Anomalia no campo magnético da Terra aumenta e intriga cientistas

Uma grande anomalia no campo magnético da Terra está se expandindo e se tornando mais complexa, segundo dados recentes de satélites europeus que monitoram o planeta. A chamada Anomalia do Atlântico Sul, que se estende entre a América do Sul e a África, aumentou de tamanho em quase metade da área da Europa continental desde 2014, enquanto o campo magnético da região perde intensidade.

A pesquisa, publicada na revista Physics of the Earth and Planetary Interiors em 18 de setembro, indica que o núcleo externo da Terra, formado por um oceano de ferro fundido responsável por gerar o campo magnético, é muito mais dinâmico e instável do que se imaginava, com alterações perceptíveis em questão de anos.

Escudo protetor do planeta está enfraquecendo

O campo magnético da Terra funciona como um escudo invisível que protege a superfície da radiação cósmica e solar. Ele é formado pelo movimento do ferro líquido no núcleo externo do planeta, processo conhecido como dínamo terrestre. Essa barreira magnética também ajuda a manter a atmosfera e é essencial para o funcionamento de diversos sistemas de navegação.

Com o enfraquecimento da Anomalia do Atlântico Sul, os satélites que passam por essa região ficam mais expostos a partículas carregadas e a descargas elétricas que podem danificar seus sistemas. Aeronaves e astronautas também ficam sujeitos a níveis mais altos de radiação ao atravessar áreas onde o campo magnético é mais fraco.

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Segundo os pesquisadores, entender as transformações nesse campo é essencial para prever futuras variações e evitar impactos em equipamentos e comunicações que dependem dele.

Movimento sob o Atlântico

A anomalia é conhecida desde a década de 1960, mas só passou a ser observada de forma contínua após o lançamento da missão Swarm, da Agência Espacial Europeia (ESA), em 2013.

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Os três satélites do programa fornecem o registro mais longo e detalhado do campo magnético da Terra já obtido, revelando que a região anômala não é uniforme e se comporta de forma diferente entre a América do Sul e a África.

“O campo está se enfraquecendo de maneira mais intensa próximo ao continente africano. Há algo especial acontecendo nessa área que faz o campo perder força de modo acelerado”, explica o geofísico Chris Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca, em comunicado.

Os cientistas ainda não sabem ao certo o que causa a anomalia, mas observaram que parte do fluxo magnético sob a superfície da Terra se inverte nessa região. Em vez de emergir do núcleo, como ocorre normalmente no Hemisfério Sul, as linhas magnéticas mergulham novamente para dentro do planeta.

O comportamento pode estar relacionado a uma enorme mancha de material superaquecido nas profundezas da Terra, chamada de Grande Província Africana de Baixa Velocidade de Cisalhamento. A estrutura parece interferir na convecção do núcleo e, consequentemente, na forma como o campo magnético se manifesta na superfície.

Mudanças ao redor do globo

Além da expansão da Anomalia do Atlântico Sul, os satélites da missão Swarm detectaram outras variações no campo magnético global. Entre elas, um enfraquecimento sobre o Canadá e um leve fortalecimento na Sibéria, sugerindo que o comportamento do núcleo terrestre está em constante transformação.

“É impressionante poder acompanhar a dinâmica do nosso planeta com tamanha precisão”, afirma Anja Stromme, gerente da missão Swarm.

Segundo ela, os satélites continuam operando bem e devem permanecer ativos até pelo menos 2030, o que permitirá observar o campo magnético em um período de mínima atividade solar e entender melhor seus ciclos naturais.

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