Copom eleva Selic para 14,75%, maior nível desde 2006

O Banco Central decidiu nesta quarta-feira (7) elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 14,75% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), coloca os juros no maior nível desde 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também era presidente da República.

A alta da Selic escancara uma batalha silenciosa que divide o governo Lula. De um lado, os desenvolvimentistas, que defendem juros mais baixos para impulsionar o crescimento econômico. De outro, os fiscalistas, que priorizam o controle da inflação a qualquer custo. A decisão do Banco Central expôs essa contradição.

Para os desenvolvimentistas, a Selic a 14,75% é um tiro no pé. Eles argumentam que juros altos sufocam a economia, encarecem o crédito e travam o investimento produtivo. Para eles, o remédio é mais nocivo que a doença.

Já os fiscalistas, apoiados por Gabriel Galípolo, atual presidente do Banco Central e ex-número dois do ministro Fernando Haddad na Fazenda, sustentam que a prioridade é controlar a inflação, mesmo que isso custe crescimento. “É um remédio amargo, mas necessário”, justificam.

Enquanto o Copom se reunia em Brasília para decidir o destino da Selic, do lado de fora do Banco Central, as centrais sindicais protestavam. Trabalhadores marcharam contra os juros altos que, segundo eles, “só servem para enriquecer os bancos e empobrecer o povo”.

Com cartazes e faixas, sindicalistas criticaram o que chamam de “política monetária assassina”. A pressão dos movimentos sociais é uma resposta direta ao que enxergam como uma política elitista, desconectada da realidade do trabalhador brasileiro.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) liderou as críticas. Em nota oficial, a CUT classificou a alta dos juros como “uma ameaça à reconstrução do país”. Segundo a entidade, a política monetária do Banco Central privilegia especuladores e impõe sacrifícios aos trabalhadores. “Enquanto o governo Lula luta para reduzir a inflação e gerar empregos, o Banco Central insiste em sufocar o desenvolvimento”, criticou a CUT.

A nota da CUT ainda destacou que cada ponto percentual de alta na Selic adiciona bilhões ao custo da dívida pública, transferindo recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação e infraestrutura diretamente para os bancos e especuladores.

A decisão do Copom tem reflexos imediatos na vida dos brasileiros. Empréstimos, financiamentos e o crédito rotativo do cartão de crédito ficam mais caros. Por outro lado, investimentos em renda fixa, como o Tesouro Selic, tornam-se mais atrativos.

Os impactos, porém, não são apenas para os consumidores. Empresas também sofrem com o crédito mais caro, o que pode desacelerar investimentos e gerar um efeito cascata na economia.

O futuro da Selic dependerá do comportamento da inflação e da resposta da economia brasileira ao aperto monetário, dizem os fiscalistas, que estão no comando da política monetária. Se a inflação persistir, novas altas podem ocorrer. Caso contrário, o Banco Central pode optar por manter a taxa ou até mesmo iniciar uma nova fase de cortes.

De acordo com o Copom, a decisão de hoje marca um momento importante em um contexto onde o Brasil ainda enfrenta desafios internos e externos. Para os brasileiros, no entanto, o efeito imediato é sentido no bolso – seja na fatura do cartão de crédito, no financiamento da casa própria ou nos rendimentos da poupança.

Acompanhe o Blog do Esmael para seguir de perto a repercussão da política monetária e suas implicações na economia real do povo brasileiro.

Em nota, CUT repudia nova alta na taxa de juros

CUT repudia nova alta da taxa de juros: ‘ameaça direitos e a residência do país’

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) manifesta veemente repúdio a mais uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros (Selic), desta vez para 14,75%, em clara contradição com as necessidades urgentes de ganho econômico e social do país. Enquanto o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva avança na redução da inflação, no fortalecimento do real, na geração de empregos e na aprovação de reformas estruturais, o Banco Central insiste em uma política monetária asfixiante, privilegiando interesses financeiros em detrimento do desenvolvimento nacional e dos interesses do povo brasileiro.

Em um contexto de desaceleração inflacionária e de menor taxa de desemprego em oito anos, a decisão do Copom revela que a mudança do presidente do Banco Central para o comando de Gabriel Galípolo não mudou a visão predominante naquela instituição nos últimos anos. A medida não se justifica técnica ou economicamente, mas integra uma estratégia que se coloca na contramão do que tem priorizado o governo do presidente Lula e das demandas sindicais históricas: a retomada dos investimentos públicos, a valorização do salário mínimo e a redução das desigualdades. A manutenção dos juros nas alturas, agora agravada pelo novo aumento, drena recursos consumidos dos cofres públicos — que poderiam ser destinados à saúde, educação e infraestrutura — para remunerar a especulação com uma dívida pública que cresce, ajudando todas as vezes que a taxa Selic é elevada, beneficiando apenas os rentistas.

O aumento de 0,5% na taxa SELIC tem impactos significativos sobre a dívida pública brasileira, principalmente porque esse imposto é o principal ponto de referência para os títulos públicos indexados a ela. Estima-se que cada ponto percentual de aumento na Selic eleve o custo da dívida pública em aproximadamente R$ 50 bilhões por ano, segundo dados do próprio Banco Central. Considerando que a Selic subiu de 10,5% em setembro de 2024 para 14,75% em maio de 2025, um aumento de 4,25 pontos percentuais, o impacto adicional no custo anual da dívida pode ser estimado em cerca de R$ 212,5 bilhões. Um aumento na taxa eleva os juros pagos pelo governo para fazer rolar a dívida existente, o que pressionou o déficit primário, já que o governo precisa arrecadar mais ou cortar gastos para cobrir o maior custo da dívida.

A taxa Selic elevada torna-se um mecanismo de transferência de renda dos mais pobres para os mais pobres e inviabiliza o crédito acessível para famílias e pequenas empresas, estrangula o consumo interno e freia a geração de empregos formais. Enquanto trabalhadores e trabalhadoras enfrentam o custo elevado do crédito ao consumidor, o sistema financeiro acumula lucros registra. É urgente que o Senado Federal e a sociedade civil ampliem o debate sobre a composição do Conselho de Política Monetária, que não conta com representação dos trabalhadores e das trabalhadoras, de forma que os banqueiros aproveitem a autonomia do Banco Central para tomadas de decisões desconectadas do interesse nacional. A política monetária precisa estar alinhada ao combate às desigualdades, com juros menores, crédito direcionado a setores estratégicos e controle social sobre as metas inflacionárias. Reconstruir o Brasil exige enfrentar o poder dos banqueiros, que obtém lucros bilionários em detrimento dos interesses da maioria da população brasileira e do desenvolvimento sustentável do país.

A CUT e suas entidades filiadas seguem em campanha permanente pela redução da taxa de juros e pelo fim da autonomia do Banco Central. O momento é unir esforços contra esse golpe silencioso contra o país e lutar para garantir que uma economia sirva ao povo brasileiro e não à especulação. Seguiremos vigilantes e mobilizados em defesa dos direitos da classe trabalhadora e por um projeto de desenvolvimento que garanta emprego, renda, comida e dignidade para todos e todas. 

Se é importante para o povo brasileiro, é uma luta da CUT.

São Paulo, 07 de maio de 2025.

Direção Executiva Nacional da CUT

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