A pesquisa Pulse Atlas–Bloomberg, que veio à tona na reta final deste outubro, confirma que Lula (PT) ampliou o apoio popular com a política de isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil e com a defesa da taxação dos super-ricos. Segundo o levantamento, 62,9% dos brasileiros são a favor de cobrar mais impostos dos mais ricos para financiar programas sociais e ambientais.
O estudo, com 14.063 entrevistas e margem de erro de ±1 ponto percentual, aponta ainda que 84% consideram a isenção do IR “boa para o país”. Para 65,9%, a medida aumenta o poder de compra das famílias; outros 60,6% acreditam que ela reduz a desigualdade social.
A percepção positiva se reflete na popularidade do governo. Mais da metade (53,5%) dos entrevistados disseram ter uma imagem mais positiva de Lula após os anúncios de isenção do IR, descontos na conta de luz e distribuição de gás de cozinha para famílias de baixa renda.
Entre os eleitores, 40,3% afirmam que teriam “muito mais vontade” de votar em Lula se a isenção for aprovada no Congresso. Apenas 10,6% dizem que a medida reduziria sua disposição de voto.
A pesquisa também revela um consenso inédito sobre quem deve pagar mais: 58,5% concordam totalmente que o governo compense a isenção cobrando mais de quem ganha acima de R$ 50 mil por mês.
Outro dado simbólico: 55,5% consideram que quem recebe R$ 50 mil mensais é “rico”, e 15,1% o classificam como “super-rico”. Ou seja, sete em cada dez brasileiros reconhecem rendas desse patamar como alta elite, o que legitima a agenda de justiça fiscal.
Nos cruzamentos regionais, o apoio à taxação dos ricos chega a 68,3% no Nordeste, e entre as mulheres, 65,6%. Entre eleitores de Lula, o número salta para 97,6%, enquanto 80% dos eleitores de Bolsonaro (PL) se declaram contrários.
A série temporal mostra que o apoio à taxação subiu de 57,1% para 62,9% entre novembro de 2024 e outubro de 2025, enquanto a rejeição caiu de 35,1% para 32,8%.
O dado mais relevante é político: com essas medidas, Lula atinge maioria transversal entre classes médias e populares, especialmente entre quem não votou em 2022, 67,6% desse grupo aprova a taxação e a isenção. Esse recorte é decisivo para um possível cenário de vitória no primeiro turno em 2026.
A percepção de que o governo “entrega o que prometeu” contrasta com a desconfiança sobre o antecessor: 61,9% dizem que Jair Bolsonaro (PL) “não teria adotado” a isenção do IR se houvesse vencido em 2022.
No contexto econômico, a medida ganha força diante do descompasso entre o salário mínimo atual (R$ 1.518) e o referencial calculado pelo Dieese (R$ 7.229,32). A isenção até R$ 5 mil beneficia diretamente o trabalhador assalariado e pequenos empreendedores, ampliando o consumo e a arrecadação indireta.
Em resumo, a pesquisa Atlas–Bloomberg revela que o debate fiscal deixou de ser tabu: a maioria quer menos impostos sobre o trabalhador e mais sobre o topo da pirâmide. É a tradução numérica de um país que começa a reequilibrar o pacto social.

Jornalista e Advogado. Especialista em política nacional e bastidores do poder. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.






