Coluna do Marcelo Belinati: A velha prática política de aumentar a tarifa do ônibus na virada do ano

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Marcelo Belinati*

Prática reincidente das velhas raposas políticas do rabo felpudo se repetem agora na virada do ano.

Governantes que tentam vestir um véu de modernidade, mas adotam as mesmas práticas políticas antigas e desgastadas que perduraram por anos a fio em nosso país.

Brasil afora vemos governos estaduais e municipais aumentando impostos, taxas e tarifas públicas.

Economia

Contam os governantes, adeptos da velha política, que as pessoas em sua maioria estão confraternizando com seus familiares, em viajem, de férias etc e deixem passar batido os aumentos abusivos. Contam que as pessoas se esquecerão…

Enganam-se redondamente, o mundo mudou, o Brasil também, as pessoas têm muito mais facilidade de acesso à informação e estão acompanhando com muito maior interesse decisões políticas que impactam diretamente na vida de todos os cidadãos e cidadãs.

Especificamente quanto aos aumentos da tarifa de transporte coletivo, afora a questão política já abordada, tenho comigo que ocorrem na mais absoluta contramão da história e da modernidade.

Em Londrina, a passagem de ônibus subiu para R$ 3,60. Isso incentiva o uso do carro em detrimento do  transporte coletivo. Aumenta os congestionamentos e acidentes de trânsito, prejudica o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas, tem realizado inúmeras pesquisas que apontam que o aumento de temperatura na Terra está sendo causado pela ação direta do homem.

A queima de combustíveis fósseis está entre as principais atividades humanas que causam o aquecimento global e, consequentemente, as mudanças climáticas que têm impactado diretamente a vida do homem.

Retirar os veículos particulares de circulação e incentivar o uso de transporte coletivo para reduzir os níveis de emissões de poluentes na atmosfera, melhorar a qualidade do ar, reduzir o trânsito e os acidentes e facilitar a vida de pedestres e ciclistas, é medida necessária e urgente.

A exemplo de Madri, Atenas e Paris, importantes cidades do mundo estão caminhando nessa direção.

Infelizmente no Brasil, com a complacência e incentivos dos governantes, vivemos a cultura do carro.

Londrina é um exemplo. O prefeito da cidade anunciou um aumento da tarifa do transporte coletivo de R$ 3,25 para R$ 3,60.

No acumulado do início de 2015, o aumento foi de 22%, mais do que o dobro da inflação no período que deve chegar na casa de 10,7%.

Se analisarmos com mais profundidade, tomando por base o período da atual administração (2013-2015), a diferença seria mais gritante ainda: inflação de 21,84%, aumento da tarifa de 63,63%, quase 3 vezes mais que a inflação.

Por mais absurdo que pareça, é mais barato, utilizar o carro em Londrina do que o transporte coletivo.

Encontrei uma amiga injuriada com o aumento da passagem do ônibus. Segundo ela, que é profissional liberal, para se deslocar da sua casa para o trabalho e voltar com o seu carro, uma distância de 16 km, gasta dois litros de álcool. Com o preço do litro de álcool em Londrina a R$ 2,60, a minha amiga gasta em combustível o equivalente a R$ 5,20 por dia.

Se optasse pelo transporte coletivo, o que ajudaria e muito o meio ambiente e também o trânsito da cidade, gastaria R$ 7,20, ou seja, R$ 2,00 a mais todos os dias, R$ 48 no mês, sem contar o conforto e a comodidade que o carro oferece.

O aquecimento global, o crescimento acelerado dos centros urbanos, o aumento da frota de veículos são fatores que impõem aos gestores modernos uma nova forma de discutir mobilidade urbana.

Não é mais aceitável que decisões que impactam a vida dos cidadãos sejam tomadas com base na velha pratica de se trancar em um gabinete, fazendo contas em cima de uma planilha, como se tudo se resumisse a números.

No meu entendimento, contribuir para garantir o futuro do nosso planeta e a qualidade de vida nas nossas cidades tem que ser prioridade em qualquer ação de política pública.

Velhas práticas políticas em detrimento da modernidade e qualidade de vida dos cidadãos… Isso tem que acabar!!!

As pessoas só querem ser respeitadas…

*Marcelo Belinati, médico e advogado londrinense, é deputado federal pelo PP do Paraná. Escreve nas sextas-feiras sobre “Política Sem Corrupção”.

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