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Presidente ignora chantagem comandada pelo líder Eduardo Cunha, na Câmara; ela define seis novos nomes do seu agrado pessoal para ministérios; técnicos como Clélio Campolina Diniz, reitor da UFMG que vai para Ciência e Tecnologia, são reconhecidos em seus ambientes de atuação, além de filiados ao PMDB, caso também de Neri Geller, da Agricultura; reforma fortalece o vice-presidente Michel Temer, que se manteve firme diante da crise; Dilma Rousseff reafirma autonomia e resgata viés anti-fisiológico de sua gestão; avalia-se no Palácio do Planalto que pauta de votações no Congresso é de importância apenas relativa para o governo; presidente prefere ser fiel a princípios do que ceder a circunstâncias; Dilma pode prescindir do PMDB que não é seu?
Nomeou para a Agricultura um peemedebista indicado por um dos reis do agronegócio do Brasil, o senador Blairo Maggi, Neri Geller. Hoje, surpreendeu e confirmou seis trocas, o que incluiu a entrada no governo do reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Clélio Campolina Diniz. Ambos são considerados pessoas de notório saber em seus respectivos ambientes profissionais.
Qual é o problema desse tipo de escolha?, é como se ela perguntasse ao PMDB. Vendo-se como ofendida pelas manobras radicais de Cunha, que inicialmente surpreenderam a cúpula do partido, mas que, no decurso, pareceram agradar pela oportunidade de fazer pressão, Dilma fez sua escolha. E ela preferiu marcar sua posição com nomes técnicos do que ceder e, ainda assim, não conseguir aplacar o apetite insaciável da ampla ala fisiológica do partido.
O recado da presidente é claro. Neste ano eleitoral, ela está se importando menos com a sustentação que pode obter no Congresso !“ especialmente na Câmara !“ e sim muito mais com a maneira como pretende se apresentar ao eleitorado. Dilma quer passar longe dos carimbos que podem marcá-la como conivente com pressões que considera ilegítimas e sem justificativa.
Mesmo irritando-se diante da convocação de noves ministros e a presidente da Petrobras, Graça Foster, para depoimentos na Câmara, a presidente avalia com seus núcleo de conselheiros que a pauta do Congresso não terá, no restante do ano, votações cruciais para o governo. A presidente pagou para ver se as ameaças do PMDB de até mesmo romper a aliança eleitoral planejada para este ano são verdadeiras. O partido, por seu lado, sempre se mostrou perfeito em praticar vinganças políticas.
O que vai se descobrir é quem pode mais para chorar menos.
Leia matéria da Agência Brasil:
Dilma anuncia nova etapa da reforma com substituição de seis ministros
A presidenta Dilma Rousseff anunciou, nesta tarde, a substituição de seis ministros. As mudanças ocorrem nos ministérios do Desenvolvimento Agrário, das Cidades, da Pesca e Aquicultura, da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Turismo.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, atualmente ocupado por Pepe Vargas, será assumido pelo ex-presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, que já ocupou a pasta no governo Lula. Petista desde a fundação do partido, Rossetto é formado em ciências sociais, participou da política sindical, foi deputado federal e vice-governador do Rio Grande do Sul.
Na pasta das Cidades, o vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, substituirá o atual ministro Aguinaldo Ribeiro. Occhi é funcionário de carreira da Caixa, onde ocupa também Superintendência Nacional da Região Nordeste. Formado em Direito, o futuro ministro tem especialização em finanças e mercado financeiro e é integrante do Conselho Deliberativo Alagoas Sebrae.
Clelio Campolina Diniz, reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), será o novo titular da Ciência, Tecnologia e Inovação no lugar de Marco Antonio Raupp. Com perfil acadêmico, Diniz é doutor em ciência econômica e professor aposentado da UFMG. Formado em engenharia mecânica e em engenharia de operação, Diniz presidiu o Parque Tecnológico de Belo Horizonte e integrou o Conselho Técnico-Científico da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) ocupará o Ministério da Pesca e Aquicultura, atualmente conduzido pelo senador Marcelo Crivella, também do PRB fluminense. Suplente de Crivella, Eduardo Lopes já foi deputado federal e é o atual líder o PRB no Senado. Ele é jornalista, trabalhou na Rede Record de Televisão e foi diretor-presidente do Jornal Folha Universal e da Editora Gráfica Universal.
Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura desde janeiro do ano passado, será o substituto de Antônio Andrade na pasta. Filiado recentemente ao PMDB, Geller foi deputado federal entre 2007 e 2011 pelo PP. Gaúcho da cidade de Selbach, o novo ministro estabeleceu-se. em 1984, como agricultor na região de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, e é um dos maiores produtores de grãos do país.
Para o lugar de Gastão Vieira no Ministério do Turismo, a presidenta anunciou o gerente de assessoria internacional do Serviço Brasileiro à s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Vinicius Nobre Lages. Ele está no Sebrae desde 2007, já foi membro do Conselho Nacional de Turismo e representante do órgão na Organização Mundial do Turismo. Lages é doutor em economia do desenvolvimento e coordenou o Programa Sebrae 2014, dedicado ao apoio e preparação de empresas para a Copa do Mundo deste ano. Mais cedo, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), tinha levantado a possibilidade de o atual presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Angelo Oswaldo, ir para o Turismo. Angelo Oswaldo é filiado ao PMDB mineiro.
Os novos ministros tomarão posse na próxima segunda-feira (17), à s 10h. De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), a presidenta Dilma Rousseff agradeceu a dedicação e o empenho dos seis ministros que estão saindo e disse que eles continuarão contando com seu apoio e confiança.
Esta é a segunda etapa da reforma ministerial, iniciada por Dilma há pouco mais de um mês. Gleisi Hoffmann, Alexandre Padilha e Helena Chagas saíram, respectivamente, da Casa Civil, da Saúde e da Secretaria de Comunicação Social (Secom). Aloizio Mercadante assumiu o lugar de Gleisi e foi substituído na Educação por José Henrique Paim. Já a pasta da Saúde foi ocupada por Arthur Chioro, e Thomas Traumann assumiu a Secom.
Os membros do primeiro escalão começaram a deixar seus cargos para se candidatar à s eleições de outubro deste ano. No dia 5 de outubro, será realizado o primeiro turno das eleições para presidente da República e governadores dos estados, e serão eleitos senadores e deputados. Quem deseja participar do próximo pleito deve deixar seu posto até 5 de abril, segundo as regras do calendário eleitoral.