Renan assume relatoria da CPI da Covid após ‘Operação Tabajara’ de Bolsonaro

Falhou a ‘Operação Tabajara’ do Palácio do Planalto, a mando do presidente Jair Bolsonaro, que visava impedir a indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator na CPI da Covid.

A despeito da oposição de Bolsonaro, o parlamentar alagoano foi indicado nesta terça-feira (27/4) como relator da comissão no Senado.

A comissão parlamentar de inquérito (CPI) que vai investigar as ações do governo e o uso de verbas federais na pandemia de covid-19, elegeu seu presidente, o senador Omar Aziz (MDB-AM), que, regimentalmente, indicou Renan Calheiros (MDB-AL) para a relatoria. O vice-presidente eleito é Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Omar Aziz recebeu oito votos, entre os 11 membros da comissão, e derrotou Eduardo Girão (Podemos-CE), que foi autor do requerimento que estendeu o foco de atuação da CPI da Pandemia para abranger a aplicação por estados e municípios dos recursos repassados pelo governo federal.

Em seu primeiro discurso, o presidente disse que “não haverá prejulgamentos” de sua parte.

“Essa CPI não pode servir para se vingar de absolutamente ninguém. Essa CPI tem que fazer justiça a milhares de órfãos que a covid está deixando”, afirmou Aziz.

Economia

O primeiro encontro do colegiado foi feito de forma semipresencial, com parte dos parlamentares participando via internet. A eleição, no entanto, foi secreta, restrita aos que compareceram ao Senado.

Agora que está oficialmente instalada e com o comando definido, a comissão tem autonomia para decidir se os seus próximos compromissos serão presenciais, virtuais ou mistos.

Confira a íntegra do discurso de Renan Calheiros

Após o fracasso da Operação Tabajara, que tentou impedi-lo, o senador Renan Calheiros discursou na CPI da Covid já na condição de relator. Confira a íntegra:

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TRF1 derrubou liminar da ‘Operação Tabajara’ de Bolsonaro

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) informou, durante a reunião de instalação da CPI da Pandemia na manhã dehoje, que o presidente em exercício do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Francisco Betti, cassou a liminar concedida ontem pelo juiz federal Charles Renaud Frazão de Moraes (da 2ª Vara Federal de Brasília) que impedia o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de assumir a relatoria da comissão parlamentar de inquérito.

Para Braga, a decisão do TRF põe fim à polêmica causada por uma “decisão ineficaz” do juiz. O senador amazonense acrescenta que a decisão do desembargador Betti reforça ainda mais a posição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de desconhecer a liminar concedida ontem, justamente por sua “ineficácia”.

No início da reunião, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) apresentou uma questão de ordem baseada na liminar de Renaud. Mas o presidente em exercício da CPI, senador Otto Alencar (PSD-BA), que preside a instalação da CPI por ser o senador mais velho, deixou claro que seguiria a decisão de Pacheco de desconhecer a liminar de ontem, por ser “incorreta”. Otto Alencar argumentou que o relator não é eleito, mas designado pelo presidente, e que a liminar de Renaud tratava de eventual eleição para a relatoria.

A liminar do juiz federal do DF, já derrubada, também foi criticada por outros senadores. Rogério Carvalho (PT-SE) disse que a liminar era “autoritária” e não deveria ser seguida pelo Senado “sob nenhuma hipótese”. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acrescentou que as CPIs, como o próprio nome indica, tratam de inquéritos, e não de processos ou apurações no âmbito judicial, o que torna ineficaz o conceito de “suspeição”.

Já Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) reforçou o argumento de que Renan seria “suspeito” por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho.