Gleisi resiste à pressão por demissão de Lupi no caso INSS

Se depender da ministra Gleisi Hoffmann, o ministro Carlos Lupi (Previdência) não será rifado tão facilmente pela velha mídia — nem pelas forças ocultas da “herança maldita” deixada pelo governo Bolsonaro.

Em plena sexta-feira (2), enquanto colunistas e emissários do mercado cravavam a demissão de Lupi, a responsável pela articulação política de Lula manteve a serenidade. Reafirmou, inclusive, o que já havia dito em rede nacional: não há absolutamente nada que envolva Lupi diretamente nas investigações do escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias.

“Não tem nada contra o Lupi no inquérito de 1.900 páginas”, reiterou Gleisi à GloboNews.

A frase é forte. E tem endereço certo: o consórcio midiático que tenta fabricar culpados, desviar o foco da corrupção herdada do bolsonarismo — e desgastar Lula por tabela.

Além disso, há interesses financeiros cruzados da velha mídia com os bancos –que estão de olho no trilionário mercado de consignados e afins.

PDT já havia acionado STF contra juros altos — e agora mira o rentismo travestido de crise no INSS

A ofensiva contra o ministro Carlos Lupi não acontece no vácuo. Em dezembro passado, o próprio PDT, partido de Lupi, ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação inédita: uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) questionando a política de juros do Banco Central e o uso de critérios considerados “subjetivos” para definir a Selic, que à época estava em 12,25% ao ano [na próxima reunião do Copom, especulação a elevação dos atuais 14,25% para 14,75%].

Mas o pano de fundo é ainda mais espinhoso.

O PDT denunciou que o Banco Central atua baseado exclusivamente nas projeções do Boletim Focus, elaborado por agentes do sistema financeiro, sem considerar indicadores sociais como desemprego, pobreza ou queda no poder de compra.

Essa denúncia expõe uma guerra de interesses: de um lado, um partido historicamente trabalhista; do outro, o rentismo institucionalizado que lucra bilhões com juros altos e dívidas impagáveis.

Bancos, mídia e consignados: os bastidores da pressão por uma queda

Não por acaso, a possível saída de Lupi do Ministério da Previdência ocorre justamente num momento em que bancos e setores da velha mídia miram o trilionário mercado dos consignados.

Hoje, aposentados e pensionistas do INSS representam uma das maiores carteiras de crédito do país. Com a digitalização das concessões e a pulverização das fintechs, esse filão virou objeto de cobiça — inclusive de parceiros comerciais de veículos de imprensa, que silenciam sobre o escândalo herdado do governo Bolsonaro, mas amplificam a “culpa” de Lupi.

Há, portanto, um claro interesse cruzado entre instituições financeiras e conglomerados de mídia, que se valem da crise para deslocar figuras políticas incômodas e capturar espaços estratégicos da máquina pública.

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Saída de Lupi é negociada, mas clima é de armadilha

Apesar da defesa pública, fontes próximas ao Planalto admitem que há articulação para a substituição de Lupi antes da viagem de Lula à Rússia. Mas a cautela reina. E com razão.

O governo avalia manter o comando do ministério nas mãos do PDT. Entre os nomes cogitados, surgem:

  • André Figueiredo, deputado federal do Ceará
  • Wolney Queiroz, atual secretário-executivo e ex-deputado por Pernambuco

A ideia seria promover um “choque de gestão” sem romper com a base pedetista — e sem dar munição para adversários em ano pré-eleitoral.

Lupi teme parecer bode expiatório

Dentro do PDT, o recado foi dado: Lupi deve sair para preservar o partido e a relação com o Planalto.

Mas o ministro, que é presidente licenciado da sigla, não quer sair como confissão de culpa. Nos bastidores, ele reclama de estar sendo usado como bode expiatório de um esquema que não começou em sua gestão.

Setores ligados a Ciro Gomes, por outro lado, enxergam na crise uma chance de cortar os laços com o governo Lula.

CGU diz que houve omissão; INSS se defende

O relatório da CGU alega que o INSS ignorou seis alertas sobre os descontos ilegais — enviados entre maio e julho de 2024.

O INSS, porém, sustenta que respondeu a todos os ofícios e nunca foi ignorante quanto aos pedidos da CGU. O impasse virou mais um ingrediente do caldeirão político que ameaça desestabilizar o ministro.

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Gleisi crava: o roubo aos aposentados começou no governo Bolsonaro

Ministra Gleisi Hoffmann, em entrevista exclusiva ao Blog do Esmael. Foto: reprodução
Ministra Gleisi Hoffmann, em entrevista exclusiva ao Blog do Esmael. Foto: reprodução

Gleisi Hoffmann não deixa margem para revisionismo histórico. Em postagens nas redes sociais, a ministra voltou a afirmar que o esquema fraudulento começou no governo Bolsonaro, com acordos e autorizações firmados por ex-dirigentes da Previdência daquela época.

“Diferente do governo anterior, a PF, CGU e AGU estão agindo de forma contundente”, escreveu.

Segundo Gleisi, mais de 10 operações já foram deflagradas apenas em 2025, com foco nos desvios que atingiram aposentados e pensionistas.

Por que Gleisi resiste à demissão de Lupi

Carlos Lupi será demitido por Lula?

A saída é avaliada, mas Gleisi Hoffmann reforça que não há provas contra ele. A decisão final será política e estratégica.

Quem pode assumir o lugar de Lupi no INSS?

Os nomes mais cotados são André Figueiredo (PDT-CE) e Wolney Queiroz (PDT-PE), mantendo o ministério com o PDT.

O esquema do INSS começou com Lula?

Não. Segundo a CGU e a própria Gleisi, as raízes da fraude remontam ao governo Bolsonaro, com permissões assinadas por ex-dirigentes da época.

Por que o escândalo do INSS caiu no colo de Lupi?

Lupi herdou o problema e, segundo críticos, foi lento nas reações. Mas não há provas de participação ou omissão dolosa.

A saída de Lupi seria uma armadilha política?

Para setores do PT, sim. A crise teria sido instrumentalizada para desgastar Lula e semear divisão na base aliada.

Análise crítica: mídia cria o escândalo, governo apaga o incêndio

O caso Lupi escancara mais uma vez a estratégia da velha mídia: colocar Lula no banco dos réus por um esquema que começou antes de seu terceiro mandato.

A narrativa da “omissão” serve apenas para esconder a responsabilidade de quem realmente permitiu a farra dos descontos: os gestores da era Bolsonaro. E ainda tenta emparedar o presidente, que agora precisa equilibrar justiça e governabilidade.

Você acha que Lula deveria manter Lupi ou ceder à pressão da mídia? Comente, compartilhe e fortaleça o debate no Blog do Esmael.

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