Renan guarda a mágoa com Bolsonaro na geladeira para conservá-la até relatório final da CPI

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) não é do tipo que carrega mágoa consigo mesmo. Pelo contrário. Ele as guarda na geladeira para conservá-las bem. E é isso que ele está fazendo em relação aos reiterados ataques do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.

Xingado de vagabundo durante a semana, o movimento bolsonarista visa atingir o relator e desacreditar o trabalho dos senadores na CPI da Covid. A ideia é passar uma narrativa segunda qual o parlamento é composto de pilantras, que estão investigando pessoas “honestas” para ganhar holofotes e tirar proveito político.

Os depoimentos na comissão de inquérito estão levando à negligência do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia, que resultou em quase meio milhão de mortes no Brasil.

A oitiva do executivo da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, evidenciou que o governo recusou ao menos cinco ofertas de vacina. As declarações do ex-secretário da Comunicação do Palácio do Planalto, Fábio Wajngarten, também levam à negligência do mandatário.

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Somente no ano passado, a Pfizer ofertou 18 milhões de doses –o que poderia ter deixado o país em outro patamar. Especialistas calculam que, ao menos, cinco mil vidas teriam sido preservados com a compra do imunizante do laboratório.

Com sua batata assando, o presidente Jair Bolsonaro reiteradas vezes disse na live presidencial na noite desta quinta-feira (13/5) que não haveria necessidade de uma CPI. Ele voltou a atacar Renan Calheiros na transmissão.

Economia

O relator da CPI, no entanto, está estocando as mágoas dentro de um freezer.

Apesar da participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), o Carluxo, no assessoramento do pai, o presidente da República, nas negociações das vacinas, Renan Calheiros é contra convocá-lo. O senador acredita que esse movimento interessaria à família para desacreditar a CPI. “Talvez ao final da comissão de inquérito”, disse no último fim de semana numa entrevista.