O ex-presidente Jair Bolsonaro já cumpre pena em regime fechado pela tentativa de golpe de Estado, enquanto sua presença política vem sendo substituída por um boneco de papelão nas mobilizações da direita. A direção do PL avalia usar representações do ex-mandatário em papel e imagens geradas por Inteligência Artificial na campanha de 2026, numa tentativa improvisada de manter viva a marca bolsonarista em meio ao caos instalado entre seus aliados.
A figura de papelão participa de vigílias e atos públicos em Brasília, sorrindo sem contestar e obedecendo mais que seus próprios correligionários. O problema é que o boneco não articula, não negocia e não aquieta as brigas que tomam conta do campo bolsonarista. A direita precisa desesperadamente de comando, e o substituto de papel nada resolve.
O vexame mais recente ocorreu no Ceará, quando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro constrangeu aliados ao repreender publicamente a aliança com o ex-governador Ciro Gomes, do PSDB. André Fernandes, deputado federal pelo PL, correu para assegurar que o próprio Bolsonaro, o de carne e osso, havia autorizado o acordo. Michelle não recuou, e o mal-estar se espalhou.
Em Santa Catarina, a turbulência é semelhante. A pré-candidatura ao Senado de Carlos Bolsonaro, vereador do Rio, atropelou compromissos e alianças do governador Jorginho Mello, também do PL. A família decidiu impor sua vontade a estados inteiros, e a reação foi imediata.
Eduardo Bolsonaro tenta exercer a liderança do movimento, mas sem resultado. Num dia, jura apoio exclusivo ao irmão senador Flávio. No outro, faz acenos vacilantes ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como quem tenta abrir portas e derrubar pontes ao mesmo tempo. Flávio, por sua vez, se esforça para coordenar aliados que já não o obedecem.
A direita chega à pré-campanha de 2026 sem eixo, fragmentada em disputas regionais e com Bolsonaro preso, impossibilitado de aparecer e incapaz de orientar sua tropa. A aposta no Bolsonaro de papelão, imóvel e silencioso, resume o que restou do bolsonarismo: uma marca tentando sobreviver sem líder, sem estratégia e sem futuro previsível.
A família tenta conservar o capital eleitoral do patriarca, mas pode estar acelerando o derretimento político de um projeto que já dá sinais de fadiga. E, como sempre, o Bolsonaro de papelão permanecerá calado sobre o assunto.
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Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.




