Questão da privatização da Copel gera polêmica entre políticos paranaenses
A questão da privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel) tem gerado intensos debates entre políticos e líderes partidários no estado do Paraná. Em uma transmissão ao vivo, neste domingo (2/7), o ex-governador do Paraná, Roberto Requião, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), expressou sua preocupação em relação ao processo de venda da Copel e fez críticas à postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao assunto.
De acordo com Requião, o presidente Lula ainda não revogou um decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que visava legalizar a privatização da empresa. O ex-governador ressaltou a ilegalidade do processo de venda da Copel e afirmou que o ato está sendo conduzido de forma rápida e questionável.
Durante sua fala, Requião destacou a importância estratégica da Copel para o Paraná, mencionando que a empresa possui recursos financeiros significativos, inclusive para garantir a construção de novas usinas. No entanto, segundo ele, esses recursos foram distribuídos de forma questionável, prejudicando os consumidores da companhia.
O ex-governador ainda levantou a questão sobre a postura dos representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no conselho de administração da Copel. Requião afirmou que esses representantes votaram a favor da privatização, mesmo após um comunicado do banco negando essa posição. Ele ressaltou a estranheza dessa situação e argumentou que não faz sentido representantes de um banco votarem contra a orientação do próprio banco.
Requião também mencionou a suposta influência do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no processo de privatização da Copel. Segundo o ex-governador, Haddad teria alterado uma portaria do ministro da Economia, Paulo Guedes, antecipando as concessões das usinas, com o intuito de garantir o aumento do superávit primário do governo, mas prejudicando a população paranaense ao elevar o preço da energia elétrica.
Além disso, Requião criticou a falta de posicionamento de deputados federais do Paraná em relação ao assunto, argumentando que muitos estão mais interessados em indicar cargos no governo do que em defender os interesses do estado.
A privatização da Copel tem sido alvo de rechaço unânime pela população e divisões entre os políticos paranaenses, que evitam posicionamentos públicos para não contrariar os governos federal e estadual, de acordo com Requião. Para o ex-governador, a privatização pode comprometer o desenvolvimento do estado e prejudicar a população com aumentos abusivos na conta de energia elétrica.
Diante desse cenário, o PT do Paraná anunciou a apresentação de uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a privatização da Copel, na tentativa de barrar o processo. No entanto, Requião afirmou que essa medida seria inócua diante da efetiva participação do governo Lula na venda da estatal de energia paranaense por meio dos ministro Haddad e Alexandre da Silveira (Minas e Energia).
“Lula, assuma o governo. Nós precisamos de mais lulismo. Faça valer esse teu discurso. Agora, o discurso sem a prática, companheiro Lula, não vai a lugar algum. Isso tudo vai acabar trazendo de volta aquela direita enfurecida, fundamentalista”, alertou Requião.
Assista o vídeo de Requião:
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