Bolsonaro pressiona Motta e Alcolumbre a pautar anistia, diz Flávio

Blog do Esmael, direto de Brasília O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se diz porta-voz de um pedido “direto” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas o recado revela outra coisa, o desespero de um líder preso que tenta, da Superintendência da PF em Brasília, acionar os presidentes da Câmara e do Senado para pautar uma anistia ampla, geral e irrestrita.

Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, viram seus nomes subir no tabuleiro conforme o clã busca uma saída política para a crise. Recentemente, eles anunciaram rompimento com o Palácio do Planalto.

A declaração do filho zero um foi feita depois da visita autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que permitiu encontros restritos dos filhos Carlos e Flávio com o pai.

A reunião, ocorrida entre 9h e 11h, mostrou que o núcleo duro do bolsonarismo aceita a nova condição de Bolsonaro, preso preventivamente desde 22 de novembro após admitir ter queimado a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda. A perícia confirmou as marcas.

Flávio disse que o pai pediu que parlamentares “insistissem” com Motta e Alcolumbre. O movimento expõe a estratégia da oposição, que tenta explorar o atrito entre o governo Lula e parte da cúpula do Congresso para empurrar versões de anistia.

O PL da Dosimetria, hoje nas mãos do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), tornou-se apenas o pretexto. O verdadeiro objetivo segue inalterado, limpar a ficha de condenados e investigados por ataques golpistas, incluindo o próprio ex-presidente.

O entorno de Bolsonaro trata a anistia como tábua de salvação, mas o ambiente político é muito diferente do que o bolsonarismo conhecia durante seu auge.

A prisão preventiva, os vídeos da Polícia Federal e a confissão pública de dano ao equipamento de monitoramento enfraqueceram o discurso de perseguição. Além disso, Motta e Alcolumbre têm suas próprias agendas, e a pressão pública tende mais a constranger do que a convencer.

Nos bastidores, líderes do Congresso avaliam que colocar a anistia em pauta seria assumir para si o desgaste do bolsonarismo. Motta enfrenta turbulências com o governo Lula, mas não a ponto de comprar uma crise institucional de bandeja. Alcolumbre já opera em ambiente tenso por causa das indicações ao Supremo e também não demonstra apetite para bancar o pedido.

A agenda familiar segue intensa. Carlos Bolsonaro visitou o pai na mesma manhã e o irmão Jair Renan está autorizado a ir na quinta-feira, no mesmo horário. As visitas obedecem às regras rígidas determinadas por Moraes, com horários e procedimentos executados pela PF.

Enquanto isso, a base do PL insiste na retórica da anistia como se fosse inevitável. Não é. Depende de votos, ambiente, temperatura política e, sobretudo, disposição da cúpula do Congresso para assumir o custo. No momento, não há sinal consistente de que Motta ou Alcolumbre pretendam abraçar essa bomba.

O pedido “direto” é menos recado e mais confissão de fraqueza. O bolsonarismo tenta reverter pela política o que perdeu no Judiciário. O problema é que, fora da bolha, anistia vira sinônimo de impunidade. E ninguém no Congresso quer carregar essa fatura em ano pré-eleitoral.

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