Grosso é até 364 vezes maior que a da classe média. Enquanto isso, o crescimento dessa elite contrasta com a estagnação salarial da maioria da população brasileira.
Essa ostentação patrocinada pelo dinheiro público levanta questionamentos éticos e políticos. A concentração de riqueza e poder nas mãos de uma pequena elite agrícola não apenas perpetua a desigualdade socioeconômica, mas também coloca em cheque a eficácia das políticas públicas destinadas a promover um desenvolvimento mais equitativo.
O agronegócio, sem dúvida, é um motor da economia brasileira, mas o desafio que se impõe é como equilibrar esse crescimento com a necessidade urgente de reduzir as disparidades sociais e garantir que os benefícios do progresso sejam compartilhados por todos.
No entanto, apesar dessa ostentação, o agro alega que emprega cerca de 28 milhões de pessoas no país.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
O agro faz parte do tripé vergonhoso que emburreci o Brasil, pilantras, picaretas, bandidos, exploradores do povo brasileiro, Boi, Bíblia e Bala
Já passou da hora do governo Lula enfiar um imposto pesado no rabo destes FDP e investir pesado na reforma agrária.