Jorge Bernardi*
A gravidade do cenário político nacional, a divulgação de quase 300 políticos que receberam dinheiro, nos últimos anos, da Odebrecht, e a lista antiga da mesma construtora, da década de 80, do século passado, com outros 500 políticos envolvidos em corrupção, tem dado pouco espaço na mídia para corrupção no Paraná.
Fatos recentes mereceram toda a atenção. a Operação Publicano que apura corrupção R$ 1 bilhão de reais na Receita Estadual, com as ameaças de morte sofridas pelo principal delator, o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza. Ele fez acordo e vai devolver ao tesouro do estado R$ 20 milhões de reais, que a Procuradoria do Estado tenta anular.
Também o repentino interesse da defesa do governador Beto Richa em defender acusados na Operação Publicano requerendo ao Superior Tribunal de Justiça, STJ, a dispensa de três testemunhas, que são réus naquele processo: o primo do governador Luiz Abi Antoun, e os auditores fiscais Márcio Albuquerque e Luiz Antônio de Souza. Para quem não tem nada a temer e quer todos os fatos investigados, como tem repetido o governador, o fato chamou a atenção.
Causou também estranheza o interesse da Procuradoria Geral do Estado (PGE), órgão de defesa do Estado do Paraná, ao pedir a anulação da delação premiada de Luiz Antônio de Souza, alegando que não foi ouvida. Em depoimento Luiz Antônio relatou o esquema de corrupção montado na Receita Estadual para abastecer a campanha de reeleição de Beto Richa afirmando que mais de R$ 4,3 milhões foram desviados.
A medida proposta na justiça estadual, foi algo sem precedentes, que chegou a estarrecer conceituados procuradores do estado. As justificativas do Procurador Geral foram consideradas, por muitos, risíveis, algo que não se justifica e não se sustenta. Como o Paraná estar tendo prejuízos com o acordo efetuado pelo Ministério Público, mesmo recebendo uma fortuna?
A pergunta, nos meios jurídicos paranaenses, é do que o governador Beto Richa está com medo? Que segredos ele esconde para querer anular a delação de Luiz Antonio de Souza? Por que a defesa do governador não quer que testemunhas sejam ouvidos no inquérito aberto pelo STJ?
Felizmente tanto a justiça paranaense quanto a nacional não aceitaram os argumentos da defesa do governador e a delação continua valendo e as testemunhas serão ouvidas. O povo do Paraná espera apenas que a justiça seja feita.
*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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