Um a um, todos os ex-governadores do Paraná — Jaime Lerner, Mário Pereira, Roberto Requião, Orlando Pessuti — recuperaram suas aposentadorias canceladas pelo governador Beto Richa (PSDB) em 2011.
O tucano assessorado pelo então procurador-geral do Estado, Ivan Bonilha, parecia ter certeza que estava fazendo a coisa certa — tanto no campo jurídico quanto no campo político. Com esmero, Bonilha só preservou a aposentadoria da mãe do ex-chefe, dona Arlete, viúva do ex-governador José Richa, e do ex-coordenador financeiro da campanha do PSDB em 2010, ex-governador João Elísio Ferraz de Campos.
Ao jogar essa questão para torcida, Richa ganhou uns pontinhos no Ibope — o que eu chamaria de gordurinha — mas se isolou politicamente. Sabia-se desde então que essa matéria era controversa até mesmo no Supremo Tribunal Federal (STF) e que esses benefícios eram passíveis de serem recuperados até o julgamento final do mérito.
Em 1!º de abril de 2011, por exemplo, eu alertava que “a história está recheada de exemplos de ex-presidentes e ex-governadores como exímios conspiradores políticos”. Dito e feito.
O governador Beto Richa perdeu aquela “gordurinha” adquirida com o rompante udenista; se arrasta para terminar o mandato; tem uma base de sustentação volátil na Assembleia, sujeita abandoná-lo a qualquer momento.
Os ex-governadores Mário Pereira (1994), Jaime Lerner (1995-2002), Roberto Requião (1991-1994 e 2003-2010) e Orlando Pessuti (2010) não perdoam o tucano pela perseguição.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.