França ameaça entrar em guerra contra a Rússia

Macron considera o envio de tropas europeias para a Ucrânia em meio à escalada do conflito com os russos

O presidente francês, Emmanuel Macron, levantou a possibilidade de enviar tropas europeias para a Ucrânia, marcando uma potencial escalada significativa no maior conflito terrestre que a Europa testemunha desde a Segunda Guerra Mundial. As declarações de Macron, feitas após uma cúpula em apoio à Ucrânia, provocaram uma resposta beligerante do Kremlin e levaram líderes europeus a se retratarem. Um oficial da OTAN afirmou que a aliança não possui “planos” de implantar tropas de combate na Ucrânia.

A invasão da Ucrânia pela Rússia completou dois anos no sábado (24/2) com o fracasso, ao menos até o momento, da estratégia dos Estados Unidos e aliados de, por meio de sanções econômicas, forçar a Rússia a retirar as tropas do campo de batalha. Para especialistas, a situação da Rússia hoje é mais confortável do que a da Ucrânia na guerra.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, presente na reunião em Paris, declarou que, apesar do debate acalorado, os participantes foram “unânimes” contra o envio de tropas. Macron, contudo, ressaltou que “nada deve ser descartado” e que farão “tudo o que for possível” para evitar a vitória russa no conflito.

Diversos líderes europeus, incluindo Reino Unido, Polônia, Espanha e Itália, juntamente com representantes da Hungria e Eslováquia, rejeitaram a ideia de enviar tropas terrestres. Scholz reiterou que “desde o início, ficou acordado que não haverá tropas no solo ucraniano enviadas por países europeus ou estados da OTAN.”

Apesar da resistência à implantação de tropas, Macron anunciou a formação de uma nova coalizão para fornecer mísseis de médio e longo alcance à Ucrânia. Diante da retenção de R$300 bilhões de financiamento americano pelo Congresso, a responsabilidade de armar a Ucrânia tem recaído sobre a Europa.

Economia

Soldados ucranianos relatam escassez de munição nas linhas de frente, afetando seu desempenho. O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, alertou que “milhões” poderiam morrer sem mais auxílio dos EUA. A União Europeia já comprometeu mais de R$740 bilhões em ajuda à Ucrânia, mas o envio de tropas seria um passo drástico, impensável quando a Rússia iniciou a invasão há dois anos.

Macron destacou a evolução do apoio das democracias ocidentais, especialmente da Alemanha, que inicialmente forneceu capacetes e sacos de dormir e agora reconhece a necessidade de mais armamentos. O presidente alertou que o Ocidente está sempre atrasado, enfatizando a humildade necessária diante dos desafios.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o envio de tropas à Ucrânia colocaria o Ocidente em conflito com Moscou, considerando-o inevitável. Macron, ao sediar a cúpula, busca reafirmar-se como líder simbólico de uma Europa unida, antecipando uma possível reeleição de Donald Trump, conhecido por sua postura anti-OTAN.

Macron, ao aparentemente flexibilizar sua oposição à compra de armas fora da UE, reconhece a urgência de rearmar a Ucrânia. Isso, entretanto, não significa um abandono da autonomia estratégica a longo prazo, mas uma necessidade imediata diante da escassez de armamentos europeus devido à guerra na Ucrânia.

Em meio a debates sobre a autonomia estratégica da Europa e o papel dos EUA na segurança europeia, Macron lidera a defesa de uma política externa mais assertiva e independente. Enquanto os EUA descartam o envio de tropas, a Europa enfrenta o desafio de se proteger contra potenciais agressões russas.

O Departamento de Estado e o Pentágono dos EUA reiteraram a recusa do presidente Joe Biden em enviar tropas americanas para lutar na Ucrânia. A OTAN também descartou o envio de suas tropas para o conflito.

A situação na Ucrânia permanece volátil, com Macron buscando liderar a resposta europeia, equilibrando a necessidade imediata de apoio militar à Ucrânia com a visão a longo prazo da autonomia estratégica europeia. O desfecho dessa crise pode moldar não apenas o futuro da Ucrânia, mas também a dinâmica geopolítica da Europa.

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